F-X4: Gripen para Ucrania e porque isso interessa ao Brasil

O caça Gripen que for fornecido à Ucrânia tera a capacidade de disparar misseis BVR Meteor (além do horizonte) o mesmo que equipará o F-39 E/F da FAB

Análise DefesaNet

Nelson During
Editor-Chefe DefesaNet

O vice-ministro da Defesa da Ucrânia Ivan Gabryliuk anunciou a chegada iminente do primeiro lote de caças JAS-39 Gripen C/D ao país. Pilotos ucranianos já estavam sendo formados na Ala F7 da Força Aérea da Suécia.

O tão aguardado debut em combate do Gripen, um avião desenvolvido para combater aviões russos pode ajudar a alavancar as vendas do Gripen no mercado internacional e diminuir a pressão que os russos fazem na Europa, principalmente com a crescente ameaça de invasão com drones no espaço aéreo de países da Aliança Atlântica.

Mas porque isso interessa ao Brasil?

A FAB estava interessada em adquirir em caráter emergencial entre 12 e 24 células de Gripen C/D para substituir os cansados A-1 AMX depois que tentou comprar aviões F-16 C/D no mercado internacional.

A aquisição do avião norte-americano não teve sucesso devido à falta de aeronaves disponíveis, sendo parte delas destinadas à Ucrânia e outras a serem mantidas nas reservas estratégicas. A escolha do F-16 também necessitava de autorização do Governo dos Estados Unidos, e a aquisição de uma tecnologia do tipo enfrenta uma situação política desfavorável nesse momento.

Com a entrega de Gripen C/D a Ucrânia não haverá mais aeronaves do mesmo modelo disponíveis para serem entregues ao Brasil.

A FAB agora enfrenta um dilema existencial. Ou decide comprar aviões de caça leve Italianos M-346FA, inicialmente oferecidos pelo Ministério da Defesa, ou vai receber aviões de combate chineses.

Dada as questões geopolíticas atuais e a crise financeira, todas as cartas deverão ser postas na mesa pelo Governo Brasileiro. Resta saber como uma aquisição de caças de Pequim seria recebida por Washington DC.

Primeiramente o cancelamento de vistos dos integrantes do Alto Comando da FAB e até embargos a componentes de outros projetos, como o motor F414 do Gripen E/F. As represálias poderiam ser ainda maiores e se extender a familiares e outros setores da própria FAB. Os americanos tem enviado avisos às autoridades brasileiras sobre sanções em caso de cooperação com a China.

Além do M-346FA da Itália, quais outras opções restariam para FAB nesse momento que não seja correr o risco de se equipar com caças chineses?

Ainda seria possível acessar outras aeronaves de origem ocidental, retornando para a linha francesa com o Dassault Rafale ou investir no caríssimo Eurofighter Typhoon?

Uma escolha é necessária e urgente. Possuímos apenas 3 AMX em condições operacionais, pouco mais de uma dúzia do quase sexagenário F-5M ainda em voo e apenas 9 aeronaves do F-39 Gripen E que não estão operacionais. Tudo isso para cobrir um território do tamanho da Europa.

Se fizermos uma comparação com o tamanho do território nacional a ser protegido e o número de jatos de combate disponíveis, temos uma das mais fracas forças aéreas do mundo. E isso logicamente se estende ao Exército e a Marinha do Brasil.

A FAB enfrenta sua maior crise, e justamente num momento histórico desafiador quando deveria estar totalmente equipada e preparada para ser empregada em combate.

Momentos de incerteza requerem decisões rápidas e precisas. Ou a FAB decide, ou o Palácio do Planalto vai decidir por ela.

Gripen JAS 39 C/D em demonstração aérea. Provavelmente no Show Aéreo de Farnborough, Inglaterra. Video raro pois mostra em ação os vários sistemas de controle de voo. Os sutis movimentos dos Canards controlados pelo sistema de Fly by Wire Video Twitter

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