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Aviônicos T-27 Tucano – Uma estranha licitação

Nelson Düring

Editor-chefe DefesaNet

 

A Força Aérea Brasileira (FAB) procura modernizar a sua frota de aeronaves T-27 Tucano (EMB-312) em uso pela Academia da Força Aérea (AFA).

São 60 aeronaves T-27 em operação, das quais 40 terão seus aviônicos modernizados. Esta nova versão será chamada de T-27M (EMB-312M). O primeiro Tucano foi entregue pela EMBRAER para a FAB, em janeiro de 1983, e o início da operação na Academia da Força Aérea (AFA) para formação de novos pilotos foi em 1985.

 

Por mais de 20 anos, o T-27 representou o principal vetor de interceptação de tráfegos clandestinos no espaço aéreo das fronteiras brasileiras e, até o ano de 2013, também foi utilizado em demonstrações aéreas pela Esquadrilha da Fumaça.

 

Hoje a aeronave é empregada na instrução básica da AFA, para formação dos Oficiais Aviadores da FAB, sendo a sua frota constituída por um total de 60 matrículas.

 

O T-27M terá uma nova configuração de aviônica com displays largos e que possuem a capacidade touch screen. Trata-se um projeto orçado em U$D 10.905.578,05 (Dez milhões de Dólares), cerca de U$D 250.000 / por aeronave, e está sendo conduzido pela Brazilian Aeronautical Commission in Washington D.C. (BACW). A Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington DC, coordena aquisições e recebimentos de equipamentos destinados à FAB.

A configuração de aviônicos do T-27M, fornece treinamento avançado, incluindo recursos de navegação de última geração com base no sistema GARMIN G600 HP TXi. O sistema G600 é um sistema de exibição integrado que apresenta a instrumentação de vôo primária, navegação, visão sintética e um mapa em movimento para o piloto através de monitores de grande display.

O sistema oferece a opção do piloto selecionar entre Full-Screen PFD com (H.S. I ou H.S.I. mapa), ou split-screen PFD e MFD. O largo display fornece a opção de páginas dedicadas para tráfego/terreno/aproximação e carta/plano de vôo/meteoro/waypoint. Além disso, o altamente capaz mapa móvel pode ser sobreposto pelo usuário as demais informações tais como terreno, fronteiras políticas, aerovias, espaços aéreos, auxílios de navegação, aeroportos, tráfego, plano de vôo, e clima.

O novo pacote de aviônicos usa um sistema dual por aeronave (um no cockpit frontal e um no cockpit traseiro) como a solução primária de exibição do vôo para o programa de modernização da aeronave. O sistema de displays dos aviônicos é projetado para substituir o conjunto de instrumentos de voo tradicional combinando instrumentação de voo primária, informações de navegação e um mapa em movimento em telas de cores de tela sensível ao toque que estão disponíveis em um display 10 polegadas. Possui funções de auto-teste embutidas e páginas de manutenção no display que permitem que uma falha ou problema possam ser facilmente isolados para uma LRU, a ser substituída de forma rápida e fácil.

Configuração da posição dianteira do T-27M

 

 

Configuração da posição traseira do T-27M 

 

 

Um processo complicado

A FAB já está no quarto processo licitatório do Projeto T-27M. A primeira foi contestada e posteriormente anulada, pois no último momento, a FAB definiu que os aviônicos seriam da empresa americana GARMIN.

Assim como seguiram-se outras duas conduzidas e anuladas pelo próprio Comando-Geral de Apoio (COMGAP).

Agora a quarta concorrência está sendo conduzida pela Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington DC (BACW).

Nesta quinta-feira (14FEV2019), deveriam serem entregues na CABW, as propostas, conforme chamada, dia 31 Janeiro, porém as datas vêm sendo alteradas, já por 3 vezes, conforme tabela abaixo.   

 

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Entrega Propostas

31 Janeiro 2019

14 Fevereiro 2019

09 Fevereiro 2019

21 Fevereiro 2019

14 Fevereiro 2019

04 Março 2019

 

Surge duas questões interessantes.

Primeiro o equipamento Garmin escolhido permite utilizar cartas digitais Jeppesen para voo IFR, tornando a atividade de cabine mais eficiente em situações críticas de voo por instrumentos. Entretanto, embora seja uma tecnologia moderna e muito usada na aviação civil, o cadete da AFA aprende a usar as cartas de voo e procedimentos IFR impressos no padrão da própria FAB, cujo órgão central é o Instituto de Cartografia da Aeronáutica-ICA.

O mesmo órgão também fornece cartas brasileiras digitais, mas o Garmin somente usa o padrão Jeppesen. Aparentemente, parece um contra senso conceber uma solução tecnologicamente moderna e não poder usar os recursos disponíveis.

Segundo ponto

No documento “PROJETO BASICO DE INSTALACAO DO SISTEMA AVIONICO DAS AERONAVES T-27 TUCANO (EMB-312) – PROJETO T-27M”, página 55, item 16 – QUALIFICACAO TECNICA:

 

Para fins de qualificação técnica, será admitida participação de empresas em consórcio.

16.1 – A qualificação técnica para os serviços objeto do presente PROJETO BÁSICO, deverá ser exigido das empresas interessadas em prestá-los a qualificação técnica que comprove a sua capacidade de executá-los, a qual compreenderá:

16.1.1 – Comprovar ser revendedor Garmin autorizado, com qualificação para instalação de sistemas aviônicos, possuindo treinamento específico da Garmin, ferramentas, experiência de instalação e experiência de certificação necessárias para integração de novos equipamentos Garmin.

 

A licitação prevê um prazo de 18 meses, incluindo o projeto e aprovação, com uma cadência de entrega de 3 a 5 aeronaves / mês.

 

Parece que os cadetes da AFA ainda voarão um bom tempo nos T-27 Tucanos com esta configuração original de 1983 (ver foto abaxo).

 

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