ONU – Gen Div Santos Cruz assumirá consultoria

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, informou naquarta-feira (13JUN2018) que o secretário nacional de Segurança, General-de-Divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz, deixará o cargo para atuar como consultor da Organização das Nações Unidas (ONU).

Santos Cruz é general da reserva do Exército e comandou as missões de paz da ONU no Haiti (2007 a 2009) e na República Democrática do Congo (2013 a 2015).

O general assumiu a Secretaria Nacional de Segurança Pública em abril de 2017.

À época, a pasta era vinculada ao Ministério da Justiça. Em fevereiro, com a criação do Ministério da Segurança Pública, a secretaria foi transferida para o novo ministério.

Perfil

Natural de Rio Grande (RS), Santos Cruz tem 65 anos e é formado em Engenharia Civil. Em mais de quatro décadas no Exército, o miliar chegou ao posto de general de Divisão.

Com experiência internacional no currículo, Santos Cruz é conhecido por ser um general "linha de frente". Em 2015, na República Democrática do Congo, o helicóptero que levava o general brasileiro foi alvo de tiros de grupos rebeldes. A aeronave teve de fazer um pouso de emergência. "Essas coisas fazem parte do trabalho. Faz parte da vida”, disse Santos Cruz à época.

Além de comandar as forças da ONU no Haiti e no Congo, o general foi adido militar na embaixada do Brasil em Moscou (Rússia), entre 2001 e 2002.

O militar também atuou como conselheiro do Banco Mundial para a elaboração do Relatório de Desenvolvimento Mundial 2011 e integrou o grupo de conselheiros da ONU para a revisão do reembolso aos países que contribuem com tropas em missões de paz.

Em janeiro de 2016, Santos Cruz participou como palestrante do Fórum Econômico Mundial na Suíça.

Estudo sobre missões de paz

Em janeiro deste ano, as Nações Unidas divulgaram um relatório coordenado por Santos Cruz, que abordou causas de ferimentos e mortes violentas de soldados de paz em operações da ONU, chamados de boinas-azuis ou capacetes-azuis.

Segundo reportagem publicada pelo site das Nações Unidas, o relatório recomendou "mudanças de mentalidade dos oficiais de missões de paz, que devem abandonar postura excessivamente defensiva e responder com uso da força, quando necessário".

“Infelizmente, grupos hostis não entendem outra língua que não seja a da força”, registrou o relatório. O estudo foi feito partir de uma visita de 45 dias de Santos Cruz e outros dois oficiais de alto-escalão às operações da ONU na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana, no Mali e no Sudão do Sul. (Nota DefesaNet – Para a íntegra do Relatório acesse  ONU – Gen Div R1 Santos Cruz e o Relatório sobre Missões de Paz Link)

O estudo foi divulgado após o registro de 56 mortes de capacetes-azuis em 2017, o número mais alto registrado para um ano.

O relatório defendeu ajustar a postura dos contingentes da ONU, já que os grupos armados nos países que recebam as missões de paz se tornaram mais agressivos.

As Missões de Paz da ONU (UN Peacekeeping) completaram 70 anos de existência, no dia 29 de Maio 2018. Neste período as tropas foram pouco a pouco sendo guiadas para as Missões de Imposição de Paz.

Assim o Gen Div Santos Cruz comandou a primeira Missão da ONU, Congo, que tinha autorizaçãopara entrar em combate e tinha meios para tal.

Esta mudança de postura é o que o representante do Departamento de MIssões de Paz, Jean-Pierre Lacroix deseja implementar.

Substituto

De acordo com Raul Jungmann, a exoneração de Santos Cruz deverá ser publicada ainda nesta semana no "Diário Oficial da União".

O ministro informou, ainda, que levará ao presidente Michel Temer a sugestão do nome do substituto do general para chefiar a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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