Indígenas de Mato Grosso do Sul recebem missão humanitária

Maristella Marszalek

Em prosseguimento às ações conjuntas dos Ministérios da Defesa e da Saúde para o combate ao novo coronavírus junto às populações indígenas, teve início, no domingo (23), a Missão Miranda. O foco é reforçar os atendimentos de saúde e levar insumos médicos para aldeias localizadas no município de Miranda e em seu entorno, no Estado de Mato Grosso do Sul, na Região Centro-Oeste.

O Polo Base da Secretaria de Saúde Indígena de Miranda é responsável pelo atendimento à saúde de mais de 8 mil indígenas, em sua maioria da etnia Terena. A equipe de saúde das Forças Armadas, composta por médicos clínicos gerais, ginecologistas obstetras, infectologista, além de enfermeiros e técnicos de enfermagem, apoiará com atendimentos especializados durante toda a semana. Serão assistidas as aldeias de Moreira, Passarinho, Babaçu, Maraóxapá/Charqueado, Kinikinaw/Boa Esperança, Cachoeirinha, Lagoinha, Morrinho, Argola/Mãe-Terra e La Lima.

São 23 militares das Forças Armadas, oriundos de Organizações Militares de várias regiões do País. O Tenente do Exército Eldo de Brito Ferreira Chaves é médico do 72º Batalhão de Infantaria Motorizado, em Petrolina, Pernambuco. Para chegar na Base Aérea de Brasília, Ala 1, de onde partiu a missão, viajou para Recife, depois para Natal e, de lá, finalmente, para a capital federal.

A distância percorrida não desanimou o Oficial: “Acredito que será um grande desafio para todos nós, devido às particularidades, inclusive culturais, da população indígena. Já participei de Ações Cívico-Sociais em comunidades de baixa renda, mas, de missão humanitária dessa proporção, é a primeira vez. Uma grande oportunidade", avaliou.

A Tenente da Aeronáutica Leandra Ferreira do Nascimento Rodrigues, ginecologista obstetra do Hospital da Força Aérea de Brasília (HFAB), já com experiência nesse tipo de atividade, não esconde a emoção de participar da Missão Miranda.

“Um trabalho que, verdadeiramente, mostra a nossa função como militares e como profissionais de saúde, afinal, fomos treinados para atuar nas adversidades que o cenário exige e temos que honrar o nosso juramento de médico”, completou a Oficial.

A Capitão de Fragata Daniella Nogueira, encarregada da Divisão de Medicina do Hospital Naval de Brasília, como integrante mais antiga, será a chefe da equipe de saúde da Missão Miranda. A médica participou de missões humanitárias no Chile, Haiti e em outros países da América Central, mas é sua primeira ação em terras indígenas brasileiras.

“Atuei em várias situações calamitosas pelo mundo afora, mas, agora, terei a oportunidade de participar de uma ação humanitária com os indígenas do nosso País. Para mim é um presente, e acredito que será extremamente engrandecedor. Estamos com uma equipe multidisciplinar, de todas as Forças, para atuar nessa guerra contra a Covid”, disse entusiasmada.

Para os atendimentos, e também para abastecer o Polo Base de Miranda, foram enviadas cerca de 2,5 toneladas de insumos, entre eles equipamentos de proteção individual (EPI), materiais, medicamentos e testes da Covid-19.

Protocolos de Segurança

Como forma de assegurar a saúde e a integridade dos indígenas, os integrantes da missão são submetidos a protocolos rígidos de saúde em relação, principalmente, à COVID-19. Todos precisam apresentar o exame molécular de RT-PCR negativo e, imediatamente antes do embarque, são realizados testes rápidos imunológicos (IgM e IgG) e inspeção sanitária, para comprovar a ausência de sinais e sintomas que possam sugerir a doença. Além disso, durante todas as ações e atendimentos, os profissionais de saúde estarão paramentados com EPI, concretizando a proteção total aos indígenas atendidos.

“Estamos levando todos os nossos profissionais testados, para assegurar a saúde das populações indígenas e a da própria equipe. Queremos garantir que embarquem com saúde e retornem com saúde”, enfatizou o Secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa, General Manoel Luiz Narvaz Pafiadache, durante o embarque da Missão em Brasília.

A coordenação da Missão Miranda é de responsabilidade do Comando Conjunto Oeste e a base será no 9º Batalhão de Engenharia de Combate (9º BE Cmb), em Aquidauana, município vizinho à Miranda e distante 140 Km da capital, Campo Grande.

Operação Covid-19

O Ministério da Defesa ativou, em 20 de março, o Centro de Operações Conjuntas, para atuar na coordenação e no planejamento do emprego das Forças Armadas no combate ao novo coronavírus. Nesse contexto, foram ativados dez Comandos Conjuntos, que cobrem todo o território nacional, além do Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), de funcionamento permanente.

A iniciativa integra o esforço do governo federal no enfrentamento à pandemia. As demandas recebidas pelo Ministério da Defesa, de apoio a órgãos estaduais, municipais e outros, são analisadas e direcionadas aos Comandos Conjuntos para avaliarem a possibilidade de atendimento. De acordo com a complexidade da solicitação, tais demandas podem ser encaminhadas ao Gabinete de Crise, que determina a melhor forma de atendimento.

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