TECNOLOGIA – STARTUPS Criam outras Formas de Voar

A Flight Technologies desenvolve sistemas para veículos aéreos não tripulados (Vant). Ela foi fundada em 2005 por dois estudantes de pós-graduação do ITA, Nei Brasil e Benedito Maciel. Inicialmente, a empresa estava na incubadora do ITA e, em 2008, mudou-se para o Parque Tecnológico de São José dos Campos.

"Em 2006, ninguém por aqui falava em Vant", disse Noli Kozenieski, gerente de negócios da Flight. "Hoje somos uma referência no Brasil." A empresa emprega cerca de 30 pessoas, alunos e ex-alunos do ITA. Os aviões não tripulados criados pela empresa têm aplicação militar, mas podem ser usados em outras áreas, como segurança pública e agronegócio.

Esse modelo, de desenvolvimento de tecnologia para uso militar que acaba sendo empregada para fins civis, é muito comum fora do Brasil. Nos Estados Unidos, a internet surgiu como uma rede descentralizada, capaz de resistir a um ataque nuclear. O mesmo aconteceu por lá com a tecnologia de celular CDMA, que apareceu como uma forma de tornar seguras as comunicações militares, e depois se tornou a base da terceira geração (3G) da telefonia móvel.

Por aqui, o modelo de desenvolvimento tecnológico ainda é pouco empregado. Alguns dos exemplos mais promissores dessa estratégia estão em São José dos Campos.

A incubadora do Parque Tecnológico de São José dos Campos tem 25 empresas. Em 2011, elas faturaram cerca de R$ 2,5 milhões. Além da incubadora do parque, existem outras três na cidade. Juntas, elas têm cerca de 60 empresas.

"O movimento de startups na cidade se intensificou nos últimos 10 anos", afirmou Agliberto Chagas, diretor executivo do Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista (Cecompi). A organização sem fins lucrativos foi responsável pelo estudo de viabilidade e pela implantação do parque, em 2006.

O núcleo do parque ocupa uma área de 188 mil metros quadrados, com 36 mil metros quadrados de área construída. O local em que foi instalado era ocupado anteriormente por uma unidade da Solectron, fabricante terceirizada de eletrônicos que deixou o Brasil, e posteriormente foi comprada pela concorrente Flextronics.

Helicóptero. Outra empresa que nasceu em São José dos Campos é a Gyrofly. Criada em 2006 por ex-funcionários da Embraer, ele desenvolveu um mini-helicóptero não tripulado com quatro rotores, que pode ser usado nas áreas de defesa e segurança pública. Tanto a Flight quanto a Gyrofly tem projetos apoiados pela Financiadora de Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Mas o polo de São José dos Campos não se resume ao setor aeronáutico. A Vale Soluções em Energia (VSE) instalou seu Centro de Desenvolvimento de Produtos no parque. A empresa desenvolve motogeradores, gaseificadores e turbogeradores. Criada no início de 2008 pela Vale e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a VSE recebeu investimento de US$ 500 milhões.

"Queríamos estar próximos do ITA", disse James Pessoa, presidente da VSE. Das cerca de 500 pessoas que a empresa tem no Brasil, 460 estão no parque. A motivação da Vale ao criar a VSE foi reduzir as despesas com energia. "A Vale consome 4% da energia gerada no País", destacou Pessoa.

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