A primavera brasileira: Existe algo além de atos de mudança?

André Luís Woloszyn
Analista de Inteligência Estratégica


Os protestos que vem ocorrendo em diversos estados brasileiros envolvendo milhões de participantes e que tomou de surpresa e até de espanto as autoridades  constitui-se  em um novo, extraordinário e já histórico movimento de pressão popular. Direcionado, inicialmente, a problemas pontuais que envolvem grande parcela da sociedade, teve início, aparentemente, pela insatisfação geral contra a forma com que algumas questões que envolvem diretamente o cotidiano da população são tratadas pelo poder público  a décadas.

Além de uma inequívoca demonstração do poder mobilizador das redes sociais na defesa de um sentimento coletivo latente e da força das massas quando  direcionadas para um objetivo comum, o que mais chama a atenção nestes episódios, é o fato de que, diferentemente de ações semelhantes ocorridas no passado, esta não envolve os movimentos sociais ou partidos políticos que, tradicionalmente, eram, até então, seus maiores e únicos patrocinadores.

As ações tomaram proporções gigantescas repercutindo internacionalmente onde centenas de pessoas saíram as ruas nas principais capitais europeias em protesto de apoio ao movimento e as lutas históricas por mudanças sociais que ainda não saíram do papel, especialmente no que se refere a educação e a saúde.

Os episódios denotam de forma clara que a percepção positiva do Governo Federal sobre o crescimento econômico e social não é a mesma compartilhada pela maioria da população.

Mas, ainda é cedo para uma avaliação mais ampla sobre as repercussões sociais deste fenômeno popular que guarda algumas semelhanças com o que ocorreu em 2010 em países do Oriente Médio e África que ficou conhecido como a primavera árabe.

A questão da violência

O grande problema deste tipo de ativismo é a infiltração de anarquistas, que envoltos pela massa, aproveitam-se da situação para realizarem atos de vandalismos, saques, furtos e depredações, distorcendo o objetivo maior do movimento. Constantes confrontos com forças de segurança, manifestações públicas violentas e danos ao patrimônio público e privado são ações típicas de uma situação de rebelião, tecnicamente a primeira fase de uma guerra civil. A continuidade de ações de violência pode evoluir para uma segunda etapa, a da insurgência, mais difícil de ser controlada apenas por forças policiais. 

A coordenação

Embora as ações de protestos sejam coordenadas em diversas capitais pelas redes sociais, existe aparentemente uma coordenação por grupos que atuam em diversos momentos e locais. A maioria, de forma pacífica  que tem como objetivo apenas os protestos por mudanças sociais. Porém outros grupos, como mostram imagens em vários pontos do país, atuam com a  finalidade exclusiva da prática de vandalismo. Este modo de atuação pode ser proposital tendo o intuito de dividir as forças de segurança que por questão de recursos humanos e materiais, não podem estar em diversos locais com o mesmo grau de eficácia.

 

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