Criméia – Vitória para as FE(s) Russas

Nota DefesaNet

Recomendamos e enfatizamos a leitura da entrevista com o General Arruda do Comando de Operações Especiais do Exército Brasileiro. O General descreve de maneira brilhante o roteiro que pode ter sido usado pelas FEs russas na Criméia.

Gen Arruda – Comando de Operações Especiais – Entrevista Exclusiva Link

O Editor

Publicado Moscow Times 07 Mar 14

Simon Saradzhyan
Pesquisador Belfer Center da Universidade de Harvard
para Ciência e Assuntos Internacionais
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Absorção da Crimeia pela Rússia ainda está em andamento, mas já ocorrem uma série de análises da imprensa ocidental para avaliar o desempenho do exército russo. Alguns, como os autores do comentário no  New York Times, 02 Abril 14,  compararm essa operação na Criméia com a ação da Rússia na Geórgia, em 2008, e as duas campanhas na Chechênia, para concluir que o desempenho  militar russo apresenta uma melhora visível.

Embora a conclusão esteja correta, a comparação subjacente não está. O envolvimento russo na campanha da Georgia, de 2008, contou com elementos de uma guerra clássica entre estados do século XX, com a participação de unidades regulares das forças armadas russas combatendo  seus homólogos da Geórgia. Quanto à mais recente campanha da Chechênia, que inicialmente contou com elementos de guerra urbana, mas a maior parte tem sido um esforço de contra-insurgência. Além disso, em ambas as campanhas chechenas e na guerra russo-georgia, o adversário ofereceu resistência armada organizada contra o exército russo.

 


FEs russas em treinamento

 

Em contraste, a operação na Criméia foi dissimulada, no seu transcorrer os soldados ucranianos podem ter disparado alguns tiros, mas não houve confronto e as capacidades de combate das forças russas não foram testadas.

Além disso, enquanto nas campanhas anteriores foram usadas principalmente unidades regulares do Exército Russo, incluindo  recrutas, alguns dos quais não eram adequadamente treinados, na campanha da Criméia foram  empregadas forças especiais profissionais. Os líderes da Rússia têm firmemente negado o envio de unidades de Forças Especiais (FEs) para a península, insistindo que foi principalmente o trabalho de ativistas de autodefesa pró-russos locais. Mas a imprensa indicou que o pessoal da Direcção Geral de Pessoal da Inteligência Militar Russa, bem como da Forças Aéreae Fuzileiros Navais, participaram da operação.

Os relatos das análises nos meios de comunicação ocidentais, mencionam que as Forças Russas na Criméia, estavam bem equipadas, em comparação com campanhas anteriores, havia pouco nessa engrenagem que não constituisse um divisor de águas. Sim, os uniformes com padrão de camuflado “digitalizado”. A versão russa do HUMMER parecia impressionante (Veículo Tigr), e o emprego de eficazes rádios criptografado. Mas, não é de duvidar que a engrenagem visível tenha motivado os militares ucranianos a desistirem  sem luta .

Pelo contrário, a operação da Criméia reafirmou que os observadores militares russos já sabem há vários anos: As Forças Especiais Russas são rigorosamente treinadas, bem equipadas, altamente disciplinada e eficazes em realizar operações  secretas com rapidez , incluindo a tomada de  instalações. É natural que essas forças para realizarem as suas ações  escondem: seus treinamentos, comunicações e operações. Para as Forças Especiais serem detectadas equivale ao fracasso. É por isso que as Forças Especiais Russas saíram de seus aquartelamentos para garantir a rápida encampação da Criméia, ações que pegaram de surpresas  os militares ucranianos .

Sua capacidade de surpreender o adversário na Criméia se destaca quando comparado com alguns dos últimos desempenhos por unidades do exército russo regular, tais como quando um comandante do Exército pediu  emprestado um telefone satelital não criptografado para solicitar apoio de artilharia durante a guerra Rússia-Geórgia de 2008.

Se a operação da Criméia fosse realizada em uma escala maior, o que requereria uma maior utilização de forças do Exército regular e se os militares ucranianos decidissem pelo combate, as chances são de que poderíamos ver novamente algumas das falhas que os militares russos mostraram nas operações de 2008.

É claro que a escala e profundidade dessas falhas diminuíram consideravelmente desde 2008, graças às reformas militares profundas e aumentos substanciais nos gastos com a defesa. No entanto, comparando ações secretas realizadas por Forças Especiais contra um adversário baseado em Forças Regulares, que optou por não lutar em uma campanha militar de grande escala, é como comparar as maçãs da Criméia com as laranjas da  Georgia.

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