OTAN inicia maior exercício militar desde a Guerra Fria

Milhares de soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) chegaram à Polônia nesta terça-feira (06/07) para dar início ao maior exercício militar da aliança no Leste Europeu desde a Guerra Fria.

As chamadas manobras Anaconda, com dez dias de duração, têm como objetivo reforçar a segurança regional, sendo uma espécie de demonstra em meio à crescente influência da Rússia na região.

Moscou condenou as manobras, que considera provocações desnecessárias. O porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov, afirmou que elas não contribuem para uma "atmosfera de confiança e segurança". "Infelizmente, estamos testemunhando uma diminuição da confiança mútua", declarou.

Os exercícios ocorrem um mês antes de uma conferência da Otan em Varsóvia, que deverá selar o maior reforço militar da aliança desde a Guerra Fria, com mais tropas atuando em rotação entre os países do Leste Europeu.

O ministro da Defesa da Polônia, Antoni Macierewicz, disse que as manobras visam "verificar a capacidade da aliança de defender as frentes do leste". A iniciativa é atribuída aos temores resultantes da anexação da Crimeia pela Rússia.

As manobras Anaconda são as mais recentes de uma série de exercícios promovidos pela Otan na região. Elas envolvem 31 mil soldados de 24 países, incluindo 14 mil dos Estados Unidos, 12 mil da Polônia e mil do Reino Unido. Também participam militares de ex-países soviéticos, como a Ucrânia, envolvidos na chamada "Parceria pela Paz", que visa estreitar as relações entre a Otan e outros Estados da Europa e da antiga União Soviética.
 

A Rússia tem se manifestado contrariamente à expansão da Otan na antiga área de influência soviética, ressaltando que, em 1997, a aliança se comprometeu a não instalar bases permanentes nos países que integravam o antigo Pacto de Varsóvia.

"Guerra fria faz parte do passado"

O secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, tentou acalmar Moscou, afirmando que "a Guerra Fria faz parte da história e queremos que assim permaneça".

Na cerimônia de abertura das manobras, nesta segunda-feira, Stoltenberg ressaltou que "no longo prazo, temos apenas que entender que a Rússia é nosso maior vizinho". "Temos que nos relacionar e trabalhar em conjunto com a Rússia."

Alguns analistas lançam dúvidas sobre a estratégia da Otan, de empregar o revezamento de tropas ao invés de instalar bases permanentes, o que poderia por em risco a rapidez da mobilidade do contingente frente a uma ameaça de ataque.

Nos últimos anos, Moscou vem aumentando sua presença militar no Mar Báltico. Suas aeronaves violam com frequência o espaço aéreo de países da ex-União Soviética, como a Estônia. Em abril deste ano, um jato russo chegou a fazer voos rasantes sobre um navio destróier americano.

Apesar de ter cortado praticamente todas as cooperações com a Rússia em razão da intervenção do país na Ucrânia, a Otan planeja manter conversações formais com Moscou antes de sua próxima conferência, nos dias 8 e 9 de julho.

Rússia desdobra brigadas de infantaria mecanizada junto à Ucrânia¹

A Rússia iniciou o desdobramento de duas brigadas de infantaria mecanizada nas suas fronteiras ocidentais, junto à Ucrânia, em resposta à crescente atividade da Nato na Europa oriental, revelou à Agência "Interfax" uma fonte militar russa.

"Ao mesmo tempo que foram formadas três novas divisões (para cobrir as fronteiras com a Europa), realocaram-se para a fronteira ocidental duas brigadas de infantaria mecanizada desde o centro do país", explicou a fonte.

A 28ª brigada mecanizada, garantiu, começou a ser realocada desde Yekaterinburgo (Urais) à região de Briansk, enquanto a 23ª irá mudar o seu lugar desde Samara à região de Belgorod.

"Sem dúvida, estas medidas são a resposta à crescente atividade da Aliança Atlântica perto das fronteiras da Rússia", afirmou o interlocutor.

No início deste ano, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou a criação de três novas divisões de infantaria mecanizada que terão as suas bases nas regiões de Smolensk, na fronteira com a Bielorrússia; em Voronej e Rostov, fronteiriças com a Ucrânia.

A Nato pôs em 12 de maio no sul da Romênia componentes do seu escudo antimísseis, projetado e financiado pelos Estados Unidos, apesar das advertências e protestos da Rússia, que o considera um desafio para a estabilidade regional.

O presidente russo, Vladimir Putin, lançou durante a sua recente visita a Atenas a sua advertência mais dura à Roménia e Polónia sobre o começo dos escudos antimísseis, e chegou a afirmar que vai tomar medidas de represálias, já que considera o sistema defensivo uma clara ameaça à sua segurança.

¹com Agência EFE

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