PCC – Diversifica atividade para lavar dinheiro do tráfico

Nota DefesaNet – O jornal O Globo omitiu no texto e chamada de mencionar o nome da facção pelo que ela é PCC (Primeiro Comando da Capital). Também omitiu de procurar os vínculos políticos do controle das vans. Seria muito interessante e levaria a nomes mais interessantes ainda.


Sergio Roxo


SÃO PAULO Postos de combustível, lojas de carros, locação de imóveis e exploração de vans do sistema de transporte são os principais negócios usados pela facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios de São Paulo para lavar o dinheiro do tráfico de drogas. O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil têm inquéritos abertos para investigar as atividades que visam a camuflar a origem ilegal dos recursos.

– Os grupos criminosos se aproveitam de atividades que têm alta rotatividade de dinheiro para fazer a lavagem – diz o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro.

O PCC é apontado como responsável pela onda de violência que atinge o estado desde outubro. Os policiais militares têm sido o principal alvo. Para tentar rastrear as empresas usadas pela organização, a Polícia Civil concentrou os inquéritos na Delegacia de Investigações sobre Facções Criminosas e Lavagem de Dinheiro, criada em janeiro deste ano.

Desde 2006, o Grupo de Atuação Especial e Repressão do Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público apura o uso pela facção de uma rede de 115 postos de combustível na região do ABC paulista, em Santos e na capital, para lavar dinheiro. Os postos venderiam combustível adulterado e teriam a contabilidade inflada para legalizar dinheiro do tráfico e de roubos. Só no ABC, a facção teria adquirido 44 estabelecimentos, que foram colocados em nomes de laranjas. A ação era chefiada de um presídio no interior do estado.

Os promotores apuram o uso, pela facção, de revendas de carros. Um dos integrantes da organização cuidaria da compra de vans para serem exploradas por permissionários do sistema de transporte de São Paulo. As investigações começaram após a onda de ataques de maio de 2006 contra as forças policiais paulistas.

Chantagem e extorsão

Em setembro de 2006, em outra investigação, a Polícia Civil prendeu 15 membros da diretoria da Associação Paulistana, cooperativa do sistema de transporte da capital sediada na Zona Leste, por suspeita de ligação com a facção. O presidente da cooperativa, um ex-cabo da PM, foi flagrado, na ocasião, com munições de fuzil na garagem da entidade.

Segundo a investigação, o elo da cooperativa com o crime ficou claro quando, em julho de 2006, um rádio Nextel que havia sido comprado em um lote de 12 aparelhos por uma das garagens da entidade foi deixado por criminosos, após um ataque a uma delegacia em Suzano, na Região Metropolitana.

Além de usar as vans para lavar o dinheiro do crime, a direção da Associação Paulistana foi acusada, na época, de chantagear cooperados, que seriam obrigados a pagar uma taxa diária para rodar.

A polícia também apura, em inquérito, a ligação da facção com operadores de vans na Zona Norte da capital. Há suspeita de extorsão e lavagem de dinheiro. A polícia investiga se mortes de operadores teriam sido encomendadas pela facção. Os donos de vans teriam se recusado a pagar a taxa diária cobrada pela facção.

Secretário de Transportes da capital paulista de agosto de 2007 a junho de 2010, Alexandre de Moraes diz que recebeu denúncias de infiltração da facção no sistema:

– Mas nunca estabelecemos uma ligação concreta da facção com os operadores.

A SPTrans, que gerencia o sistema de transporte da cidade, informa que passou a tomar medidas mais rigorosas para selecionar os cooperados, incluindo a apresentação de atestado de antecedentes criminais.

 

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