Setor naval se queixa da falta de encomendas da Petrobrás

Sergio Torres

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) fez chegar ao governo federal a insatisfação dos estaleiros e entidades representativas dos metalúrgicos com o ritmo das encomendas de novas embarcações.

Para o Sinaval, instituição que reúne os estaleiros brasileiros, o governo não pode contratar embarcações a companhia estrangeiras, pelo risco de desmobilizar um segmento que demonstra êxito no processo de recuperação de atividades desencadeado a partir de 2003.

Recém concluído, o balanço do Sinaval do quarto trimestre e do ano de 2012 expõe a preocupação do setor. Mas foi no discurso do presidente da entidade, Ariovaldo Rocha, proferido em solenidade na última quinta-feira, que o tema foi explicitado diante de dois representantes do governo Dilma Rousseff, o secretário nacional de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis, Marco Antônio Martins Almeida, e o presidente da principal empresa armadora do Brasil, a Petrobrás Transporte (Transpetro), Sérgio Machado.

"Estamos bastante preocupados no momento. (…) Estamos já carentes de novas obras, de nova política. Há aproximadamente quatro anos nós não temos uma nova licitação desses navios da Transpetro, que era dono de (…) aproximadamente 35% da área de navegação. Hoje está com 23%", lamentou Rocha ao falar no centenário Estaleiro Mauá durante a entrega à Transpetro do navio Rômulo Almeida.

Surpresa. Embora tenha mantido o costumeiro tom elogioso de suas manifestações públicas, o presidente do sindicato surpreendeu as autoridades presentes ao dizer que "o mercado internacional (…) está querendo tomar conta de algo que acredito que seja soberano para o País". "O transporte brasileiro tem que ser com bandeira brasileira, nós temos que brigar por este aspecto. (…) Somos brasileiros e não devemos nada a ninguém." No discurso, Rocha se referiu à falta de encomendas do Programa de Modernização da Frota (Promef) da Transpetro, cuja segunda etapa, a última implanta- : da até agora, data de dezembro de 2008.

A argumentação dos dirigentes dos estaleiros e da entidade que os representa é que a indústria naval brasileira só atingirá o padrão de excelência almejado se efetivamente for acionada e mobilizada.

A contratação maciça de empresas brasileiras, segundo Rocha, manterá em atividade os estaleiros e as empresas fornecedoras de bens e serviços, perenizando-os, aumentando a oferta de emprego – hoje são 62 mil trabalhadores em todo o Brasil – e garantindo a continuidade da atividade construtora naval pelas próximas décadas.

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