SIG SAUER: na briga por uma fatia maior do mercado norte-americano

Alexandre Beraldi

Especial para DefesaNet

A SIG SAUER continua na briga por uma fatia maior do mercado norte-americano, por vezes sem inovar muito, mas, ao invés, atualizando, modificando e adaptando a linha existente às demandas do mercado; já outras, se aventura levemente no terreno seguro da produção de armas já reconhecidas e de ampla aceitação.

A nova P224 se enquadra na primeira hipótese: uma modificação da arma de maior sucesso de sua linha, a SIG P229, adotada por um sem número de organismos de segurança daquele país, em todas esferas de governo, mas com destaque na federal. A P224 é basicamente uma P229 “encurtada” em 1,0 cm no comprimento e 2,3 cm na altura.

Como resultado, guarda todas soluções mecânicas já amplamente testadas e aprovadas num pacote menor, tendo como única desvantagem a inevitável redução na capacidade do carregador, que cai  de 13 para 11 cartuchos em 9x19mm Parabellum, e de 12 para 10 cartuchos em .40SW ou .357 SIG; porém, é possível utilizar o carregador da P229 na nova P224, seja de forma simples, como fonte de munição reserva, ou também como fonte de munição primária, sendo empregada na P224 com uma “luva” opcional que se adapta a porção inferior do carregador, fornecendo uma empunhadura contínua à da arma.

No mais, ela mantém a opção do gatilho em ação dupla e simples com a modificação SRT, que reduz a distância para o reengajamento da armadilha pelo gatilho após o disparo (reset), ou a versão DAK (Double Action Kellerman), que permite o disparo somente em ação dupla, mas com o peso atenuado. Tive a oportunidade de efetuar o tiro com a P224 no calibre .40SW e na versão com gatilho somente em dupla ação (DAK). Como se pode observar no vídeo que acompanha a matéria, é de se notar o recuo pronunciado da pequena arma na sua versão em calibre .40SW.

O fato da arma ter sua armação totalmente metálica, que não absorve parte da energia do recuo como as atuais armações em polímero, e apresentar uma empunhadura de pequeno tamanho, cria uma certa dificuldade no disparo para aqueles, como eu, acostumados com armas de dimensões “normais”; isto, somado à minha falta de hábito com o sistema de gatilho DAK, impôs uma certa dificuldade no tiro de precisão para o engajamento do disco metálico de 6 polegadas (15cm) a 15 metros, mas no fogo rápido contra a silhueta metálica a sete metros, que representa um uso mais realístico deste tipo de arma, não houve dificuldades.

A MK25 é a versão da clássica SIG P226 calibre 9x19mm Parabellum adotada como arma curta de combate padrão pelos US Navy SEALS. É basicamente uma P226 que mantém o acabamento Nitron no ferrolho de aço e anodizado na armação de duralumínio, adicionando um acabamento especial anticorrosivo nos controles e nas peças internas. Possui uma pequena âncora gravada na lateral esquerda, como as armas de serviço da citada unidade de elite da Marinha dos EUA. No tiro, que pode ser conferido no vídeo em anexo, exatamente aquilo que se espera de uma SIG P226: uma arma com um gatilho de peso constante e puxada “limpa” em ação dupla, curto e “seco” na ação simples, e com um bom reset; um disparo com baixo recuo e centrado, que mantém a arma estável; e a precisão típica desta arma, responsável em grande parte por sua fama.

Na parte de armas longas, e no que diz respeito à criação de novos produtos pela empresa que visam atender um segmento já consolidado no mercado, ou seja, armas já existentes e com grande aceitação, o destaque ficou por conta do SIG 716, basicamente um AR-15 em calibre 7,62x51mm OTAN – ou melhor ainda, um AR-10 – operado por um sistema de êmbolo de gases com recuo curto, com regulador de gases com quatro posições e controles ambidestros. Resumindo: uma versão “melhorada” do Heckler & Koch 417 feita pela SIG SAUER. A parte melhorada fica por conta do uso de carregadores da empresa Magpul, que vem se tornando uma espécie de padrão nas armas que seguem o padrão do AR-15, tanto no calibre 5,56x45mm OTAN quanto no maior calibre, os quais têm uma confiabilidade já amplamente testada, sendo menores e mais leves que os carregadores de desenho próprio da HK.

O regulador de gases de quatro posições pode também ser considerado uma melhoria, especialmente quando se intenciona utilizar supressores de ruído com a arma. Por final, o fato de ser meio quilo mais leve que a variante alemã é uma grande vantagem. No tiro, como não poderia deixar de ser, comporta-se como um AR-15 com mais energia no recuo, ou seja, uma arma ergonômica, leve, com controles de fácil acesso, perfeitamente ajustável ao usuário e adaptada ao emprego de modernas técnicas de manuseio e operação.

Seu potente tiro é perfeitamente controlado pelo recuo em linha com o ombro do atirador, que torna a arma muito mais controlável que nosso FAL, mesmo sendo este último significativamente mais pesado e com maior cano que o fuzil da SIG SAUER. O desempenho da arma pode ser conferido no respectivo vídeo, que ilustra bem a controlabilidade da arma, onde o alvo de 30cmx30cm engajado com fogo rápido à distância de 50m recebeu mais de 50% dos disparos, usando apenas as miras mecânicas.

Por último, temos o retorno do SIG 551 ao mercado norte-americano, agora na sua nova versão o SIG 551 A1. As diferenças que se fazem presentes na versão A1 são: um ponto de fixação da bandoleira na parte posterior da caixa de culatra que possui montagem reversível, permitindo o uso da bandoleira por parte de destros e canhotos; um trilho Picatinny de 20 cm sobre a caixa de culatra para a fixação de equipamentos óticos de visada; um guarda mão frontal com locais para fixação de trilhos Picatinny; e um guarda mato no estilo daqueles encontrados na família AR-15/M-16. No mais, é a mesma arma; e seu comportamento no tiro comprova isso, como se observa no vídeo correspondente.

O estande da SIG SAUER estava bem completo, expondo toda gama de fuzis de assalto atualmente à venda nos EUA, incluindo o SIG 516, similar ao HK416; o M400, que é uma versão idêntica em funcionamento aos tradicionais AR-15, operando por ação direta dos gases sobre o transportador do ferrolho; o SIG 556 em suas várias versões e calibres, incluindo a “Russian”, que dispara munição 7,62x39mm M43 e utiliza carregadores padrão do AK-47; o fuzil sniper SIG 50 em calibre 12,7x99mm OTAN (.50 BMG); o fuzil sniper SSG3000 com sua nova coronha modular e ajustável; e o novo fuzil sniper PSR, em calibre .338 Lapua Magnum.

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