“Sinto-me renovando os votos com a Marinha e com o meu país”, diz contra-almirante Dalva

Foi na manhã desta segunda-feira que a carioca Dalva Maria Carvalho Mendes vivenciou sua maior realização profissional. Promovida ao posto de contra-almirante, ela chegou bem cedo ao Hospital Naval Marcílio Dias, no bairro Méier, na capital fluminense. Lá, participou de cerimônia de troca de platinas, quando colocou no uniforme os símbolos da patente que passou a assumir hoje – e que marca o pioneirismo de ser a primeira mulher brasileira alçada ao posto de oficial general.

O ineditismo da cerimônia atraiu um batalhão de fotógrafos e cinegrafistas. Ávidos, repórteres de emissoras de rádio, TV, jornais e revistas tentavam obter da nova contra-almirante as primeiras impressões sobre a promoção assinada na última sexta-feira (23) pela presidenta Dilma Rousseff. Mesmo diante do assédio, ela não se deixou impressionar e, no final da manhã, já se encontrava na Escola Naval, num outro ponto da cidade, para ser apresentada ao ministro da Defesa, Celso Amorim, e ao comandante da Marinha, almirante Julio de Moura Neto.

“Essa alegria que estou tendo agora é difícil de definir. Como disse hoje pela manhã: este momento é como um casamento, e eu me sinto renovando os votos com a Marinha e com o meu país”, contou.

A contra-almirante lembra-se do momento em que decidiu entrar para as fileiras da Marinha do Brasil. Segundo ela, nos anos 80 teve a atenção chamada para um concurso que a Força realizava em busca de médicos para o Marcílio Dias, um moderno hospital que seria inaugurado naquele período. Dalva se inscreveu, fez as provas e foi uma das muitas mulheres a entrar para o Corpo Auxiliar Feminino da Marinha.

“Na verdade, sou da primeira turma. Antes era uma coisa que nem se sonhava. Quando foi criado o Corpo Auxiliar, nos anos 80, eu e um grupo de mulheres fizemos as provas. Eu fui uma das que conseguiram passar. Uma das coisas que me fez apaixonar pela Marinha foi o fato de ser médica, e o Hospital Naval Marcílio Dias estava sendo inaugurado naquela época. A gente reclama, mas não consegue deixar o barco porque o barco é muito bom”, revelou.

Tão logo chegou à Escola Naval, a nova oficial foi apresentada ao ministro Amorim e ao comandante Moura Neto. Com o sorriso estampado no rosto, Dalva agradeceu pela deferência e explicou que aguarda o momento de ser apresentada à presidenta Dilma, cerimônia que deve acontecer no próximo mês, quando os outros 19 oficiais generais estarão no Palácio do Planalto para os cumprimentos de praxe.

Após a conversa com o ministro da Defesa, Dalva Mendes disse que o fato de ter sido a primeira mulher a ser alçada ao posto de contra-almirante resulta na realização de um sonho que há anos existiu apenas em seu imaginário. Segundo ela, quando houve a extinção do Corpo Auxiliar e a redistribuição de mulheres por diversos quadros, ela pensava apenas em chegar à patente de capitão. Hoje, vê como “uma evolução normal da sociedade”.

Assim como fez a Marinha, Dalva Mendes acredita que o Exército e a Força Aérea também abrirão espaços para a indicação à promoção de mais mulheres dentro dos próximos anos. Porém, ressalta apenas aquilo que vislumbra como “diferença de gêneros” para a mulher assumir postos graduados na infantaria. Ela acredita que vai pesar os planos de ser mãe e querer ter filhos.

Já os planos da contra-almirante estão bem definidos. Diretora interina da Policlínica Nossa Senhora da Glória, na Tijuca, Dalva vai passar o comando a um novo diretor nomeado recentemente para o posto e, em seguida, assumir um posto na Escola Superior de Guerra (ESG).

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