China, Rússia e Afeganistão se destacam entre as prioridades da OTAN

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) afirmou nesta segunda-feira (14) em uma extensa declaração conjunta que suas prioridades são Rússia, China, Afeganistão, as "novas ameaças" e a urgência de uma maior cooperação com a União Europeia (UE).

Aqui estão cinco pontos centrais da declaração divulgada no final de uma cúpula realizada em Bruxelas.

Reforço militar da Rússia

"O crescente reforço militar da Rússia, sua postura mais firme, as novas capacidades militares e as atividades provocativas, inclusive perto das fronteiras da OTAN (…) ameaçam cada vez mais a segurança da região euroatlântica e contribuem para a instabilidade ao longo das fronteiras da OTAN e além", apontaram os líderes.

Na declaração, a OTAN também mencionou a "intensificação de ações híbridas", particularmente as "tentativas de interferir nas eleições e nos processos democráticos" de países aliados e "campanhas de desinformação em grande escala".

Ambições chinesas

Os países da OTAN registraram sua preocupação com as "ambições declaradas e o comportamento assertivo da China", já que causam "desafios sistêmicos à ordem internacional com base em regras e nas áreas de segurança" da aliança.

"A China expande rapidamente seu arsenal nuclear, com mais bombas e vetores mais sofisticados", diz a declaração comum, além de destacar que "está cooperando militarmente com a Rússia".

Novas ameaças

"O terrorismo, em todas as suas formas e manifestações, continua sendo uma ameaça persistente para todos nós. Os atores estatais e não estatais desafiam a ordem internacional com base em regras e buscam arruinar a democracia em todo o mundo", aponta a declaração.

"Nós enfrentamos cada vez mais ameaças cibernéticas, híbridas e assimétricas de outro tipo, incluindo campanhas de desinformação, e o uso malicioso de tecnologias emergentes e disruptivas cada vez mais sofisticadas", acrescenta o texto.

Além disso, aponta que "a mudança climática é um multiplicador de ameaças que afeta a segurança da aliança".

Defesa europeia

"A OTAN reconhece a importância de uma defesa europeia mais forte e eficiente. O desenvolvimento de capacidades de defesa coerentes, complementares e interoperáveis, evitando duplicações desnecessárias, é fundamental para os nossos esforços conjuntos para tornar a zona euroatlântica mais segura", afirmam os líderes.

Esses esforços "levarão a uma OTAN mais forte, ajudarão a fortalecer a nossa segurança comum, contribuirão para o compartilhamento transatlântico da carga, ajudarão a fornecer as capacidades necessárias e apoiarão um aumento geral do gasto em defesa", diz o documento.

Papel no Afeganistão

"A retirada das tropas da OTAN não significa o fim das nossas relações com o Afeganistão", diz a declaração.

Os líderes da aliança afirmaram que a OTAN continuará fornecendo "capacitação e apoio financeiro às forças de segurança e defesa nacional afegãs" e que manterão "um escritório do Alto Representante Civil em Cabul para continuar o compromisso diplomático e fortalecer nossa associação".

A OTAN está particularmente disposta a fornecer recursos para "garantir o funcionamento contínuo" do aeroporto internacional de Cabul.

OTAN assume posição dura em relação à China na primeira cúpula com Biden¹

Líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) rotularam a China como um país que vem apresentando "desafios sistêmicos" em comunicado nesta segunda-feira, tomando uma posição enérgica em relação a Pequim na primeira cúpula com Joe Biden, em uma aliança que Donald Trump abertamente desacreditou e ridicularizou.

O novo presidente dos Estados Unidos incentivou seus colegas líderes da OTAN a enfrentar o autoritarismo e o crescente poderio militar da China, uma mudança de enfoque para uma aliança criada para defender a Europa da União Soviética durante a Guerra Fria.

A declaração ao fim da cúpula, que agora definirá o caminho para a política de alianças, vem um dia depois de o Grupo dos Sete (G7) emitir um comunicado sobre os direitos humanos na China e Taiwan que Pequim disse ter difamado sua reputação.

"As ambições declaradas e o comportamento assertivo da China apresentam desafios sistêmicos à ordem internacional baseada em regras e às áreas relevantes para a segurança da aliança", disseram os líderes da OTAN em comunicado após a cúpula.

Biden também disse aos aliados europeus que o acordo de defesa mútua da aliança é uma "obrigação sagrada" para os Estados Unidos – em uma mudança de tom considerável em relação ao seu antecessor Trump, que havia ameaçado se retirar da aliança e acusado os europeus de contribuírem muito pouco para sua própria defesa.

"Quero que toda a Europa saiba que os Estados Unidos estão lá", disse Biden. "A OTAN é extremamente importante para nós."

Ameaça

A chanceler alemã, Angela Merkel, em sua última cúpula da aliança antes de deixar o cargo, em setembro, descreveu a chegada de Biden como o início de um novo capítulo. Ela também disse que é importante lidar com a China como uma potencial ameaça, mantendo-a em perspectiva.

"Se você olhar para as ameaças cibernéticas e as ameaças híbridas, se olhar para a cooperação entre a Rússia e a China, não se pode simplesmente ignorar a China", disse Merkel a repórteres. "Mas também não se deve superestimá-la – precisamos encontrar o equilíbrio certo."

Biden afirmou que a Rússia e a China não estão agindo "de maneira consistente com o que esperávamos".

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que a presença militar chinesa crescente, dos Bálticos à África, obriga a OTAN a estar preparada para defender a segurança com armas nucleares.

"A China está se aproximando de nós. Nós os vemos no ciberespaço, nós vemos a China na África, mas também vemos a China investindo pesadamente em nossa própria infraestrutura crítica", disse ele, referindo-se a portos e redes de telecomunicação.

"Precisamos reagir juntos como uma aliança".

Stoltenberg também declarou que os líderes concordaram em aumentar suas contribuições para o pequeno orçamento comum da aliança. A grande maioria dos gastos militares na OTAN é administrada separadamente pelos países membros.

Em um encontro no Reino Unido no final de semana, as nações do G7 repreenderam a China por causa da situação dos direitos humanos em sua região de Xinjiang, pediram que Hong Kong mantenha um grau elevado de autonomia e exigiram uma investigação completa sobre a origem do coronavírus na China.

A embaixada chinesa em Londres disse que se opõe resolutamente às menções a Xinjiang, Hong Kong e Taiwan, que disse terem distorcido os fatos e exposto as "intenções sinistras de alguns países, como os Estados Unidos".

"A reputação da China não deve ser difamada", disse a embaixada nesta segunda-feira.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ao chegar à cúpula, disse que há riscos e recompensas em relação a Pequim.

"Não creio que alguém ao redor da mesa queira entrar em uma nova Guerra Fria com a China", afirmou ele.

¹com agência Reuters
 

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