Protestos durante G20 deixam mais de 200 policiais feridos

Protestos antiglobalização realizados por ocasião da cúpula do G20 em Hamburgo, na Alemanha, foram marcados pela violência pela segunda noite seguida. Desde o início das manifestações, nesta quinta-feira (06/07), mais de 200 policiais ficaram feridos.

Na noite de sexta-feira para sábado, manifestantes ergueram barricadas, incendiaram carros, saquearam supermercados e atacaram forças de segurança com barras de ferro e coquetéis molotov. Os bombeiros receberam mais de 200 chamados. Ao todo, 265 pessoas foram detidas durante os protestos na cidade.

A polícia informou que os manifestantes estavam extremamente agressivos no bairro de Schanzenviertel na manhã deste sábado, dia em que se encerra a cúpula de dois dias do G20. Cerca de 500 pessoas saquearam e incendiaram um supermercado, e 13 ativistas foram presos na área.

Nesta sexta-feira, o Corpo de Bombeiros afirmou ter transportado 60 pessoas para hospitais, incluindo 11 gravemente feridas após caírem de um muro ao fugir da polícia.

Líderes das 20 maiores economias do mundo reuniram-se em Hamburgo para discutir questões globais como terrorismo, clima e comércio. A maioria dos manifestantes reunidos na cidade manifestaram sua oposição ao encontro do G20 de maneira pacífica, pedindo ações de combate às mudanças climáticas e soluções para a crise migratória, por exemplo.

Na noite desta sexta-feira, no distrito de St. Pauli, milhares de pessoas dançavam nas ruas ao som de música techno e hip-hop, enquanto os líderes do G20 ouviam um concerto de música clássica realizado pela filarmônica da cidade, sob forte proteção policial.

Alguns milhares de manifestantes, no entanto, provocaram caos nas ruas da cidade ao preotestarem contra o capitalismo e a globalização. Os manifestantes parecem não se voltar tanto contra o presidente americano, Donald Trump, e outros líderes, mas sim diretamente contra a polícia como símbolo de autoridade.

Nesta sexta-feira, a polícia, que já contava com a ajuda de policiais vindos da Áustria, teve de pedir reforços a departamentos de polícia em outros estados alemães para conter os violentos protestos.

Neste sábado, dia em que se encerra a cúpula de dois dias realizada na cidade, mais protestos estão em curso, incluindo o chamado "G20 – not welcome!" (G20 – não bem-vindo!), na qual dezenas de milhares de pessoas são aguardadas.

A violência na cúpula do G20

Hamburgo em julho – a bela metrópole no norte alemão, sempre digna de uma visita, exceto nos últimos dias. Pois, em alguns lugares, a cidade não é mesma. O seu brilho desapareceu por trás de nuvens de fumaça, de jatos lançados por canhões de água, de black blocs, de policiais de aparência marcial.

Por trás de arame farpado, de grades de segurança, de bloqueios de estradas, do trânsito caótico nas estradas e nos trilhos. Automóveis em chamas, tanto carros de luxo quanto veículos de família. Seja o que for, o que importa é que queime.

Tem início então o jogo infantil: quem começou? Quem é culpado? A polícia, que intervém de forma "desproporcional", até mesmo provocando? Os manifestantes? Muitos deles com uma atitude pacífica, mas nem todos. Poucos, que se escondem atrás daqueles que, por diversas razões, são contra essa cúpula, contra o sistema, contra a injustiça no mundo, contra qualquer coisa. Isso é a democracia, é possível ser contra, pode-se mostrar isso.

Hamburgo é conhecida por sua cena alternativa. Mas isso também é Hamburgo: ninguém se entende, não importa se lá encima no nobre distrito de Bankenese ou lá embaixo nos bairros de St. Pauli ou no Schanzenviertel.

Mas, de uma forma e outra, geralmente tudo mundo é deixado em paz. E é por isso que o Rote Flora, o centro dos alternativos, também já existe há tanto tempo.

Então era facilmente previsível que tais confrontos acontecessem. Para essa cena alternativa, é o evento do ano. Ainda melhor quando não há custos de viagem, já que o inimigo – no caso o G20 – vem visitar diretamente a cidade. Antes da cúpula se pôde ver que protestos também podem ser feitos de forma colorida, criativa e barulhenta. Mas, para alguns, isso não é suficiente. Tem que queimar, tem que fazer bagunça, afinal de contas a polícia não deve vir à toa. É preciso pôr mais água no canhão.

O ruim é quando os vidros de vitrines no próprio Schanzenviertel também vêm abaixo, porque ali também tem roupas de marca e não somente vestuário de malha ecológica e de produção justa. O ruim é quando os moradores, que gostam de morar ali, mas não têm o mínimo interesse em violência, também são afetados.

Mais uma vez, em palavras bem claras: manifestações são válidas, a liberdade de expressão é um bem valioso – assim, o entorno da cúpula também é um exemplo de democracia para os chefes de Estado e governo no encontro, que não veem isso exatamente dessa forma. Mas tudo isso que manifestantes pacíficos criticam na globalização em geral e principalmente na cúpula – tudo isso some nas nuvens de fumaça dos caóticos. E, assim, também na insignificância.

O Estado tem que agir contra essa violência. Quem atira em helicópteros da polícia com fogos de artifício deve ser punido. Isso não se pode negar. Isso diz a lei. E se houve alguma coisa desproporcional na atuação policial, então é o caso de entrar com um processo judicial para que isso seja esclarecido. É assim que funciona o Estado de Direito.

E quando as nuvens de fumaça tiverem passado, quando Hamburgo mostrar novamente o seu lado bonito: então Blankenese e Schanzenviertel vão se encontrar novamente numa hamburgueria americana ou numa loja de móveis sueca. A vida tem que continuar.

 

 

 

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