Inovações submarinas da Marinha dos EUA para a Segurança Nacional



O USS Jimmy Carter é atualmente o principal submarino guerra do fundo do mar da Marinha dos EUA, especialmente equipado para missões secretas de espionagem nas profundezas dos oceanos. Agora, planos estão em andamento para construir um submarino espião especial usando o novo casco da classe Virginia. Espera-se que uma única versão Mod VA SSW (Modified Virginia, Subsea and Seabed Warfare) da Virginia Class seja construída

Luísa Barbosa Azevedo
Geocorrente  186
Escola de Guerra Naval

O leito oceânico deverá ser a nova fronteira da competição geopolítica global. Potências globais como os Estados Unidos (EUA) focam na proteção das infraestruturas críticas submarinas, a exemplo de oleodutos, exploração mineral e cabos submarinos.

Nesse contexto, em abril de 2023, a Marinha dos EUA investiu US$ 5,1 bilhões no projeto do Virginia SSW, um submarino de ataque modificado da classe Virginia com capacidade de operação no leito oceânico.

Nesse contexto, como esse projeto está inserido na Estratégia de segurança nacional dos EUA?

As operações de infraestrutura submarina da Marinha dos EUA remontam à Guerra Fria (1947-1991), como a Operação Ivy Bells, voltada para a interceptação de redes de comunicações soviéticas. Desde então, os submarinos estadunidenses equipados para essas operações pertencem à classe Seawolf, estando o principal, USS Jimmy Carter (SSN-23), operando há 20 anos.

Espera-se que este seja complementado pelo Virginia SSW, que operará com veículos não tripulados e veículos operados remotamente. Para a Marinha dos EUA, o projeto é prioritário devido à possibilidade de aumentar suas capacidades ofensivas e defensivas para a guerra submarina.

A operacionalidade submarina volta-se à proteção dos interesses comerciais e de segurança estadunidenses nos oceanos Atlântico e Pacífico, com destaque para os cabos submarinos. Estes representam cerca de 95% do tráfego da internet global (Boletim 137) e, por sua utilização como fonte de inteligência, tornam-se vulneráveis à espionagem ou ataques cibernéticos.

Segundo a Estratégia Nacional de Segurança dos EUA de 2022, a competição com a China é um fator central à proteção dos interesses estadunidenses, e os cabos submarinos estão no centro dessa competição tecnológica pela importância econômica, estratégica e militar global. Há de se destacar a cooperação da Marinha com a SubCom, empresa estadunidense de cabos submarinos, na expansão da rede mundial de telecomunicações sob proteção do país. A estratégia de Washington envolve o direcionamento de projetos desses cabos para zonas fora da influência de Pequim, como o projeto SeaMeWe-6, conectando a Ásia à Europa, via África e Oriente Médio.

O desenvolvimento do Virginia SSW explicita a preocupação estadunidense com a proteção de ativos submarinos, além do aumento de capacidades para competição internacional no leito oceânico. As ações da Marinha dos EUA voltam-se à centralização da vigilância dos cabos submarinos, as quais perpassam comunicações civis e militares com países aliados. Portanto, as inovações tecnológicas aplicadas à construção naval mostram-se essenciais para o desenvolvimento de vantagens duradouras em apoio direto à segurança nacional.

Rede de mundial de cabos submarinos – https://www.submarinecablemap.com/

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