Notas Estratégicas BR – Europeus querem ajuda do Brasil para construir Arsenal da Democracia

Europeus querem ajuda do Brasil para construir Arsenal da Democracia

Nelson During
Editor-Chefe DefesaNet

Países europeus querem usar a Base Industrial de Defesa brasileira para recompletar seus estoques de munição após quase quatro anos de ajuda militar à Ucrânia.

À medida que a competição entre as potências globais se intensifica, a OTAN e seus parceiros estão repensando a forma como produzem, entregam e sustentam o poder militar.

O termo “Arsenal da Democracia” refere-se principalmente ao slogan de Franklin D. Roosevelt, em 1940, para descrever a produção industrial dos EUA que forneceu armas, blindados. caças, navios recursos para os Aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Inclusive vestiu inúmeros exércitos incluindo a Força Expedicionária Brasileira (FEB)

Os estoques de armamentoa, inclusive reservas estratégicas e os suprimentos dos principais países europeus oriundos da Guerra Fria se esgotaram após a invasão russa e o socorro aos ucranianos.

A indústria europeia produzia em baixa cadência e sofria com várias restrições ambientais e energéticas. A realidade era que seus países estavam acostumados com o conforto da segurança americana, por isso haviam perdido sua capacidade industrial e não tinham condições de suprir a imensa demanda que apareceu em 2022, e os Estados Unidos também ficou com sua capacidade de produção esgotada.

Em 2025, no governo de Donald Trump alguns países europeus passaram a reduzir sua dependência de Washington buscando novos parceiros no fornecimento e produção de armas. As declarações e ações de Trump com relação a Rússia e a ameaça de anexação da Groenlândia abalaram alguns dos pilares que sustentavam a aliança de segurança coletiva. A confiança nos EUA deixou de ser a mesma.

O Brasil tem um dos maiores parques de produção de armamento de pequeno e largo calibre do mundo. São produzidas com excelência munições de artilharia, morteiros e de bombas de aviação a foguetes, além de armas leves.

A Europa vê no Brasil a melhor oportunidade para recompletar seus arsenais no curto prazo e negócios com os europeus já estão em andamento através de tradicionais empresas de defesa. O objetivo é claro, reconstruir seus arsenais no menor tempo possível antes do próximo conflito. E os militares europeus já estão se preparando para uma guerra contra Rússia.

Entretanto, a burocracia tem atrapalhado os processos de exportação e algumas empresas fabricantes tem estudado transferir suas operações para o Paraguai ou mesmo para a Europa, buscando agilidade em processos e diminuição do “custo Brasil” que atrapalha a competitividade.

Apesar da confiança na qualidade do material brasileiro, muito superior a similares fabricados na Índia ou Egito, por exemplo, os europeus reclamam da burocracia e da falta de segurança jurídica. Depois da invasão russa da Ucrânia, a Europa flexibilizou seus processos de aquisição a fim de ter mais rapidez no recebimento de armamento.

Vários países europeus, além dos Estados Unidos, já demonstraram interesse na munição produzida no Brasil. A isso inclui-se grandes lotes de exportação de munição de artilharia e bombas de aviação para Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita.

Além do preço do frete e a demora na emissão das licenças, o grande gargalo é a produção de propelentes, cargas de projeção e TNT, a maior parte adquirida de países asiáticos como China e Vietnã. O investimento na produção local de TNT e dos químicos destinados a indústria bélica traria maior autonomia e competitividade a BID, reduzindo a dependência de países asiáticos. Esse investimento poderá vir do Governo Brasileiro para apoiar as empresas do ramo, além de ser um fator de interesse e segurança nacional, pois aumenta a autonomia e reduz a dependência externa.

Outros fatores que atrapalham as empresas brasileiras é a falta de apoio para conseguir garantias de crédito bancário necessárias a atividade de exportação, e também a certificação e homologação dos seus produtos no Brasil. Muitas empresas reclamam do tempo e custo para certificar junto as Forças Armadas. Isso deveria ser tratado mais profundamente entre Defesa e Indústria para encontrar uma solução.

Uma indústria de defesa pujante é sinônimo de soberania e projeção de poder nacional. Devemos aproveitar esse momento histórico e retomar nossa importância no concerto das nações, igual tivemos há cinquenta anos, quando nos tornamos um dos principais fornecedores de armamentos e equipamentos militares do mundo.

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