Forças Armadas estão na linha de frente no apoio à saúde da população brasileira

Mariana Alvarenga e André Pinto

No dia 5 de agosto, é comemorado o Dia Nacional da Saúde. Em meio à maior pandemia do século 21, as Forças Armadas auxiliam a população brasileira no combate à proliferação do novo vírus, com a Operação Covid-19. Entre as ações desenvolvidas estão o apoio logístico no transporte de equipamentos e medicamentos, bem como o envio de profissionais de saúde militares para localidades de difícil acesso.

A Marinha, o Exército e a Aeronáutica tornam possível a chegada de materiais de saúde às localidades mais distantes do Brasil. Tal apoio atinge aldeias isoladas onde, muitas vezes, só é possível chegar por meio aéreo. Uma dessas ações é a Missão Xavante, iniciativa interministerial que leva assistência médica, medicamentos e equipamentos de proteção individual para população indígena no Estado de Mato Grosso. Médicos de diversas especialidades foram deslocados para a região. Até o momento, foram atendidos cerca de 9 mil indígenas. A missão, dividida em três partes, está na segunda fase e a última etapa deve ir até 16 de agosto.

Outra iniciativa semelhante foi a Missão Yanomami. Um total de 24 militares profissionais de saúde foram deslocados para o 4º Pelotão Especial de Fronteira (PEF) de Surucucu, em Roraima.

A Subdiretora de Saúde Operacional do Exército, Coronel Médica Carla Clausi, informa que desde a deflagração da Operação Covid-19 foram realizadas cinco missões junto às comunidades indígenas. Ela enfatiza a importância dos profissionais de saúde nesse momento. “Nós temos muito o que comemorar no dia de hoje, porque a saúde é a que realmente está enfrentando essa guerra contra o coronavírus. Vemos o quanto nós estamos sendo importantes. Além de estarmos salvando vidas, batalhando nessa guerra no dia a dia, percebemos o quanto a gente tem ajudado, como Forças Armadas, a população indígena. Até o final do ano, além das comunidades indígenas, vamos dar assistência às comunidades vulneráveis”, salientou.

Ela destaca que a assistência vai além da pandemia, levando atendimentos de outras áreas. “Fazemos teste e diagnóstico, mas não estamos preocupados só com a pandemia, mas com a saúde comunitária de maneira geral. Levamos pediatras, infectologistas, cardiologista”, informou.

Carla Clausi reitera que a aproximação com as comunidades indígenas contribui para melhorar a qualidade de vida daquelas pessoas. As equipes de saúde das Forças Armadas colecionam relatos de pessoas cujo atendimento foi crucial, nos mais diversos casos de enfermidades. “Para nós que somos da área de saúde, o maior pagamento que tem é a felicidade de saber que podemos contribuir para melhorar a qualidade de vida dessa população mais carente e salvar vidas”, assegurou.

Logística

O Centro de Coordenação de Logística e Mobilização do Ministério da Defesa, em parceria com Ministério da Saúde, atua no planejamento das missões. O Ministério da Saúde apresenta as necessidades e disponibiliza os materiais para os locais a serem atendidos.

“As Forças Armadas fazem a diferença nessa pandemia, com a disponibilidade de transporte e de pessoal comprometido, possibilitando transportar com segurança e precisão”, disse a Coronel Beatriz Ferreira, que atua no Centro de Coordenação de Logística e Mobilização. Ela lembra que a parceria das Pastas da Defesa e Saúde foi fortalecida nesse período de pandemia, permitindo que equipamentos médicos sejam distribuídos às localidades que necessitam. No caso de missões indígenas, a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, informa à Defesa as localidades que precisam de apoio e é formada uma ação interministerial para atendê-las.

Desenvolvimento científico

A preocupação com a saúde dos brasileiros também ocorre no campo da pesquisa científica. Os centros de pesquisa das Forças trabalham com afinco no desenvolvimento de tecnologias que auxiliam no tratamento de pacientes acometidos pelo patógeno. É o caso do ventilador pulmonar Inspire, criado em parceria pela Marinha do Brasil e a Universidade de São Paulo (USP). O equipamento já é usado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

“Antes da pandemia, tínhamos pouquíssimas empresas nacionais que faziam aparelhos de saúde, principalmente de terapia intensiva. Hoje, o número saltou de cerca de duas ou três para 15 ou mais empresas que passaram a desenvolver respiradores artificiais”, comemora a Coronel Médica Carla Clausi. 

Ela lembra, ainda, que aumentou o número de companhias que produzem equipamentos de proteção individual, álcool em gel e outros materiais necessários para combater o novo coronavírus. “É uma série de atitudes que a gente percebe com a flexibilidade que o brasileiro tem, com a capacidade de adaptabilidade. A indústria brasileira conseguiu desenvolver esses produtos”, ressaltou.

Outra iniciativa semelhante foi desenvolvida por equipe coordenada pelo Sargento do Exército Rodrigo Costa dos Santos, de Maceió, Alagoas. O Respiral 2.0, como é chamado, foi projetado para ser uma alternativa aos ventiladores mecânicos utilizados para tratamento de pacientes graves de Covid 19.

Em mais uma parceria com instituição de ensino superior, o Ministério da Defesa, por meio da Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD), articulou a aproximação entre a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Curitiba, e a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). O intuito foi o desenvolvimento do túnel de desinfecção com ozônio úmido, estrutura que promove a desinfecção humana sem agredir a saúde e, assim, evitar a proliferação do vírus. 

A ação obedeceu ao conceito da tríplice hélice, que estabelece a aproximação entre poder público, academia e iniciativa privada. O projeto foi iniciado na universidade, mas apresentava necessidade de apoio financeiro. Após tratativas, a entidade industrial investiu R$ 250 mil no projeto.

A expectativa é de que, no mês de agosto, o equipamento esteja pronto para ser submetido à avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Uma vez registrado no órgão, o produto poderá ser utilizado em ações de combate à Covid-19 em fronteiras e nas indústrias brasileiras.

“Havia a necessidade da aquisição de equipamentos. Se fosse esperar os processos da universidade, o projeto iria demandar um prazo longo. Nesta guerra contra o vírus não podemos perder tempo”, reiterou o Diretor do Departamento de Promoção Comercial da SEPROD, General Luís Antônio Duizit Brito. Em junho, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica desenvolveu equipamento capaz de identificar o coronavírus no ar. O aparelho foi projetado a partir de tecnologia usada em equipamento que monitora nuvens radiológicas e detecta se há radiação na área. Será possível, com essa inovação, monitorar áreas de 50 metros quadrados e indicar possíveis riscos de contaminação do vírus nesses espaços.

A atuação dos militares está engajada não só em frear a proliferação do coronavírus como também no apoio ao tratamento de pessoas com a doença ou com outras enfermidades. Assim, para salvar vidas, mais de 20 mil militares contribuíram com doações de sangue para garantir os estoques dos hemocentros por todo o País.

 

 

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