Marinha do Brasil mobiliza navios, tropas e aeronaves para o 2º exercício de proteção de cabos submarinos, em Fortaleza (CE)

Cabos submersos concentram quase toda a transmissão de dados do País; Força reforça vigilância com meios navais

Agência Marinha de Notícias
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Na sexta-feira (07NOV2025), a Praia do Futuro, em Fortaleza (CE), começou a receber os meios navais da Marinha do Brasil (MB) que participarão do 2º Exercício de Proteção de Cabos Submarinos, previsto para a próxima semana. O treinamento tem como objetivo proteger infraestruturas críticas associadas à soberania digital, à segurança cibernética e à integridade das comunicações nacionais.

A operação conta com a participação de diversos órgãos públicos, como:

–  Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI);
–  Agência Brasileira de Inteligência (ABIN);
–  Polícia Federal, a Companhia Docas do Ceará (CDC);
– Polícia Civil do Estado do Ceará, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS);
– Polícia Militar do Estado do Ceará (PM/CE)
– Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC);
– Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras);
–  Ministérios da Defesa e das Comunicações e a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).

Também integram o exercício empresas privadas do setor de telecomunicações e tecnologia, como Telxius, Azion, Claro, Sparkle, V.Tal-Globenet, Seaborn, Angola Cables, Blue Marine, Emgepron, Backbone, BRS Robótica, Tidewise e Tecto.

Da ideia à ação

A iniciativa teve origem no Workshop sobre Proteção de Cabos Submarinos, realizado em 2024, que reuniu autoridades governamentais, especialistas em segurança cibernética e representantes do setor de telecomunicações. O evento evidenciou a necessidade urgente de empregar capacidades operacionais específicas para a proteção dessas infraestruturas, responsáveis por quase a totalidade das transmissões de dados no Brasil.

Reuniões com órgãos de segurança pública do Estado do Ceará – Imagem: Marinha do Brasil

Como resultado direto dos debates, foi realizado, em maio daquele ano, o 1º Exercício de Proteção de Cabos Submarinos, que testou, pela primeira vez no Brasil, procedimentos integrados de vigilância, resposta a incidentes e coordenação interagências para a proteção desses sistemas.

Mobilização de meios navais

Para o 2º Exercício de Proteção de Cabos Submarinos, a MB mobilizou 385 militares e 23 meios, incluindo o Navio de Socorro Submarino “Guillobel” (K120), o Submarino “Humaitá” (S41) e o helicóptero SH-16 “Seahawk”, além do Avião de Patrulha P-95 “Bandeirulha”, da Força Aérea Brasileira (FAB). Também participarão do exercício, como parte desse esforço, 44 técnicos de diferentes empresas de cabos submarinos.

Submarino Humaitá (S-41)

O Submarino “Humaitá” (S-41), um dos mais modernos meios da MB, realizará na próxima semana, uma operação de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (IVR) na área marítima de Fortaleza, o maior hub de cabos submarinos da América Latina. As ações ocorrerão a 50 milhas náuticas (cerca de 90 quilômetros) do Porto de Mucuripe (CE).

Navegando a 300 metros de profundidade, o Submarino “Humaitá” veio da foz do Rio Amazonas, onde participou da Operação “Atlas 2025”, e chegou ao Ceará em 6 de novembro.

Submarino Humaitá (S-41) nas proximidades do Porto de Mucuripe (CE) – Imagem: Marinha do Brasil

Navio de Socorro Submarino Guillobel

O NSS “Guillobel” (K-120) é um navio especializado em operações de mergulho e salvamento de submarinos, baseado no Rio de Janeiro, a 1.800 milhas náuticas (3.334 quilômetros) de Fortaleza. O navio tem participado das ações de proteção de cabos submarinos, demonstrando capacidade para localizar e inspecionar esses cabos. Durante o exercício em Fortaleza, o “Guillobel” realizará testes de operação com um veículo submarino remotamente pilotado, de fabricação nacional, produzido pela empresa BRS Robótica.

Navio de Socorro Submarino “Guillobel” – Imagem: Marinha do Brasil

Fuzileiros Navais: Comando da Divisão Litorânea (ComDivLit) e 3º Batalhão de Operações Litorâneas

Criada em 2025, durante o processo de reestruturação do Corpo de Fuzileiros Navais, a Divisão Litorânea tem como objetivo aprimorar a capacidade operacional dos Fuzileiros Navais em áreas litorâneas, expandindo suas tarefas e capacidades para garantir a segurança e a defesa da costa brasileira.

Os Fuzileiros Navais da Divisão Litorânea integrados aos do 3º Batalhão de Operações Litorâneas de Natal serão responsáveis pela segurança física de áreas e instalações em terra que fazem parte do sistema de cabos submarinos, contribuindo com as empresas de telecomunicações na proteção dos data centers e estações terrestres.

Aeronave Seahawk (SH-16)

O SH-16 Seahawk é um helicóptero multipropósito da MB, cuja missão principal é a guerra antissubmarino e antissuperfície. Também é empregado em atividades como busca e salvamento, evacuação aeromédica e transporte logístico. Durante o exercício, a aeronave realizará ações de IVR, diurnas e noturnas, com o objetivo de identificar e registrar atividades de mergulho e a operação de veículos submarinos empregados nas ações de proteção.

Aeronave “Seahawk” (SH-16) – Imagem: Marinha do Brasil

Operações Especiais: Comandos Anfíbios e Mergulhadores de Combate

A MB dispõe do Comando Naval de Operações Especiais, do Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais e do Grupamento de Mergulhadores de Combate, do Centro de Guerra Acústica e Eletrônica e do Esquadrão de Guerra Cibernética para a realização de operações não convencionais, nos diferentes domínios em que se desenvolvem os conflitos modernos, contribuindo para o emprego do Poder Naval.

Durante o Exercício “Tridente”, os Mergulhadores de Combate e os Comandos Anfíbios realizarão treinamentos de abordagem a navios suspeitos e retomada de instalações, com foco na proteção de infraestruturas críticas dos cabos submarinos, tanto no mar quanto em terra.

No domínio cibernético, o Esquadrão de Guerra Cibernética aproveitará o exercício para estreitar laços com as empresas de telecomunicações, compreender o funcionamento de seus sistemas de tecnologia da informação e operacional, além de apresentar suas capacidades para contribuir com a defesa cibernética dos sistemas. Esse conhecimento mútuo visa aprimorar os protocolos de acionamento da Força e viabilizar a realização de exercícios futuros no domínio cibernético.

O Centro de Guerra Acústica e Eletrônica da Marinha viabilizará ações de inteligência por meio das análises de emissões eletromagnéticas e acústicas, bem como pela análise de imagens satelitais e aerofotogramétricas, fornecidas pela FAB, que integrará o exercício com aeronaves de patrulha e com seus meios satelitais de reconhecimento.

Na condição de coordenador do exercício, o Comando Naval de Operações Especiais tem atuado em articulação com o Comando do 3º Distrito Naval e com o Comando de Operações Marítimas e de Proteção da Amazônia Azul, contribuindo para a integração e o emprego coordenado dos meios envolvidos.

“A concentração estratégica desses meios na área marítima do Ceará, demonstra a capacidade da Marinha do Brasil para operar em qualquer área da Amazônia Azul, garantindo a segurança dos interesses brasileiros no mar e em terra”, afirmou o Comandante Naval de Operações Especiais, Contra-Almirante (Fuzileiro Naval) Stewart.

Comandos Anfíbios do Corpo de Fuzileiros Navais – Imagem: Marinha do Brasil

Mergulhadores de Combate – Imagem: Marinha do Brasil

Propósito e importância

O 2º exercício de proteção de cabos submarinos tem como objetivo simular cenários de ameaça e resposta a incidentes, envolvendo cabos submarinos, estruturas essenciais para a economia global e para a segurança nacional. Durante o exercício, serão testados protocolos de vigilância marítima, procedimentos de comunicação entre agências, capacidade de detecção de atividades suspeitas e tempo de resposta a emergências, em região estratégica da costa brasileira.

Cabos submarinos são responsáveis por quase a totalidade das transmissões de dados no Brasil ‒ Imagem: Helene Santos/Diário do Nordeste

Os cabos submarinos são responsáveis pela transmissão de dados financeiros, governamentais, científicos e de comunicação entre continentes. Qualquer interrupção nesses sistemas pode gerar impactos econômicos significativos e comprometer a soberania digital do País. Por isso, a proteção dessas estruturas é considerada prioridade estratégica para a segurança nacional.

Soberania marítima e segurança cibernética

Por meio da atuação permanente na Amazônia Azul, a MB contribui para a vigilância e o monitoramento das rotas onde estão instalados os cabos submarinos, reforçando a presença do Estado brasileiro no mar. A integração entre vigilância naval e segurança cibernética representa um novo paradigma na defesa nacional, onde a proteção do território marítimo se conecta diretamente à integridade da comunicação digital.

“O exercício em Fortaleza (CE) reafirma o compromisso da Marinha do Brasil em fortalecer suas capacidades operacionais para proteger infraestruturas essenciais, assegurando a continuidade e a segurança das comunicações vitais para o País e o mundo. A participação de múltiplas agências e empresas privadas demonstra que a proteção de infraestruturas críticas exige abordagem integrada e colaborativa”, conclui o


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