S40 Riachuelo III – O motor diesel-elétrico

Nota DefesaNet

DefesaNet reproduz a excelente cobertura realizada pela equipe de Zero Hora, liderada pelo jornalista Rodrigo Lopes e equipe. Série composta por cinco artigos.

S40 Riachuelo I – O Berço dos Submarinos Brasileiros Link

S40 Riachuelo II – Por Dentro do Gigante de Aço Link

S40 Riachuelo III – O motor diesel-elétrico Link

S40 Riachuelo IV – O Alagamento do  Compartimento de Máquinas! Link

S40 Riachuelo V- A Fortaleza de Itaguaí Link

Equipe de Redação e Produção

Rodrigo Lopes – Texto

Paola Gndolfo e Anna Fernandes – Arte

Julio Cordeiro – Fotos

jornal Zero Hora ediçao 1-2 Dezembro 2018

 

Motor a diesel exige subidas à superfície

Aqui dentro, mais ao fundo, estamos no coração do submarino: as baterias que movimentam o motor elétrico. De tempos em tempos, precisam ser recarregadas por meio de um motor a diesel acoplado a um gerador, que puxa o oxigênio da atmosfera. Se a embarcação está submersa, não é necessário emergir. Basta lançar até a superfície o snorkel. Como se fosse um grande aspirador de pó, a estrutura suga oxigênio para dentro do submarino. A profundidade a partir da qual o equipamento pode executar um snorkel é de cerca de 15 metros. Essa fundura vale também para o periscópio.

Embora um procedimento normal de qualquer submarino convencional, expor o snorkel acaba denunciando a presença da embarcação. Em tempos de guerra, é quando o aparelho fica vulnerável a inimigos. Pousado no fundo do mar, sem movimentar motor, o Riachuelo pode ficar até um dia sem trocar oxigênio. No caso do submarino nuclear, não há esta limitação, já que o reator nuclear pode mantê-lo indefinidamente debaixo d'água.

O motor diesel-elétrico

Submarino

Observo o relógio, passaram-se 10 minutos no interior do Riachuelo. Apesar do gelo do ar condicionado, o suor escorre pela testa. Tomamos a direção da proa. O capacete protege das batidas nos cabos pendurados no teto. Na maior parte do tempo, é possível caminhar em pé. Quando chegamos à vante (parte frontal), os seis tubos de lançamento de torpedos impressionam pelo tamanho.

A embarcação será equipada com os torpedos F-21, capazes de viajar a 50 nós (93km/h) e de ter o curso desviado no meio do caminho.

Um pouco atrás desta seção, fica a ponte de comando. Já acostumado com os espaços exíguos, estranho a área maior para deslocamento. Aqui está o cérebro do submarino: os controles que enchem os tanques para fazer a embarcação afundar ou os esvaziam para trazê-la de volta. No centro da sala, além da mesa tática está o periscópio, ícone dos submarinos desde que o holandês Cornelis Drebbel inventou esse tipo de embarcação, em 1620.

Submarinos não têm "janelas". É por meio do periscópio, semelhante a um telescópio, que gira 360 graus em seu eixo, que os olhos vigilantes do comandante Vale observarão a superfície: se chove ou faz sol, se há navios amigos ou inimigos lá em cima ou se a tão esperada terra, sempre celebrada por marinheiros saudosos de casa, está à vista. Nas laterais, a boreste (direita), ficam os sistemas de combate da embarcação, que movimentam os torpedos. A bombordo (esquerda), os controles que movem a nave. O timão, um joystick, como os de videogame dos anos 1980, cabe na palma da mão. Um movimento sensível faz mexer o leme e as 2 mil toneladas de aço, sistemas e seres humanos.

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