Expedito – ENGESA EE-11 URUTU “ANABOLIZADO” NO IRAQUE – Uma nova variante?

 

ENGESA EE-11 URUTU “ANABOLIZADO”

NO IRAQUE – NOVEMBRO DE 2018

Uma nova variante?

 

Na atualidade, o EE-11 Urutu, segue desempenhando um importante papel como veículo de transporte de tropas no Exército Brasileiro, inclusive sendo usado em missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em diversas cidades brasileiras, onde o chamado “crime organizado” tem produzido sérios problemas para a população local e mostrando a incapacidade da área de segurança pública dos estados e agora apresentado no Iraque como uma nova versão, alongada, que podemos chamar de “anabolizada”.

Concebido como veículo de transporte rápido sobre rodas, com capacidade anfíbia, leve proteção blindada, tornou-se um dos veículos mais famosos já produzidos pela indústria nacional, devido principalmente à sua simplicidade e fácil manutenção, tanto que ainda está operacional em diversos países, participando de combates reais, além do próprio Brasil.

Com 888 unidades produzidas entre 1973 e 1993, contou com diversas versões: antiaérea (com um canhão de 25 mm ou dois de 20 mm), porta-morteiro de 81 mm, suporte de fogo (com torre e canhão de 90 mm), carro comando, transporte de tropas para 13 soldados e o motorista, ambulância, viatura de socorro e veículo policial antimotim (equipado com lâmina frontal tipo bulldozer e torreta com metralhadora 7,62mm).

Além do Exército e Marinha do Brasil que receberam respectivamente 217 e 6 (Corpo de Fuzileiros Navais), foi exportado para o Iraque (148), Dubai (132), Jordânia (82), Colômbia (56), Líbia (40), Venezuela (38), Chile (37), Equador (32), Angola (24), Tunísia (18), Suriname (16), Bolívia (12), Paraguai (12), Gabão (11) e Zimbabwe (7), lembrando que o usuário mais recente é o Senegal, que os adquiriu de Israel, o qual havia comprado um lote de 31 oriundos do Exército Chileno que foram modernizados pela empresa israelense Saymar Ltd em 2002.

O novo EE-11 Urutu “anabolizado” em demonstração. Parece possuir boa mobilidade. (Crédito da foto: teamsmediawar)

Neste mês de novembro de 2018 somos surpreendidos com uma versão alongada (“anabolizada”) desenvolvida e produzida para atender às necessidades das Unidades de Mobilização Popular (PMU) ou Forças de Mobilização Popular (PMF) ou ainda Comitê de Mobilização Popular (PMC), através de sua unidade de Engenharia, mantidos pelo Estado Iraquiano.

O que foi possível apurar é que existem uma grande quantidade de veículos militares dos mais variados tipos, versões e origens estocadas como se fosse um grande ferro velho, servindo como um depósito de suprimentos, onde é possível encontrar muitos blindados de fabricação brasileira dos modelos Engesa EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, e destes foi aproveitado uma carcaça do EE-11 Urutu M3.

Pelas fotos publicadas em contas do Twitter, Facebook e outras mídias Iraquianas, que não nos trazem informações técnicas sobre como e por que se chegou a esta nova versão, é possível ver que aquela carcaça sofreu diversas modificações, tendo sido a mesma alongada como forma de poder ser adaptada ao chassi de um caminhão do tipo Ural 4320 6×6 russo ou um equivalente Ucraniano KrAZ, o mesmo ocorrendo na parte frontal do veículo, onde o mesmo possui uma grade de ventilação, novas portas para acesso do motor, novos faróis e alguns complementos na blindagem original do Urutu, tanto na parte frontal e traseira mantendo uma grande parte de sua originalidade, inclusive a torre para metralhadora de 7,62 mm ou 12,7 mm, e um lançador de 107 mm foi acoplada a mesma, bem como um sistema de câmera.

Caminhão Ural 4320-31 do Exército Brasileiro no 13º RCMec., em Pirassununga, SP, similar ao usado para a nova versão do Urutu no Iraque.  (Crédito da foto: ecsbdefesa)

Também foi possível notar que seu interior foi totalmente forrado com placas tipo aramida, revestidos com material tipo kevlar, bem flexível, que protege a tripulação contra impactos internos e estilhaçamento.

Sua tripulação é composta de motorista, chefe do carro, atirador, podendo ainda transportar 14 soldados totalmente equipados, com velocidade máxima de 100 km/h, com toda a mobilidade e capacidade fora de estrada típicos das que possui o caminhão que serviu de base.

Apenas um foi construído e acredito que se trata de um protótipo que será avaliado e caso venha atender às necessidades da força, outras carcaças poderão ser aproveitadas e dar início a uma produção local.

           

Para um veículo concebido e produzido há mais de 40 anos, o EE-11 Urutu ainda é extremamente eficaz e operacional na atualidade, cuja produção foi encerrada em 1993. O projeto inicialmente visava atender a uma demanda da Marinha do Brasil (Corpo de Fuzileiros Navais), onde não teve o sucesso esperado, tendo o mesmo sido totalmente absorvido pelo Exército Brasileiro, atendendo-o plenamente, onde sua maior experiência se deu nas Missões de Paz da ONU, nos anos de 1993 a 2017, empregado não só pelo Brasil, mas também por diversos outros países que o adquiriram e continuam empregando em diversas partes do mundo, em áreas urbanas ou não.

           

O seu emprego por parte de outros países, merecia pelo menos, dos principais núcleos de estudos estratégicos das Forças Armadas e do Ministério da Defesa, um acompanhamento presencial como forma de entender, apreciar e estudar sua utilização e adaptações dos mais variados tipos e necessidades, objetivando revelar que uma plataforma bem elaborada, mesmo que considerada por alguns como obsoleta, pode ainda nos mostrar seu valor, utilidade e operacionalidade, muito mais próximo de nossa realidade que está se tornando demasiadamente preocupante na atualidade.

 

  FOTOS

 

 

Engesa EE-11 M3 do Exército Iraquiano, capturados e estocados no Iraque após as Guerras do Golfo (1991 e 2003), que na atualidade estão sendo aproveitados. (Crédito da foto: U.S.Army)

 

 

Na elipse vermelha, notar as longarinas do chassi do Ural 4320 russo ou seu similar KrAz Ucraniano, logo atrás das duas rodas. (Crédito da foto: teamsmediawar)

 

No detalhe da porta é possível ver que seu interior foi totalmente forrado com placas tipo aramida, revestidos com material tipo kevlar, bem flexível, que protege a tripulação contra impactos internos e estilhaçamento. (Crédito da foto: al-hashed.net/2018)

 

Comparação das dimensões do EE-11 Urutu original com o caminhão Ural ou KrAZ cujo chassi serviu de base para a nova versão alongada do Urutu “anabolizado”. (Crédito da foto: ecsbdefesa)

 

 

 

 

  Nota DefesaNet

O autor publicou em 2017 importante livro sobre EE-9 Cascavel e os seus 40 anos de combate.

ENGESA EE-9 CASCAVEL – 40 ANOS DE COMBATES – 1977 – 2017 é a décima publicação com o selo do UFJF/Defesa, ECSB/Defesa e CPS/UFJF. Em 2011, foi lançado o seu primeiro título, BLINDADOS NO HAITI – MINUSTAH – UMA EXPERIÊNCIA REAL.

A  publicação, em formato 16x22cm, conta com capa colorida e mais de 150 fotos e desenhos, a maioria a cores. Seu preço  é de R$69,00, mais despesas de correio, para os livros adquiridos diretamente pelo portal ECSB/Defesa.

Para efetuar a sua compra, basta enviar um e-mail para:   defesa@ecsbdefesa.com.br ou defesa@ufjf.edu.br

 

 

 

 

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