Petrobras admite que metas de produção eram desafiadoras

Bruno Rosa


A Petrobras admitiu que as projeções de produção eram desafiadoras e não foram integralmente atingidas, assim como os investimentos planejados não foram totalmente executados. Por e-mail, a estatal disse que 2012 foi o ano de traçar "metas melhor fundamentadas e, portanto, com maior grau de realidade com base em projetos típicos". Mas, por outro lado, garantiu que a produção não foi acelerada para justificar investimentos.

A companhia garantiu que desde o ano 2000 seus investimentos vêm crescendo, ressaltando que "após a descoberta do pré-sal, evidentemente mais oportunidades de novos projetos apareceram".

Estatal cita impacto cambial

A Petrobras afirmou que a alta nos custos das refinarias, alvo de crítica dos analistas, se deve a mudanças nos projetos, impacto cambial e elevação dos custos em todo o mundo.
Especialistas citam os erros na construção das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Comperj, em Itaboraí, no Rio. Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), lembra que a Abreu e Lima, prevista para entrar em operação em 2010, foi adiada para 2014:

– Ao longo da construção, o custo previsto se multiplicou por dez, de US$ 2,3 bilhões para US$ 20,1 bilhões. A sócia venezuelana, PDVSA, não contribuiu com sequer um dólar, porque o BNDES não aceitou até hoje as garantias financeiras apresentadas.

Outro projeto polêmico é o Comperj, que estava previsto para 2011, mas agora só deverá entrar em operação em 2015. Ao mesmo tempo, os custos pularam de US$ 8,4 bilhões (R$ 15,3 bilhões) para US$ 18,4 bilhões (R$ 36 bilhões).

Analistas criticam ainda a compra, em 2006, da refinaria de Pasadena, em Houston, nos EUA, que custou US$ 1,18 bilhão à estatal, valor considerado alto pelo mercado e negócio que está sendo questionado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

"declínio natural dos campos"

A Petrobras afirmou que "o valor da compra deve ser comparado com as condições de mercado e margens de refino do momento da compra, e não com as condições atuais". Disse ainda que as margens de refino eram crescentes na época.

Em relação à falta de reajuste nos preços dos combustíveis, a Petrobras disse que "observando o histórico de defasagens de preços, para mais e para menos, fica claro que houve momentos de perdas, mas também de ganhos para a Petrobras, que praticamente se compensam até 2011".

Sobre a falta de manutenção nas plataformas, a estatal afirmou que houve investimentos na Bacia de Campos e que, tradicionalmente, no Brasil e no mundo, há um declínio natural na produção de campos da ordem de 11%.

Procurado, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, que comandou a estatal entre 2005 e fevereiro de 2012, não quis se pronunciar.

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