PCC – MPE/SP denuncia 175 ligados à gangue

Nota DefesaNet

Excelente série de OESP publicada no dia 11 Outubro 2013.

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O Editor


Marcelo Godoy

Depois de três anos e meio de investigação, o Ministério Pú­blico Estadual (MPE) de São Paulo concluiu o maior ma­peamento da história do cri­me organizado no País, com o raio X do Primeiro Co­mando da Capital (PCC). Por fine denunciou 175 acusados e pediu à Justiça a internação de 32 no Regime Disciplinar Diferenciado – entre eles, to­da a cúpula, hoje presa em Presidente Venceslau.

As provas reunidas pelos pro­motores do Grupo Atuação Es­pecial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) permiti­ra à construção de um retrato inédito e profundo da maior or­ganização criminosa do País. Durante três anos e meio, os promotores reuniram escutas telefônicas, documentos, depoimentos de testemunhas e apreensões de drogas e de armas. O Estado teve acesso aos documentos e a milhares de áudios que formam o maior arqui­vo até hoje reunido sobre o crime organizado no País. O MPE flagrou toda a cúpula da facção em uma rotina interminável de crimes. Ela ordena assassinatos, encomenda armas e toneladas de cocaína e maconha. Há planos de resgate de presos e de atentados contra policiais militares e autoridades. O bando faz lobby e planeja desembarcar na política.

Presente em 22 Estados do País e em três países (Brasil, Bolívia e Paraguai), a "Família" do­mina 90% dos presídios de São Paulo. Lucra cerca de R$ 8 milhões por mês com o tráfico de drogas e outros R$ 2 milhões com sua loteria e com as contri­buições feitas por seus integran­tes – o faturamento anual de RS 120 milhões a tornaria, uma em­presa de médio porte. Esse nú­mero não inclui os negócios par­ticulares dos integrantes, o que pode fazer o total arrecadado por criminosos dobrar.

A principal atividade é desen­volvida pela facção (Nota DefesaNet – a Justiça e a Polícia criaram o neologismo Facção para tentar diminuir o impacto da palavra Gangue), é tráfico de drogas. Chamado de Progresso, prevê ações no atacado e no va­rejo. No último, a facção reunia centenas de pontos de venda de droga espalhados pelo Pais.

Eles são chamados de "FM". No caso da cocaína, os bandidos mantêm um produto de primei­ra linha, 0 "100%" e o "ML", que é a droga batizada, de segunda linha. A maconha é designada nas conversascom o nome de Bob Esponja. A droga do PCC vemdo Paraguai e da Bolivia. Os três principaisfornecedores de drogas para o PCC seriam os traficantesparaguaio Carlos An­tonio Caballero, o Capilo, e os brasileiros Claudio Marcos Almeida, o Django, Rodrigo Felício, o Tiquinho, e Wilson Rober­to Cuba, o Rabugento.

Arsenal. O grupo tem um arsenal de uma centena de fuzis em uma reserva de armas e R$ 7 milhões enterrados em partes iguais em sete imóveis comprados pela facção. Ao todo, 0 grupo tem 6 mil integrantes atrás das grades e 1,6 mil em liberda­de em São Paulo. Esse número sobre para 3,582 em outros Esta­dos — somando os membros ativos e inativos, além dos puni­dos e os que não têm mais car­gos ou participação em atividades mantidas pela facção.

A denúcia do MPE foi assinado por 23 promotores de Justiça de todo os GAECOS de São Paulo. O MPE fez ainda um pedido à Justiça de que seja decretada prisão preventiva de 112 dos acusados. Todos os suspeitos listados pelo MPE foram flagrados conversando em telefones celulares, encomendando centenas de quilos de cocaína, toneladas de maconha, fuzis, pistolas, lança-granadas e determinando a morte de desafetos, traidores e suspeitos de terem desviado dinheiro da Família. Deixam, assim, claro que atuam segundo o princípio de que "o crime fortalece o crime". Dezenas de telefo­nemas relatando pagamento de propinas, principalmente a policiais civis, mas também a PMs, fazem parte da investigação.

A Justiça de Presidente Prudente se negou a decretar a prisão de todos os acusados, sob o argumento de que seria necessário analisar mais detidamente as acusações. O mesmo argumento foi usado pela Vara das Execuções Criminais, que indeferiu o pedido de liminar feito pelo MPE para internar toda a cúpula da facção no RDD da Penitenciáría. de Segurança Máxima de Presidente Bernardes. O juiz Tiago Papaterra decidiu verificar caso a caso a situação dos detentos, antes de interná-los.

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