Crise Diplomática: EUA e Brasil em rota de colisão sobre o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva

Washington avalia revogar visto do comandante do Exército Brasileiro

por Ricardo Fan – DefesaNet

Setores da mídia hegemônica noticiam que o Departamento de Estado dos Estados Unidos estaria considerando a adoção de medidas restritivas contra o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, comandante do Exército Brasileiro. Fontes sediadas em Washington indicam que, entre as alternativas em análise, figura a possível revogação do visto norte-americano concedido ao oficial — medida de elevado impacto diplomático e simbólico.

A motivação estaria relacionada ao mapeamento, por órgãos de inteligência norte-americanos — incluindo o próprio Departamento de Estado — de um histórico de reuniões entre o general Paiva e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Nessas ocasiões, o comandante teria sinalizado garantias de respaldo da cúpula militar às decisões do magistrado¹.

Nos círculos diplomáticos norte-americanos, essa aproximação é interpretada como um fator de risco à neutralidade institucional das Forças Armadas, podendo sugerir uma instrumentalização política em um contexto de crescente tensão geopolítica.

Caso a medida seja confirmada, espera-se uma reação firme por parte do governo brasileiro, com possíveis manifestações do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e da própria cúpula das Forças Armadas.

A revogação de um visto diplomático de alto escalão, ainda que simbólica, representa um gesto de reprovação política e pode abrir espaço para desdobramentos mais amplos na relação bilateral entre os dois países — inclusive no campo da cooperação militar, inteligência e segurança regional.

O fator Alexandre de Moraes e a sensibilidade norte-americana

O nome do ministro Alexandre de Moraes ocupa posição central nas análises conduzidas pelos Estados Unidos. O governo norte-americano considera que sua atuação em temas sensíveis — como o controle das redes sociais, a regulação de plataformas digitais e o perseguição a movimentos políticos internos — exerce influência direta sobre interesses estratégicos de Washington, da oposição política brasileira e de empresas de tecnologia sediadas no Vale do Silício.

Nesse contexto, ganha relevância o episódio envolvendo a Starlink, empresa de conectividade via satélite vinculada ao bilionário Elon Musk. A tensão entre Moraes e Musk, marcada por declarações públicas e ameaças de responsabilização judicial, foi interpretada por autoridades norte-americanas como um sinal de alerta quanto à liberdade de operação de empresas de tecnologia no Brasil.

A repercussão internacional do caso contribuiu para reforçar a percepção de que o ambiente regulatório brasileiro, sob influência direta do ministro, pode afetar interesses comerciais e estratégicos dos Estados Unidos na região.

Além disso, Moraes determinou a prisão preventiva de Flávia Magalhães, cidadã com dupla nacionalidade brasileira e norte-americana, residente na Flórida. A decisão, motivada por publicações consideradas ofensivas à honra do magistrado, foi vista como uma tentativa de extrapolação da jurisdição brasileira sobre cidadãos em território estrangeiro.

Embora o mandado só tenha validade em solo nacional, o episódio gerou desconforto diplomático e foi interpretado por setores norte-americanos como uma afronta à soberania jurídica dos Estados Unidos.

Assim, a aproximação institucional do comandante do Exército com Moraes seria vista em Washington não apenas como questão interna do Brasil, mas como fator de relevância geopolítica.

Ecos históricos: alinhamento militar e regimes de exceção

O aparente entendimento entre a cúpula militar brasileira e decisões judiciais de forte impacto político gera paralelos históricos incômodos.

Na Alemanha nazista, parte significativa do Exército (Reichswehr e posteriormente Wehrmacht) ofereceu apoio ao governo de Adolf Hitler em troca da eliminação de inimigos internos e manutenção de privilégios institucionais. Esse pacto foi essencial para consolidar o regime e neutralizar opositores.

De modo semelhante, na extinta União Soviética, o Exército Vermelho foi gradualmente subordinado ao Partido Comunista, recebendo autonomia em áreas estratégicas enquanto servia como instrumento para eliminar dissidências internas e projetar poder externo.

Os dois casos, o alinhamento militar ao poder político e judiciário teve como efeito a erosão das instituições democráticas e a consolidação de regimes de exceção.

Tradição de cooperação Brasil–EUA no campo militar

Conferência Bilateral de Estado-Maior com Exército dos EUA – junho/2025

Vale ressaltar que o Exército Brasileiro e o Exército dos Estado Unidos (US Army) mantêm laços históricos de colaboração desde a Segunda Guerra Mundial.

A participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) ao lado das tropas aliadas na Campanha da Itália criou uma tradição de intercâmbio que perdura até hoje em exercícios conjuntos, treinamentos, missões de paz da ONU e programas de cooperação acadêmica e tecnológica em defesa.

Nesse contexto, uma medida de Washington contra o comandante do Exército Brasileiro seria um gesto de ruptura sem precedentes, capaz de fragilizar uma relação de mais de oito décadas de confiança mútua e colaboração estratégica.

O risco para o Brasil e o impacto estratégico

Se confirmada, a decisão norte-americana de restringir a movimentação internacional do comandante do Exército brasileiro teria efeito devastador para a imagem das Forças Armadas no plano externo.

  • Fragilizaria a confiança em missões multilaterais de paz e cooperação.
  • Comprometeria relações militares bilaterais, inclusive treinamentos e intercâmbios com os EUA.
  • Abriria espaço para maior influência de potências como China e Rússia no ambiente de defesa brasileiro.

Além disso, tal gesto dos EUA pode ser interpretado como pressão explícita sobre a cúpula militar brasileira para manter uma distância institucional do poder político e judiciário, algo que toca no cerne da credibilidade das Forças Armadas como instituição de Estado.

Considerações finais

O eventual revés diplomático em torno do general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva se soma a um contexto de erosão de confiança internacional no Brasil, especialmente no que diz respeito à autonomia de suas instituições militares.

O paralelo histórico com Alemanha e União Soviética serve como alerta: quando Forças Armadas aceitam vinculação direta com projetos de poder — sejam políticos ou judiciais —, a consequência costuma ser a redução de sua legitimidade institucional e a perda de espaço no cenário internacional.

A crise, caso se confirme, pode representar uma das mais sérias fraturas diplomáticas e militares recentes entre Washington e Brasília, com impacto direto sobre uma cooperação que remonta à Segunda Guerra Mundial.

¹fonte: https://www.metropoles.com/colunas/paulo-cappelli/eua-estuda-tirar-o-visto-do-comandante-do-exercito-general-tomas

Compartilhar:

Leia também
Últimas Notícias

Inscreva-se na nossa newsletter