Objetivo Claro para Planejamento Correto

OBJETIVO CLARO PARA PLANEJAMENTO CORRETO

 

Amazonino de Andrada

 

Há incerteza em todos os eventos, quer pessoais, quer empresariais, quer na condução dos Estados. Apenas trataremos desta última.

O primeiro passo para planejar é fixar objetivos. Que não podem ser vagos, mas tão precisos quanto se exige para fixar metas.

O Brasil não firmou a tradição de planejamento, tão comum nas nações bem sucedidas. Na Era Vargas foi tentado e até iniciado um planejamento governamental. Foi um militar, o General Severino Sombra, quem levou um opúsculo seu sobre Planejamento para Vargas. Mas a ausência de estrutura organizacional e recursos humanos adequados não culminaram na atividade formalizada do planejamento governamental. E depois, e até hoje, só tivemos, no sentido técnico e integral, Planos de Governo, com JK (Plano de Metas) e com os militares (PAEG, PND I, II e PND III).

 

As crises econômicas e políticas iniciadas em 1980, que prosseguiram, em graus variados, até hoje têm colocado a elaboração de Planos Plurianuais de Governo fora da pauta administrativa. O que é um erro e acarreta uma incapacidade de administração. Confunde-se orçar com planejar.

 

O momento atual é sumamente grave. A Guerra Híbrida que se trava não é a guerra de dois polos como a Guerra Fria. É uma guerra onde as armas não são de destruição nuclear, nem haverá tempo para questionar vencedores. Ela é múltipla, se travará nas comunicações, com epidemias e em questões regionais (Amazonas) e locais. Somente a visão global do planejamento permitirá enfrentá-la.

 

Como se aprende nos Manuais para os Altos Estudos de Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra (ESG), o primeiro passo para planejar é ter o conhecimento completo da situação atual, interna e externa, eventualmente de suas origens. Os levantamentos de dados precisos, como fonte primária de análise, são indispensáveis.

 

Não pretendo criticar, mas um membro da administração federal afirmar que foi pego desprevenido pela ausência de comunicação de país vizinho, apenas torna claro que ele não tinha ações planejadas. Agia de acordo com as circunstâncias. E evidentemente faltaram-lhe, com de fato faltaram, os recursos mínimos para enfrentamento da crise.

 

Em face do conhecimento da realidade objetiva e das análises dos fatores quer propulsores quer adversos, impulsionadores e antagônicos, são estabelecidos o objetivo fundamental e os objetivos ou metas setoriais, para o período do Plano.

 

Não há milagres nem ideias de gênios; é o trabalho sério e minucioso e a fixação de objetivos nítidos e realistas que dará consistência ao Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), de onde decorrerão os Planos Nacionais de Desenvolvimento Nacional (PND).

 

Em nosso entender, o primeiro passo deve ser a criação de uma Secretaria de Planejamento, na estrutura da Presidência da República, cuja primeira missão será elaborar o PPAG e os PNDs.

Já mostrando a contemporaneidade e capacidade de articulação, esta Secretaria atuaria de forma sistêmica, com um Conselho de Gestão, composto de representantes de órgãos públicos e privados que trariam análises, reflexões e alertariam para consequência das rotas propostas. Seria uma forma de integração, pela participação ativa, e garantir a consistência do trabalho dos analistas e elaboradores do Plano, sob a orientação e objetivos definidos pela Presidência.

E não se pense ser tarefa fácil. Pergunte aos Presidentes das Grandes Corporações Supranacionais. A Shell, empresa binacional, que atua em diversos segmentos, como da energia e da química, recrutava doutores (Ph.D.) em história, na convicção de que o estudo do passado seria orientador da previsão do futuro, para compor sua equipe de analistas de planejamento.

Os militares, pela própria ação de Estado Maior, tem familiaridade com o planejamento. Resta dar uniformidade e métodos comuns a todo órgão público para que se obtenham um Plano Global e Integrado.

Nos trabalhos de Governos anteriores ficou claro que planejar é muito distinto de buscar soluções econômicas. Estas, isoladamente, pouco contribuem. Planejar é ação global; interfere em todas as expressões do poder. E nas condições que observamos atualmente, as expressões política e psicossocial merecem especial atenção.

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