Descoberta a maior invasão de hackers. Suspeitas apontam para a China

Especialistas de segurança da informação revelaram ontem que 72 organizações, governos e empresas do mundo todo, incluindo a Organização das Nações Unidas (ONU), o Comitê Olímpico Internacional (COI) e áreas sensíveis do governo norte-americano, foram objeto de invasões de hackers. Nos ataques, cometidos desde 2006, os piratas informáticos acessaram dados secretos ao longo de até dois anos, em alguns casos.

Descoberto por uma das mais notórias empresas de segurança de computadores, a McAfee, o maior ataque em espaço virtual já registrado atingiu uma lista longa de governos e instituições internacionais, que inclui esferas de comando não apenas nos Estados Unidos, mas também na Coréia do Sul, na Índia e no Canadá. No âmbito esportivo, além do COI, foi invadido o site da Agência Mundial Antidoping. A companhia de computação disse, após divulgar o relatório com os dados, que acredita em um "protagonista estatal" para a série de atos, porém esquivou-se de citar nomes. Um especialista em informática, que não se identificou, afirmou à imprensa americana que os indícios apontam responsabilidade da China.

Segundo Jim Lewis, profissional da área de segurança no ciberespaço ouvido pelo jornal The Washington Post, é muito provável que os chineses sejam os autores, já que alguns dos alvos têm informações consideradas cruciais para Pequim. Vijay Mukhi, outro especialista em internet, acrescentou: "Eu não ficaria surpreso, porque isso é o que a China faz. Eles estão gradualmente dominando o mundo cibernético".

Para os especialistas, o fato de o país já ter sido acusado de invasões semelhantes não é a única pista apontando na direção de Pequim. Eles lembram que o ataque ao COI e a outros comitês olímpicos nacionais ocorreram no período de preparação para os Jogos de Pequim, em 2008.

Segundo a McAfee, a dimensão dos ataques só foi compreendida em março passado, quando pesquisadores localizaram registros dos ataques ao revisar o conteúdo de um servidor de "comando e controle". Em 2009, eles haviam identificado esse servidor como parte de uma investigação sobre violações de segurança em companhias do setor de defesa.

"O que está acontecendo com toda essa informação (…) ainda é uma questão aberta", disse à agência de notícias Reuters o vice-presidente de pesquisas sobre ameaças da McAfee, Dmitri Alperovitch. Segundo ele, uma parte desses dados foi usada para construir produtos mais competitivos ou para derrotar rivais na concorrência por negócios importantes, o que pode representar uma significativa ameaça econômica. "Até mesmo nós nos surpreendemos com a enorme diversidade de vítimas, e nos espantamos com a audácia dos responsáveis", completou Alperovitch.

No caso da ONU, os hackers invadiram o sistema de computação do secretariado da Organização em Genebra, em 2008, e operaram secretamente na rede por dois anos, enquanto obtinham grande volume de dados sigilosos. Alguns dos outros ataques duraram apenas um mês. Porém, a invsão da rede de um comitê olímpico asiático não identificado durou 28 meses, sem interrupção, segundo o relatório da McAfee.

"Trata-se da maior transferência de riqueza de todos os tempos, em termos de propriedade intelectual", afirmou o vice-presidente da empresa, completando: "A escala do que vem ocorrendo é muito, muito assustadora."

 

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