Ucranianos treinam golfinhos a colocar minas

Grigori Milenin

A História ensina que não são raros os casos em que a guerra obriga a Humanidade a fazer descobrimentos novos e revolucionários. Depois do fim da II Grande Guerra, quando o mundo se preparava para novos conflitos, os mais ilustres cérebros de ambos os lados do Atlântico “davam à luz” novos conhecimentos, materiais e tecnologias que se utilizavam, predominantemente, no interesse da defesa. Nos anos 1960, cientistas, tanto nos EUA como na URSS, passaram a estudar e treinar animais marinhos – golfinhos e focas – para serem utilizados com objetivos bélicos. Por exemplo, ambos os países preparavam os golfinhos para a destruição de navios inimigos, disse à Voz da Rússia o capitão-de-mar-e-guerra Konstantin Sivkov, vice-presidente da Academia dos Problemas Geopolíticos:

“Nosso sistema de treinos dos golfinhos prevê que o animal fique com vida, depois de cumprir sua missão. Foram criados artefatos explosivos que o golfinho devia colocar no casco do navio. Esse artefato desprendia-se do golfinho, o animal afastava-se a uma distância segura e depois disto o artefato explodia. Também a busca e a liquidação de sabotadores pressupunha que o golfinho ficasse com vida. O sistema de treinos norte-americano pressupunha a morte dos animais no cumprimento da maioria das missões."

Sivkov considera que os golfinhos sabem detetar minas marinhas e até mesmo mergulhadores de combate melhor que quaisquer aparelhos:

“Os golfinhos são treinados para procurar e detetar os alvos que o homem, mesmo utilizando meios técnicos, encontra com dificuldade. Em primeiro lugar, trata-se da localização de minas de fundo e mergulhadores de combate. Os golfinhos cumprem estas missões com maior eficácia.”

Segundo assinalou Konstantin Zgurovski, diretor do programa marinho da Rússia, do Fundo Mundial da Natureza, não foi por acaso que os cientistas, desenvolvendo o programa de utilização militar dos golfinhos, escolheram precisamente estes animais:

“São criaturas muito bem treináveis e muito inteligentes. Os referidos programas são eficientes mas espero que nunca cheguem a ser utilizados. Estes programas levam muitos anos mas desconheço um único caso em que os golfinhos fossem utilizados contra mergulhadores de combate.”

Depois do fim da União Soviética, a singular base de treino de golfinhos de combate, em Sevastopol, passou a pertencer à Ucrânia. Desde então, a situação dessa entidade científica foi se agravando de ano para outro: foi reduzido o financiamento, vendeu-se o equipamento, foram-se embora os especialistas. A imprensa russa e estrangeira escreveu que nos inícios dos anos 2000, a Ucrânia vendeu os golfinhos treinados que restavam ao Irã, onde eles pretensamente patrulharam o Estreito de Ormuz. Konstantion Sivkov não exclui que o reinício do programa de formação militar destes mamíferos pelos ucranianos possa ser motivada por novas encomendas dos militares iranianos.

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