OEA pede retomada de negociações entre Argentina e Reino Unido sobre Malvinas

A Organização dos Estados Americanos (OEA) pediu nesta sexta-feira que as negociações entre o Reino Unido e a Argentina sobre a soberania envolvendo as Ilhas Malvinas sejam retomadas "o quanto antes", para que se encontre uma solução pacífica.

Em assembleia geral realizada on-line, a OEA aprovou uma declaração que reafirma a necessidade de Argentina e Reino Unido "retomarem o quanto antes as negociações sobre a disputa de soberania" envolvendo as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul, Sandwich do Sul e os espaços marítimos circundantes.

Trata-se "de parte integrante do território nacional argentino e estão ocupadas ilegalmente pelo Reino Unido há mais de 188 anos", afirma a OEA. O chanceler argentino, Santiago Cafiero, disse que “a usurpação britânica realizada em tempos de paz e contrária ao direito internacional vigente na época representou uma violação da integridade territorial argentina”.

A Argentina pede uma solução definitiva para a disputa "por meio do diálogo", e que o Reino Unido acate uma resolução de 1965 da ONU para discutir a soberania, argumentando que o governo e a população argentina do arquipélago foram expulsos pelas tropas britânicas em 1833.

O Reino Unido insiste em não negociar, por considerar que a soberania lhe pertence e que a população da ilha votou quase 100% a favor de seu pertencimento à Grã-Bretanha no referendo realizado em 2013.

No turno dos observadores permanentes da OEA, o Reino Unido reagiu defendendo “o direito dos habitantes daquele território à autodeterminação”. A representante do Reino Unido na OEA afirmou que seu país está disposto a "trabalhar de forma construtiva", mas que o diálogo "deve ser aprovado pelas Malvinas", que "têm governo próprio".

Cui Hongjian, diretor do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China, pediu à Argentina para usar ‘força’ contra o ‘arrogante’ Reino Unido

A Grã-Bretanha há muito se mantém firme diante dos apelos para entrar em negociações com a Argentina sobre as disputadas Ilhas Malvinas. Apesar disso, representantes da Argentina já haviam apresentado seus argumentos para reivindicar o controle da região à ONU.

Somente em junho Felipe Solá e Daniel Filmus viajaram a Nova York para obter o apoio de 29 membros do “Comitê de Descolonização” da ONU. Não está claro se suas conversas deram frutos. Totalmente por trás de suas ligações estava a China, que compareceu à reunião.

A China se alinhou-se nos últimos anos no debate. Cui Hongjian, diretor do Departamento de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Internacionais da China, argumentou este ano que a questão havia chegado a um ponto em que só poderia ser resolvida com “força”.

Em declarações ao Global Times – uma publicação apoiada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) – em um artigo intitulado: ‘Diante da arrogância de Londres, Buenos Aires deveria se opor às Malvinas’, Cui afirmou que Londres acredita mais na política de poder do que no cumprimento da lei internacional e a ordem baseada em regras.

Ele disse: “Por um lado, houve um aumento na política de poder na comunidade internacional, prejudicando as regras internacionais". “Por outro lado, o Reino Unido terá uma posição mais forte em algumas questões históricas após o Brexit.”

Cui disse à publicação que a Argentina deveria continuar apresentando seu caso à ONU, especialmente porque a ONU reconheceu que as Malvinas estão enquadradas em uma “situação colonial” em 1965. Nesse contexto, ele disse: “O Reino Unido levou o problema a um ponto em que parece que só pode ser resolvido com a força.”

Polêmico, ele acrescentou que a Argentina deve tomar “precauções” contra os próximos movimentos do Reino Unido após o Brexit, alegando que a Grã-Bretanha pode tomar “ações arriscadas” como aumentar o número de tropas estacionadas nas ilhas “ou fazer movimentos provocativos contra a Argentina, então a Argentina deve mantenha-se vigilante".

É importante notar que o governo chinês não sugeriu que a Argentina deveria atacar o Reino Unido. Mas o país apoiou os argentinos este ano, atingindo o que descreveu como “colonialismo” ocidental predominante na região.

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