Durante a COP Internacional, Ricardo Fan, colaborador do portal Defesanet, conversou com Gustavo Ancheschi executivo da Motorola Solutions sobre o avanço das tecnologias aplicadas à segurança pública no Brasil. A companhia, referência global em comunicações críticas e soluções integradas de vídeo, apresentou seu ecossistema de ferramentas que já transformam o trabalho das forças policiais — incluindo o uso de câmeras corporais, análise inteligente de vídeo e inteligência artificial.
Na entrevista, Gustavo Ancheschi, Presidente da Motorola Solutions Brasil, destacou como a combinação entre tecnologia, governança e ética vem fortalecendo a transparência, a eficiência e a proteção de dados nas operações policiais.
A empresa também apontou os desafios para ampliar a digitalização do setor público e defendeu a importância de parcerias estratégicas entre governo e indústria para a construção de um país mais seguro e preparado para os desafios urbanos contemporâneos.
Segue a entrevista:
DN – De que forma o ecossistema de tecnologias da Motorola Solutions — especialmente as câmeras corporais e os sistemas de vídeo analítico — tem contribuído para aumentar a transparência e a eficiência das ações policiais no Brasil?
Gustavo Ancheschi – A transparência e a eficiência aumentam quando a tecnologia ajuda a organizar, registrar e qualificar a informação que ocorre entre o gestor e o agente em campo. No caso das câmeras corporais e do analítico de vídeo, esse impacto vem da soma de três elementos: registro fiel dos fatos, fluxo seguro de evidências e capacidade de transformar imagens em informação acionável.
As câmeras corporais permitem documentar a interação da abordagem com autenticidade e rastreabilidade, enquanto as plataformas de gestão contribuem para que o conteúdo seja preservado, classificado e acessado somente por perfis autorizados, fortalecendo a governança. Já a análise de vídeo amplia a consciência situacional e agiliza a tomada de decisão quando integrada ao centro de comando.
É essa combinação de evidência, processo estruturado e inteligência aplicada, que contribui para operações mais eficientes e transparentes, com benefícios concretos para a sociedade e para o policial.
– Como a integração entre inteligência artificial, comunicações críticas e análise de vídeo em tempo real pode ajudar as forças de segurança a responder mais rapidamente a situações de risco e a reduzir ocorrências violentas?
A combinação de comunicações críticas, análise inteligente de vídeo e recursos de inteligência artificial amplia a consciência situacional e proporciona respostas mais rápidas e assertivas a ocorrências.
Quando um centro de comando recebe, em tempo real, alertas automáticos somados à comunicação confiável entre as equipes em campo, as forças de segurança conseguem antecipar riscos, coordenar melhor os recursos e agir de forma integrada.
Na prática, isso significa ganhar minutos valiosos em intervenções que ajudam a salvar vidas e reduzir o impacto de situações de violência, sempre com o humano no centro da decisão e a tecnologia como apoio às ações estratégicas e operacionais.
– Quais são os principais desafios enfrentados pelos órgãos públicos na adoção dessas tecnologias avançadas, tanto do ponto de vista técnico quanto jurídico e ético?
A adoção de tecnologias avançadas envolve desafios em três frentes. No campo técnico, muitos órgãos públicos ainda operam com sistemas que não conversam entre si, o que torna essencial integrar plataformas e estabelecer padrões para que vídeo, comunicação e dados trabalhem de forma coordenada.
Do ponto de vista jurídico, é necessário alinhar procedimentos às legislações vigentes, garantindo clareza sobre políticas de uso, armazenamento, retenção e compartilhamento de informações, incluindo diretrizes rígidas de proteção de dados e sigilo da informação. Já no aspecto ético, o ponto central é assegurar transparência e critérios bem definidos sobre quando e como a tecnologia é utilizada, mantendo o respeito aos direitos individuais e a supervisão humana em processos sensíveis, além da adoção de mecanismos que reforcem a privacidade desde a concepção das soluções.
Quando essas três dimensões avançam juntas, a adoção das tecnologias se torna mais eficiente, sustentável e confiável para a sociedade.
– As soluções de IA utilizadas pela Motorola Solutions seguem quais protocolos de privacidade e proteção de dados para garantir que o monitoramento e o reconhecimento de imagens não violem direitos individuais?
A segurança está no DNA da Motorola Solutions. Nossas tecnologias seguem diretrizes globais e cumprem legislações como a LGPD no Brasil, aplicando controles rigorosos de acesso, criptografia e rastreabilidade. Em segurança pública, há um aspecto essencial: as evidências são protegidas contra qualquer tipo de alteração ou exclusão, preservando sua integridade e cadeia de custódia.
Por isso, nossas plataformas de gestão preservam a integridade dos arquivos e mantêm os registros sob políticas de governança. É importante ressaltar que nossos sistemas são customizáveis para atender os requisitos de cada cliente, apoiando para respostas mais ágeis e para redução de riscos de erros, mas a decisão final permanece sempre sob responsabilidade humana.
– Há planos para ampliar o uso das câmeras corporais e das plataformas de análise de vídeo para outras polícias ou órgãos de segurança no Brasil, além da PM de São Paulo?
Existe hoje um ambiente cada vez mais favorável à inovação em segurança pública no país. Os órgãos responsáveis compreendem, com clareza crescente, o papel essencial dessas tecnologias para proteger vidas, aumentar a eficiência operacional e construir uma sociedade mais segura. Nesse cenário, a Motorola Solutions mantém diálogo permanente em todo o país, sempre respeitando as particularidades jurídicas, orçamentárias e operacionais de cada região.
Além da parceria com a PMESP, a Motorola Solutions já apoia outras instituições e projetos públicos no Brasil. Entre eles, posso citar o uso de câmeras corporais no MetrôRio, iniciativas de videomonitoramento e gestão integrada em Manaus (incluindo o sistema prisional) e projetos de modernização com vídeo e comunicação em estados como Paraíba, Rio Grande do Sul e Piauí, que vêm adotando tecnologias para ampliar a visibilidade operacional e fortalecer a coordenação entre equipes de segurança.
Estamos preparados para apoiar novas iniciativas onde houver alinhamento técnico e priorização governamental, contribuindo para projetos consistentes que contribuam para um Brasil cada vez mais seguro.
– De que forma a parceria com eventos como a COP Internacional contribui para o fortalecimento do diálogo entre indústria, governo e forças de segurança, promovendo uma modernização responsável do setor público?
Eventos como a COP Internacional aproximam indústria, governos e profissionais de segurança pública em torno de desafios reais. Esse diálogo é essencial para avançar em políticas, práticas e modelos que respondam às expectativas e necessidades da sociedade.
A Motorola Solutions tem orgulho de participar dessa construção e de contribuir diariamente para proteger pessoas, propriedades e lugares por meio de tecnologias que apoiam os profissionais que atuam na linha de frente. Nosso compromisso, sob o conceito de Solving for Safer, é continuar trabalhando em estreita parceria com os governos para impulsionar avanços reais e centrados na missão de construir um país mais seguro.




















