Brasília (DF) – A Operação Atlas foi um exercício coordenado pelo Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, que buscou identificar oportunidades de melhoria e os desafios relacionados ao planejamento, à coordenação e à execução do deslocamento estratégico das capacidades de defesa brasileiras para um Teatro de Operações (TO) na Amazônia. Além disso, promoveu o treinamento conjunto e sinérgico das Forças Armadas no ambiente operacional amazônico, aperfeiçoando a interoperabilidade e os sistemas militares de comando e controle, com a mobilização de cerca de 4 mil militares de 105 organizações militares dos oito Comandos Militares de Área.
O exercício, realizado em 2025, foi dividido em três fases. A primeira ocorreu em Brasília, na Escola Superior de Defesa (ESD), com o planejamento do emprego conjunto das Forças, a simulação de cenários e a integração das ações. A segunda fase teve início com o deslocamento estratégico para a região amazônica. Já a terceira fase foi realizada em Boa Vista (RR), tendo o apronto operacional marcado o seu início, com foco no adestramento e na capacidade de projetar e sustentar a Força em qualquer parte do território nacional.
O início da operação foi caracterizado pelo deslocamento estratégico das tropas e viaturas especializadas, contribuindo para a integração de diferentes regiões do país e projetando o poder militar em longas distâncias. Além disso, ocorreu a fase de deslocamento fluvial, com aproximadamente 60 militares da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada (5ª Bda C Bld), que partiram de Curitiba (PR) com destino a Boa Vista (RR) conduzindo um comboio de 32 viaturas, entre carretas com pranchas para transporte de carros de combate, caminhões e veículos de apoio. Simultaneamente, a 17ª Brigada de Infantaria de Selva (17ª Bda Inf Sl) empregou 48 viaturas — entre leves, especializadas e de transporte — além de 11 militares, que foram embarcados em balsas no Rio Madeira, partindo de Porto Velho (RO) com destino a Manaus (AM).
No contexto de inovação tecnológica, mobilidade estratégica e experimentação doutrinária em ambiente operacional de selva — de extrema relevância para o país —, o Centro de Desenvolvimento de Sistemas (CDS) realizou a primeira entrega operacional da Família de Aplicativos de Comando e Controle da Força Terrestre (FAC2FTer). Desenvolvida a partir da concepção consolidada dos sistemas legados, a FAC2FTer representou um marco na modernização dos meios de Comando e Controle (C2) do Exército Brasileiro.




Outra capacidade estratégica do Exército Brasileiro que se destacou pela sofisticação tecnológica e impacto direto na proteção da tropa foi a Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN). Empregada na região amazônica, a DQBRN assegurou a continuidade das operações mesmo sob ameaça de agentes contaminantes. Os militares simularam uma situação de combate em que o inimigo buscava negar o acesso a determinadas áreas; a defesa QBRN verificava a existência de contaminação desses locais, e atuava para descontaminar os locais e as tropas que lá estavam.
Ainda no âmbito da ampliação da consciência situacional, diversos sistemas e materiais de emprego militar entregues pelo Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) foram utilizados. No sensoriamento, destacaram-se binóculos termais e óticos, além de radares de vigilância terrestre, que geraram informações essenciais para a consciência situacional dos comandantes em diferentes níveis de decisão.
Complementando as ações de preparo e demonstração de capacidades, exercícios de tiro real com armas coletivas compuseram as atividades, demonstrando a prontidão operacional e o alto poder de dissuasão das tropas brasileiras em ambiente de selva. O adestramento reuniu meios de apoio de fogo de sete organizações militares do Exército Brasileiro, além da Força Aérea Brasileira, tendo como cenário a contenção de uma ameaça simulada e serviu para integrar os diferentes vetores de combate, em um esforço coordenado de grande envergadura.




A demonstração teve início com o apoio aéreo aproximado, realizado por uma aeronave A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasileira, que forneceu cobertura necessária à tropa em solo. Em seguida, viaturas blindadas do 18º Regimento de Cavalaria Mecanizado — modelos Guarani, Guaicurus e Cascavel — abriram fogo com metralhadoras calibre 7,62 mm, .50 e canhão 90 mm, neutralizando alvos em terreno hostil.
Na sequência, o 3º Regimento de Carros de Combate simbolizou o contra-ataque, utilizando os carros de combate Leopard 1A5, dotados de sistemas avançados de estabilização e imagem termal, capazes de engajar alvos a até 4 km, mesmo em movimento e com mais de 95% de precisão. Encerrando a ação, o 16º Grupo de Misseis e Foguetes, dotado com o material Astros, foi empregado para engajar um alvo profundo e de alto valor estratégico. Com alcance de até 90,2 km por foguetes e 300 km com o Míssil Tático de Cruzeiro, o Astros reafirmou a capacidade estratégica do Brasil de responder com vigor a ameaças em profundidade.
Além das ações terrestres e de apoio de fogo, militares da Força-Tarefa Afonsos exercitaram também técnicas de infiltração aeroterrestre com saltos táticos. A ação contou com 80 integrantes da força-tarefa — composta por militares do 25º Batalhão de Infantaria Paraquedista e módulos de outras organizações militares da Brigada de Infantaria Paraquedista. O salto foi conduzido no modo semiautomático, a partir de 1.000 pés de altitude (cerca de 304 metros), com paraquedas RZ-21, permitindo que os paraquedistas navegassem até o ponto de aterragem previsto.


A Operação Atlas reafirmou, assim, o compromisso do Exército Brasileiro com o contínuo aperfeiçoamento dos seus meios e doutrinas, alinhado aos objetivos estratégicos de Defesa Nacional.





















