Marinha do Chile ataca tráfico marítimo de drogas

Na noite de 25 de julho, a Marinha do Chile promoveu uma perseguição que terminou com a apreensão de uma embarcação de bandeira peruana, depois que seus ocupantes tentaram descarregar 38 kg de maconha prensada na enseada de Vitor, perto de Arica, no norte do país.

De acordo com informações oficiais, os ocupantes da embarcação ignoraram o sinalizador luminoso de advertência. Foi quando as autoridades navais atiraram no motor do barco, causando seu afundamento. Enquanto isso, em terra, quatro indivíduos, incluindo ao menos um chileno, aguardavam para descarregar a droga.

“Houve troca de tiros e os narcotraficantes fugiram em uma van 4×4. O veículo quebrou e eles escaparam a pé. Os pacotes da droga foram encontrados durante a busca”, declarou o governador marítimo de Arica, Juan Carlos Pons.

Os dois peruanos foram identificados como Jorge Anahua Mamani e Juan Malache Rugel. Um deles foi levado ao Hospital Iquique em estado grave; o outro foi detido.

Desde abril de 2011, o poder judiciário conferiu autoridade à Marinha do Chile para investigar o narcotráfico em vias marítimas. As autoridades de Iquique iniciaram uma investigação conjunta com a Marinha para averiguar a possibilidade do tráfico de grandes quantidades de drogas para o Chile pelo mar.

“Nós tínhamos pistas, mas esta é a primeira apreensão de narcóticos em um barco realizada pela Marinha”, informou Pons.

Manuel Guerra, promotor regional de Tarapaca, tem 90 dias para concluir a investigação enquanto tenta localizar os três indivíduos que abandonaram a carga de drogas antes de fugir.

O ministro da Defesa, Andres Allamand, recentemente explicou como os narcotraficantes se infiltram no litoral norte do Chile e como 150 agentes são empregados na luta contra os “aqua-narcos” – traficantes que trazem drogas de diversos países através de rotas marítimas.

“A Polícia Naval age como uma força especial marítima. É formada por agentes altamente treinados e qualificados”, declarou Allamand a repórteres em Santiago. Ele explicou que o incidente em questão “revelou um modus operandi que é realizado em outros países, onde as embarcações são muito difíceis de serem detectadas, e que possuem capacidade de alta velocidade para penetrar as águas territoriais chilenas”.

A apreensão realizada em Vitor não foi o único incidente dessa natureza naquela semana. Em 28 de julho, a Brigada Antinarcóticos do porto de San Antonio desbaratou uma rede internacional de narcotráfico chefiada por cidadãos colombianos. Constatou-se que a maconha prensada era traficada através de malas transportadas em ônibus interestaduais – para evitar suspeitas sobre seu conteúdo – e estavam aparentemente sendo transferidas da Bolívia para Calama, no norte do Chile.

Em 31 de julho, durante uma verificação de rotina em uma rodovia, policiais do distrito chileno de Lampa, desmascararam uma quadrilha internacional de narcotráfico e prenderam três bolivianos. Foram encontrados 21 kg de pasta-base de cocaína – na forma sólida, em pedra – dentro do carro que seguia rumo a Santiago.

Allamand considerou a apreensão em Vitor um caso isolado, todavia o problema persiste e preocupa cada vez mais as autoridades chilenas. A prova disso está nos reforços que têm sido enviados às regiões costeiras para detectar rapidamente as ações do narcotráfico.

Em maio de 2011, o presidente Sebastián Piñera lançou a Estratégia Nacional de Drogas e Álcool 2011-14 do país, um programa que visa à redução do nível de consumo de drogas e abuso de álcool, juntamente com suas associadas consequências sociais e de saúde.

“Nós definimos uma meta de reduzir em 15% o uso da maconha por crianças em idade escolar”, declarou recentemente o ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, à imprensa, acrescentando que o consumo da maconha tem aumentado nas escolas. De fato, o Chile ocupa o primeiro lugar entre os países latino-americanos no consumo de maconha e opiáceos, o segundo no consumo de cocaína e o terceiro no de anfetaminas e derivados.

Entretanto, de acordo com o relatório americano “Estratégias para o Controle Internacional de Narcóticos”, o Chile “não é um produtor importante de drogas sintéticas ou orgânicas” – com exceção da maconha produzida para consumo interno.

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