Estados Unidos e UE retomam aliança, mas persistem divergências

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reúne nesta terça-feira com os principais líderes das instituições europeias para retomar uma aliança que sofreu duros golpes nos últimos anos e ainda apresenta o desafio de superar disputas comerciais complexas.

A relação entre UE e Estados Unidos passou por momentos de grande tensão durante a gestão de Donald Trump na Casa Branca, e agora Biden afirma estar disposto a recompor o diálogo bilateral.

Em Bruxelas, o presidente americano se reunirá com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A eleição de Biden e a saída de cena de Trump provocaram um evidente entusiasmo nas capitais europeias, interessadas em restabelecer pontes com um grande aliado.

Uma fonte europeia afirmou que o encontro entre Biden, Michel e Von der Leyen "não vai resolver nada, mas a diplomacia está de volta".

Neste cenário, as duas partes demonstraram interesse em retomar a relação para para deixar evidente que as batalhas do período Trump são coisas do passado.

O tema mais urgente é encontrar uma solução para a grave disputa comercial, com tarifas punitivas de cada lado, que começou em 2018 quando Trump impôs tarifas elevadas à importação de aço e alumínio europeu.

A UE respondeu com a adoção de tarifas a produtos americanos que alcançaram 2,8 bilhões de euros.

Desde a chegada de Biden à Casa Branca, as partes deram sinais de interesse em uma solução, mas agora os europeus esperam gestos concretos e não apenas discursos.

Biden se volta à UE para renovar laços e acerta trégua em disputa sobre aeronaves¹

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encerrou uma frente da guerra comercial da era Trump ao se encontrar com líderes da União Europeia nesta terça-feira acertando uma trégua em uma disputa transatlântica sobre subsídios a aeronaves que se arrasta há 17 anos.

Na cúpula com líderes de instituições da UE em Bruxelas, Biden buscará reconstruir pontes depois de quatro anos durante os quais seu antecessor, Donald Trump, impôs tarifas à UE e defendeu a saída do Reino Unido do bloco.

Ao chegar ao encontro em Bruxelas, o presidente norte-americano disse que buscava "uma grande relação com a UE e a OTAN", porque isso é do interesse dos Estados Unidos. Ele disse a jornalistas que tem opiniões bem diferentes das de Trump.

"Acho que temos grandes oportunidades de trabalhar proximamente com a UE e a OTAN e nos sentimos bastante bem em relação a isso", disse Biden. "É esmagadoramente do interesse dos EUA ter uma grande relação com a UE e a OTAN. Tenho visões diferentes das de meu antecessor."

Biden e os europeus concordaram em descartar tarifas sobre 11,5 bilhões de dólares de bens, que vão de vinhos da UE a tabaco e bebidas destiladas dos EUA, durante cinco anos. As tarifas foram impostas como retaliação mútua devido à frustração dos dois lados com subsídios estatais para a fabricante de aviões norte-americana Boeing e a rival europeia Airbus.

"Essa reunião começou com um avanço no tema das aeronaves", disse a chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. "Isso realmente inaugura um novo capítulo na nossa relação, porque mudamos de disputas para cooperação no tema das aeronaves –após 17 anos de disputas… Hoje nós entregamos."

Biden se reuniu com Von der Leyen e com o chairman da UE, Charles Michel, que representa os governos do bloco.

Biden disse a líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que "a América voltou" em uma coletiva de imprensa em Bruxelas na noite de segunda-feira. Ele quer apoio europeu para defender democracias liberais ocidentais diante de uma Rússia mais assertiva e da ascensão militar e econômica da China.

"Estamos enfrentando uma crise global de saúde que ocorre uma vez por século", disse Biden, acrescentando que "Rússia e China estão ambas tentando dividir nossa solidariedade transatlântica."

De acordo com o esboço de um comunicado final da cúpula UE-EUA visto pela Reuters, Washington e Bruxelas se comprometerão a encerrar mais uma desavença a respeito de tarifas punitivas ligadas ao aço e ao alumínio.

Congelar os conflitos tarifários daria aos dois lados mais tempo para se concentrarem em pautas mais abrangentes, como as preocupações com o modelo econômico de matriz estatal da China, disseram diplomatas.

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