Obama diz que base do acordo não é confiança, mas verificação

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou nesta terça-feira (14/07) o acordo alcançado em Viena com o Irã como um passo para frear a expansão de armas nucleares no Oriente Médio – "a região mais volátil do mundo".

Em discurso na Casa Branca, Obama disse que o acordo torna o mundo um lugar "mais seguro e otimista", e deixou claro que a base do entendimento "não é a confiança, mas a verificação".

Com o acordo, afirmou o presidente americano, "foram interrompidos todos os caminhos" para o Irã conseguir uma bomba atômica: "Por termos negociado de uma posição de força e princípios, hoje freamos a expansão de armas nucleares nessa região."

Obama salientou, porém, que o acordo não resolve as diferenças entre os dois países. “Se o Irã violar o acordo, todas as sanções vão voltar a ser impostas contra o país", disse, lembrando que o pacto prevê “acesso a qualquer área suspeita" e inspeções "quando e onde forem necessárias”.

Rohani: "Fim de resoluções ilegais"

Já o presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou que é hora de concentrar esforços em “desafios conjuntos”. Para ele, “pessoas corajosas tornaram o acordo possível após 23 meses de negociação e engajamento construtivo”. Trata-se de um dia, prosseguiu, que marca a “história do país e da revolução" e em que "uma crise desnecessária foi resolvida”.

Ele lembrou que, domesticamente, o desenvolvimento da tecnologia nuclear poderá continuar e, ao mesmo tempo, "foram canceladas" todas as resoluções do Conselho de Segurança que, na visão iraniana, “eram ilegais".

O presidente iraniano afirmou que o regime de sanções nunca teve sucesso, mas afetou a vida das pessoas no país. Para ele, o compromisso nuclear é uma vitória para todas as partes envolvidas. Rohani sublinhou que o acordo marca o início de uma relação de cooperação com o mundo e que os esforços de Israel para obstruí-lo foram em vão.

O acordo é uma grande vitória política tanto para Obama quanto para Rohani, um político pragmático eleito há dois anos com a promessa de reduzir o isolamento diplomático do regime dos aiatolás.

Com o acordo, as sanções impostas ao Irã por Estados Unidos, União Europeia e ONU serão removidas em troca de o governo iraniano concordar com restrições de longo prazo a seu programa nuclear – que países ocidentais suspeitavam ser uma fachada para a criação de uma bomba nuclear.

Acordo nuclear com o Irã é "erro histórico", diz Netanyahu

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta terça-feira (14/07) que o recém-anunciado acordo sobre o programa nuclear iraniano é um "grave erro de proporções históricas".

"Em todas as áreas em que se deveria evitar que o Irã tivesse capacidade de desenvolver armas nucleares, houve grandes concessões", divulgou o gabinete do primeiro-ministro israelense, citando suas palavras. "O Irã vai conseguir uma bolada de centenas de bilhões de dólares, o que vai possibilitar que o país continue a exercer sua agressão e terrorismo na região e no mundo. O Irã vai receber um caminho certo para as armas nucleares."

Miri Regev, ministra da Cultura e dos Esportes de Israel, disse que o acordo é "ruim para o mundo livre e para a humanidade", segundo a agência de notícias AP. Outro ministro teria dito que o acordo dá ao país "licença para matar".

A vice-ministra do Exterior de Israel, Tzipi Hotovely, por sua vez, disse no Twitter que o acordo com o Irã é "uma capitulação de proporções históricas do Ocidente ao eixo do mal liderado pelo Irã". Ela afirmou que Israel agiria "com todos os meios possíveis para tentar impedir que o acordo seja ratificado", sugerindo que o país pode tentar usar sua influência para barrar o acordo no Congresso dos EUA.

Israel tem liderado esforços para bloquear um acordo que retirasse as sanções impostas ao Irã. No passado, autoridades iranianas ameaçaram repetidamente destruir Israel, e o Irã também apoiou grupos de combate que atacaram Israel.

O acordo desta terça-feira foi alcançado entre Irã e o chamado grupo P5+1 – composto pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) mais a Alemanha – e prevê a suspensão de sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia ao Irã em troca de restrições de longo prazo no programa nuclear iraniano. Estão previstas inspeções criteriosas e permanentes das Nações Unidas no país.

Diplomatas afirmam, no entanto, que o embargo da ONU ao comércio de armas continuará em vigor por mais cinco anos. Um embargo semelhante, referente à transferência de tecnologia de mísseis balísticos, continuará em vigor por mais oito anos. Os dois embargos podem acabar mais cedo se a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmar que o Irã não está produzindo armas nucleares.

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