Rússia rejeita proposta da França de revenda de navios Mistral

O governo de Vladimir Putin declarou nesta sexta-feira (15) que aceita um reembolso da França referente aos dois navios de guerra Mistral pagos por Moscou e nunca entregues pelo governo francês, em represália à intervenção militar russa na Ucrânia.

Porém, o Kremlin declarou ser contra a venda dos navios russos a terceiros por uma questão de "segurança nacional". A França apresentou uma proposta de reembolso aos russos atrelada à venda dos porta-helicópteros a outro país. As negociações continuam no impasse.

O jornal russo Kommersant publica hoje informações de bastidor sobre as negociações entre Paris e Moscou. Segundo a publicação, a França propôs devolver € 785 milhões aos cofres russos e, ao mesmo tempo, encontrar um comprador para os navios. Porém, o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Rogozine, já teria rejeitado oficialmente a oferta.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirma que as condições impostas por Moscou são claras: "ou os navios ou o dinheiro". A Rússia estima que o atraso na entrega dos navios franceses causou ao país um prejuízo de € 1,163 bilhão, escreve o jornal Kommersant.

Um alto funcionário do ministério da Defesa russo confirmou que a revenda dos navios está fora de cogitação, no momento. Segundo Iuri Iakubov, os Mistral foram construídos para a Marinha russa, "para nossos helicópteros e sistemas de controle". Esses navios "não podem, por enquanto, em nenhuma circunstância, serem cedidos a outro país, por uma questão de segurança nacional", disse Iakubov.

Os presidentes Vladimir Putin e François Hollande discutiram a situação dos Mistral quando se encontraram na última semana de abril em Yerevan, à margem das comemorações dos 100 anos do genocídio armênio.

Discussão amigável

Fontes francesas afirmam que "uma discussão amigável está em curso sobre as condições e o futuro do acordo", sem dar mais detalhes sobre avanços.

Concluído em 2011, sob a presidência de Nicolas Sarkozy, o contrato de venda dos dois porta-helicópteros é estimado em € 1,2 bilhão. A entrega do primeiro navio, batizado de Vladivostok, foi suspensa indefinidamente pela França no ano passado por causa do papel de Moscou na crise ucraniana. O segundo, chamado Sebastopol, nome da cidade na Crimeia onde fica baseada a frota russa no Mar Negro, tinha prazo de entrega até o final de 2015.

Há várias semanas, advogados tentam encontrar uma solução aceitável para as duas partes em litígio. O assunto envenena as relações entre Paris e Moscou. Em meados de abril, Putin indicou que a Rússia pretendia ser reembolsada pelas quantias já quitadas no âmbito do contrato, mas abria mão de cobrar as multas previstas por atraso.

 

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