Israel ataca suposta fábrica de armas químicas na Síria

O Exército sírio denunciou nesta quinta-feira (07/09) que aeronaves israelenses lançaram mísseis que atingiram uma infraestrutura militar localizada na província central síria de Hama, matando duas pessoas.

Um grupo de monitoramento afirma que o alvo pode estar ligado à produção de armas químicas. A agência oficial síria de notícias Sana informou que o avião "inimigo" de Israel lançou "vários mísseis" a partir do espaço aéreo libanês contra uma posição militar perto de Masiaf, a sudoeste de Hama.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, ONG sediada no Reino Unido que monitora a guerra síria, disse que o ataque foi contra uma instalação do Centro de Estudos Científicos e de Pesquisa, uma agência que os Estados Unidos classificam como fabricante de armas químicas da Síria.

O ataque ocorreu um dia após investigadores da ONU terem afirmado que o governo sírio foi responsável por um bombardeio em abril em que foi usado gás venenoso sarin. Mais de 80 pessoas morreram no ataque químico, realizado na cidade de Khan Cheikhoun.

O governo da Síria nega o uso de armas químicas. O Observatório disse que os ataques israelenses também atingiram um campo militar que era usado para armazenar foguetes terra-a-terra e onde militares do Irã e combatentes de seu aliado, o grupo xiita libanês Hisbolá, foram vistos mais de uma vez.

Uma porta-voz das forças armadas  israelense não quis se pronunciar sobre o ataque na Síria.

ONU responsabiliza regime sírio por ataque químico

 

Uma investigação da ONU revelou que o governo sírio foi o responsável pelo ataque com gás sarin à cidade de Khan Cheikhoun no início de abril, anunciou nesta quarta-feira (06/09) a comissão que apurou o caso.

O ataque deixou ao menos 83 civis mortos, a maioria mulheres e crianças. Em seu 14º relatório sobre violações de direitos humanos e crimes de guerra cometidos na Síria entre os dias 1º de março e 7 de julho, a comissão da ONU responsável pela investigação afirmou que mais de 300 entrevistas, imagens de satélites e relatórios de alerta indicam que um avião Sujoi 22 (Su-22) fez quatro ataques aéreos em Khan Cheikhoun, às 6h45 (horário local).

A cidade fica na província de Idlib, que é controlada por rebeldes. "Somente as forças sírias operam este tipo de avião", destacou a comissão, acrescentando que três bombas convencionais e uma química foram lançadas na cidade.

A comissão rejeitou o argumento do governo de Bashar al-Assad de que os bombardeios aéreos teriam atingido um depósito com munições químicas. "Todas as provas disponíveis permitem concluir que existem motivos razoáveis para pensar que as forças aéreas lançaram uma bomba pulverizando gás sarin", escreveram os investigadores.

Para o relatório, a comissão levou em conta as conclusões da investigação realizada pela Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) sobre o caso, que disse que as vítimas tinham sido expostas a gás sarin ou a uma substância parecida ao sarin, mas fez suas próprias investigações de maneira independente. Na região do ataque, foram achados restos da bomba.

Além do ataque em abril, o governo sírio teria usado armas químicas em ao menos outras três ocasiões no período entre março e julho. As forças governamentais empregaram esse tipo de arsenal em Al-Latamneh, em Ghouta Oriental, e outros dois casos ocorreram em Damasco.

Nos três, o armamento usado foi gás cloro. A comissão denunciou ainda como crime de guerra as evacuações forçadas promovidas pelo regime em regiões ocupadas por rebeldes, entre elas Madaya, Al Fu'ah e Kafraya e Tishreen e Qabun.

A ONU destacou ainda que grupos armados e terroristas seguiam atacando entre março e julho intencionalmente civis pertencentes a minorias religiosas e os utilizando como reféns, o que constitui outro crime de guerra. O ataque Khan Cheikhoun foi condenado pela comunidade internacional e motivou o primeiro ataque aéreo de Washington contra o regime de Assad.

Os Estados Unidos bombardearam a base aérea síria de onde se acreditava que partiram os caças que lançaram o ataque químico. A Síria sempre negou ter usado armamento químico no bombardeio. Assad e a Rússia alegam que o regime atingiu, por engano, um depósito usado pelos rebeldes para armazenar seu arsenal químico. O governo sírio alega ter entregado seu arsenal do tipo à Opaq.

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