PCC – Traficantes cariocas têm parceria com facção

DefesaNet

Série de artigos publicados por O Globo, em 25 Novembro 2012:

PCC – Maior grupo criminoso do país está em expansão Link

PCC – Três estados negam presença do grupo em seus territórios Link

PCC – Traficantes cariocas têm parceria com facção Link

Sérgio Ramalho
Colaborou Thiago Herdy

  

A parceria entre integrantes da principal facção criminosa paulista com traficantes cariocas se baseia atualmente no controle das rotas de distribuição de drogas que passam pelo interior de São Paulo com destino ao Rio. Informações dos setores de inteligência da Polícia Federal e da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública fluminense indicam que, hoje, a facção carioca tem nas rotas controladas pelos aliados paulistas a principal fonte de abastecimento de seus pontos de venda de drogas.

Essa dependência é apontada como razão para o derrame de crack em favelas do Rio. Embora atuem fortemente no comércio da droga, os paulistas não permitem que ela seja vendida nos presídios sob seu controle. Se no passado a principal organização carioca foi considerada aliada exclusiva dos paulistas, hoje a aliança é vista como negócio e proposta de "fortalecimento mútuo".

Há pouco mais de um ano, lideranças paulistas se ofereceram até mesmo para intermediar a paz entre as facções cariocas. Em meio a onda de atentados em São Paulo, os setores de inteligência do Rio receberam informes sobre possíveis ações que aconteceriam no estado, mas elas não se confirmaram.

A parceria entre as facções dos dois estados teve início há dez anos, quando José Márcio Felício, o Geleião, e César Roriz da Silva, o Cesinha, então chefes em São Paulo, foram transferidos para o presídio Bangu 1, na Zona Oeste do Rio. À época, a penitenciária de segurança máxima abrigava na mesma galeria Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP. Os dois permaneceram no presídio carioca por seis meses, sendo novamente transferidos em fevereiro de 2002.

Meses depois, agentes encontraram numa cela de Bangu 3 uma espécie de estatuto com as regras de apoio mútuo entre as facções. Cópias semelhantes foram encontradas em operações no Complexo do Alemão e na Cidade de Deus, áreas, na época, sob influência da facção carioca, que perdeu domínio territorial a partir da implantação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
  

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter