Aeronave da PM leva 34 orgãos ao ano

Plínio Delphino

O voo contra o tempo. A velocidade por uma vida. Com o coração na mão e os olhos no relógio, pilotos, enfermeiros e médicos do Grupamento de Radiopatrulha Aérea da Polícia Militar transportam órgãos para transplantes em suas aeronaves que cortam o céu de São Paulo. Na rotina dos PMs do ar, qualquer minuto ganho é uma chance de recuperar a esperança por um futuro longe de hospitais. Nos últimos cinco anos, as aeronaves fizeram 159 transportes de órgãos por todo o estado, encurtando distâncias e acelerando o processo em busca de um “renascimento”.

Em 2012, foram realizadas, em média, duas operações do grupamento aéreo por mês. Na ultima década, o número de transplantes no Brasil mais do que dobrou, alcançando 23.397 cirurgias em 2011, segundo o Ministério da Saúde. Foram registrados 11,4 doadores por grupo de um milhão de habitantes. A meta do governo é atingir 15 doadores por milhão até 2014.

O clima, condições de iluminação e de tráfego são fundamentais para estabelecer uma estratégia de sucesso ou de fracasso da missão. Quando se trata de transportar corações, o assunto fica muito mais sério. É o órgão que menos tempo sobrevive fora do corpo humano: apenas 4 horas. É também o que mais suscita o serviço das aeronaves da PM. “Apesar disso, há muita perda de órgão de doador por conta desse fator emergencial envolvendo o coração. Os transportes que fazemos com mais frequência e êxito são os de fígado”, disse o major Cezar Galletti Júnior, médico de 49 anos.

“Os órgãos de controle aéreo da Aeronáutica tratam esses casos como missão de misericórdia, facilitando o tráfego das aeronaves nesse tipo de trabalho”, conta o piloto da Polícia Militar, capitão Alexandre José Gomes, de 42 anos. O sargento Fernando Luiz Ferreira do Prado, enfermeiro, de 43 anos, diz que as missões devem ser realizadas ainda à luz do dia. “Em tempo de chuva e ao cair da noite, os voos já não são aconselháveis”, disse o enfermeiro.

A PM conta com 21 helicópteros, quatro aviões e 11 bases espalhadas pelo estado. “Para transporte de órgãos é possível também utilizarmos a viação comum. Depois, no aeroporto, nós finalizamos o serviço, levando o órgão ao hospital”, disse Gomes. A Polícia Civil e a Aeronáutica também fazem o transporte de órgãos. A PM ainda leva vacinas e vítimas de animais peçonhentos (com veneno) a hospitais. “Casos envolvendo picada de cobra e escorpião são comuns no ABC “, disse Prado. (Diário de São Paulo)

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