França vai reavaliar gastos miliares e Paris pede mais cooperação europeia para Defesa

O assunto ganha destaque no momento em que países ocidentais enviam ajuda militar à Ucrânia, invadida por tropas russas. O presidente Emmanuel Macron disse nesta segunda-feira (13) que a França vai reavaliar seus gastos militares, entrando em uma "economia de guerra" face à invasão russa da Ucrânia.

Ele também reforçou o apelo para construir uma indústria de Defesa europeia "muito mais forte". A fala foi dita na abertura da Eurosatory, a maior exposição internacional de defesa e segurança terrestre que acontece em Villepinte, nordeste de Paris. Para Macron, foi uma oportunidade para abordar “a convulsão geopolítica causada pela guerra na Ucrânia”.

Sobre as consequências do conflito, a França deverá "entrar em uma economia de guerra na qual acredito que teremos que nos organizar por muito tempo”, disse Macron. Assim como muitos países europeus que, preocupados com sua segurança, anunciaram um aumento no orçamento de Defesa, a França também revisará suas necessidades em razão do conflito ucraniano.

O presidente francês propõe uma "reavaliação" da lei de programação militar (LPM) 2019-2025 para "ajustar os meios às ameaças". "Pedi ao ministro das Forças Armadas e ao Chefe do Estado Maior das Forças Armadas que pudessem realizar, nas próximas semanas, uma reavaliação dessa Lei de Programação Militar à luz do contexto geopolítico", disse o chefe de Estado.

O orçamento do Ministério das Forças Armadas aumentará, em 2022, para € 40,9 bilhões, de acordo com o LPM 2019-2025, que prevê atingir os € 50 bilhões, em 2025. "Não esperamos as mudanças estratégicas para reinvestir", alertou Macron.

Porém, “o aumento das ameaças, ilustrado pelo conflito que assola a Ucrânia desde 24 de fevereiro, representa um requisito adicional para ir mais rápido, mais forte, ao menor custo", completou. O presidente, no entanto, não especificou se pretendia aumentar o orçamento de defesa mais do que o esperado ou se era uma questão de rever prioridades.

Requisição de armamento civil

O conflito na Ucrânia expôs as fraquezas da França, que quer um "modelo de Exército completo", mas apresenta carências no que diz respeito aos estoques de munição ou defesa terrestre.

A Direção-Geral do Armamento (DGA) prevê a proposição de um projeto de lei que permitisse requisitar, em determinadas circunstâncias, materiais civis ou de empresas para fins militares. A informação foi publicada pelo jornal Le Monde desta segunda-feira.

A maioria das empresas de defesa da França produz, também, para as necessidades civis. Inspirado na legislação americana, o projeto permitiria que elas mobilizassem seus esforços para a produção militar, sem que a França precisasse estar formalmente em estado de guerra.

O fortalecimento das capacidades de defesa também requer mais cooperação europeia, exigência feita por Macron desde que ele chegou ao poder, em 2017. "Não vamos reproduzir os erros do passado, gastar muito para comprar em outros lugares não é uma boa ideia", disse o presidente.

A vizinha Alemanha, que acaba de se equipar com um orçamento especial de € 100 bilhões para o seu Exército, decidiu comprar caças americanos F-35 e helicópteros pesados ??Chinook. Porém, Macron propõe que haja “uma preferência europeia".

"Precisamos fortalecer uma indústria de defesa europeia muito mais exigente e uma base industrial e tecnológica (…) senão construiremos as dependências de amanhã", concluiu. Apesar de um orçamento acumulado bastante inferior ao dos Estados Unidos, os países europeus têm muito mais modelos de tanques, fragatas ou armamentos diversos, e com preços mais altos.

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