Militares da saúde treinam para atuação em ambientes de combate

Atividade realizada no Centro de Medicina Operativa da Marinha, no Rio de Janeiro, ampliou a capacitação de profissionais de saúde

Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Larissa Vieira

Oficiais temporários de saúde do 8º Distrito Naval (8ºDN), sediado em São Paulo (SP), participaram, pela primeira vez, do Estágio de Medicina Operativa, promovido pelo Centro de Medicina Operativa da Marinha (CMOpM), no Rio de Janeiro (RJ). A iniciativa contou com duas turmas, cada uma composta por seis alunos.

O estágio, que se trata de uma versão reduzida do Curso de Saúde Operativa, teve duração de cinco dias por turma e foi conduzido por instrutores do CMOpM e do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Os participantes receberam instruções em atendimento pré-hospitalar em ambiente crítico, tomada de decisão sob estresse, liderança em combate, natação utilitária, rapel e patrulha, além de realizarem visitas a meios navais e de fuzileiros, como o Navio Doca-Multipropósito “Bahia”, que dispõe de um complexo hospitalar de grande capacidade.

Segundo o instrutor do curso, Primeiro-Tenente (Médico) Bruno Menderlson Dácio Silva, o estágio amplia a qualificação dos médicos temporários para a realidade da vida militar: “O objetivo é familiarizar os médicos do serviço militar temporário para que tenham uma melhor qualificação. Durante cinco dias, eles tiveram aulas de suporte básico de vida, liderança, patrulha e atendimento em combate. Puderam vivenciar de perto a versatilidade da saúde operativa, que consegue ser projetada do mar a qualquer terreno em terra, principalmente em situações de desastre.”

A Medicina Operativa é um segmento da saúde militar voltado ao atendimento em cenários hostis, como operações navais, missões humanitárias, situações de catástrofe e ambientes de combate. A área ganhou ainda mais relevância desde 2022, quando o Brasil obteve, junto à Organização das Nações Unidas (ONU), a certificação para atuar no nível 3 do Sistema de Prontidão de Capacidades de Manutenção da Paz (PCRS, na sigla em inglês). Esse nível representa o mais alto grau de prontidão exigido pela ONU, qualificando as Forças Armadas brasileiras para integrar missões de paz com tropas altamente treinadas, equipadas e capazes de serem desdobradas com rapidez em operações internacionais, o que amplia a necessidade de formação de profissionais de saúde com perfil operativo.

Para o Vice-Almirante Marco Antonio Ismael Trovão de Oliveira, Comandante do 8º Distrito Naval, o estágio representa um marco importante: “Capacitamos os Oficiais reservistas navais de saúde para trabalharem com mais eficiência. Eles saem preparados não só para ambientes de guerra, mas também para missões de busca e salvamento e situações de catástrofe, aumentando a capacidade operacional do Distrito e a possibilidade de salvar mais vidas.”

A experiência também foi destacada pelos participantes. A Primeiro-Tenente (Dentista) Tatiana Ramírez Barone classificou a vivência como transformadora: “Foi um divisor de águas. Poder conhecer esse lado da medicina operativa, o nível de capacitação dos instrutores e toda a estrutura da Marinha nos faz ver a Instituição com outros olhos. Foram dias desafiadores, física e psicologicamente, mas que ampliaram nosso conhecimento e reforçaram a importância dos protocolos que salvam vidas.” 

Capacitação contínua em saúde operativa

O CMOpM é referência nacional em formação de profissionais para atuar em ambientes críticos. Além do estágio de curta duração, também oferece um Curso de Saúde Operativa de cinco semanas. Nele, médicos, dentistas, enfermeiros e até militares não ligados diretamente à saúde recebem instruções voltadas para situações de combate, desastres e missões humanitárias.

A unidade mantém uma agenda constante de capacitações, como os cursos de Atendimento Pré-Hospitalar em Combate e Saúde para Socorristas, assim como os adestramentos de Suporte Básico de Vida, Evacuação Aeromédica e Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica para a Saúde (NBQR-S).

Como ingressar na área de saúde da Marinha

O ingresso no Corpo de Saúde da Marinha pode ocorrer por concurso público, aberto a candidatos com até 36 anos, com graduação completa e, em alguns casos, título de especialista ou residência médica. Os aprovados ingressam como Primeiro-Tenente e podem progredir na carreira até o posto de Vice-Almirante.

Outra possibilidade é pelo Serviço Militar Voluntário (SMV), aberto a profissionais de saúde com até 62 anos. O vínculo pode ser renovado anualmente por até oito anos, permitindo a atuação em diversas frentes da saúde milita

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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