CSN abre guerra contra aço importado

Juliana Ennes | Do Rio

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) anunciou ontem que vai realizar diversos movimentos na cadeia produtiva para evitar a importação de aço, que no ano passado atingiu níveis muito elevados devido à crise financeira, que derrubou os preços no mercado internacional e levou empresas a realizarem estoques.

O diretor comercial da CSN, Luiz Fernando Martinez, afirmou durante teleconferência com analistas sobre o resultado da companhia que o patamar de importação ainda é elevado no país.

Segundo ele, no ano passado as importações chegaram a cerca de 25% do consumo. Hoje, estariam em torno de 12%. Mas o patamar ideal para que a indústria nacional conseguisse digerir, na opinião do diretor, seria em torno de 8%. "Mais do que isso é um absurdo, e seria um desastre para as cadeias produtivas", acrescentou.

Martinez afirmou estar fazendo movimentos na cadeia de utilização de aço para impedir a entrada de material importado no país. As negociações com montadoras já estão sendo iniciadas e a expectativa é de que estejam mais claras no segundo semestre.

O diretor da CSN acredita que as importações em abril já devem ser mais baixas do que a média registrada no primeiro trimestre. A importação de laminados a quente caiu 50% nos primeiros três meses do ano; a de produtos a frio, 60%; e apenas a queda de zincados ficou abaixo do esperado, com 30%.

De qualquer forma, ele admitiu que se o câmbio chegasse a US$ 1,63 já ajudaria muito a reduzir as importações. No entanto, Martinez considera que hoje há muitas variáveis a favor da não continuidade da importação, pois não valeria a pena correr o risco de importar somente em função do câmbio. Além disso, o diretor enxerga a possibilidade, inclusive, de realizar aumentos de preços.

"A gente trabalha de maneira cirúrgica no que diz respeito ao aumento de preços. A gente já implementou aumento na distribuição e na construção civil. Ainda teria espaço para mais", disse.

Ele acredita que haverá, inclusive, reajuste internacional de preços de produtos siderúrgicos. "Hoje, o mercado é orientado pela demanda da China e o custo no mundo. Não dá para a usina siderúrgica ficar dando prejuízo por muito tempo. Ninguém vai trabalhar para fazer prejuízo e perda".

Os preços do minério de ferro, atualmente, são controlados pela demanda chinesa, enquanto o aço é regido por custos, segundo Martinez. Mas a situação das matérias-primas foi considerada muito favorável a um aumento, ainda que discreto, no segundo semestre.

A expectativa é que os estoques sejam equalizados em um patamar confortável neste mês. Em fevereiro, chegou a um patamar considerado ideal, de 2,7 meses.

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