Ucrânia promete desmantelar grupos pró-Rússia após acusação de ministra britânica

Em um comunicado publicado neste domingo (23), a presidência ucraniana afirmou que vai desmantelar todos os grupos pró-Rússia no país que possam estar conspirando para desestabilizar a Ucrânia ou sejam cúmplices de eventuais invasores.

A Rússia concentra dezenas de milhares de soldados na fronteira ucraniana e pode estar preparando um ataque, temem as potências ocidentais. As reações ocorrem após o Reino Unido ter afirmado ter "informações confiáveis" sobre manobras do governo russo para "colocar um pró-russo no poder em Kiev".

De acordo com um comunicado da chancelaria britânica, os serviços de inteligência russos entraram em contato com vários políticos ucranianos e "o ex-deputado Ievguêni Muraiev é considerado um líder em potencial" da ex-república soviética, "embora não seja o único".

Os serviços de inteligência russos mantêm "ligações com muitos ex-políticos ucranianos", salientaram os britânicos. Em reação à polêmica, Muraiev pediu o fim "da divisão entre pró-russos e pró-ocidentais" e enfatizou que seu país precisa de "novos líderes políticos" guiados pelos "interesses nacionais da Ucrânia e do povo ucraniano".

A ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, acusou neste sábado a Rússia de tentar “impor um líder pró-russo em Kiev” e “considerar a ocupação” da Ucrânia. Para Moscou, as acusações são “absurdas”.

Os Estados Unidos demonstraram preocupação após as declarações da representante britânica. “O povo ucraniano tem o direito soberano de determinar seu próprio futuro, e estamos com nossos parceiros democraticamente eleitos na Ucrânia”, disse Emily Horne, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.

Paralelamente, um encontro bilateral entre o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o seu colega britânico, Ben Wallace, o primeiro desde 2013, deve acontecer em breve e visa "explorar todos os caminhos para alcançar a estabilidade e uma solução para a crise ucraniana", disse uma fonte do Ministério da Defesa britânico, no sábado.

O governo ucraniano também demonstrou irritação com a Alemanha, após as declarações do chefe da Marinha alemã, o vice-almirante Kay-Achim Schönbach. Ele classificou como "absurda" a ideia de que a Rússia possa invadir a Ucrânia. A polêmica suscitou sua demissão, na noite de sábado (22).

Rússia nega que prepara invasão

O Ministério das Relações Exteriores russo pediu ao Reino Unido que "pare de espalhar absurdos" e "acabe com as suas provocações estúpidas (…), muito perigosas na situação atual". 

Acusado pelo Ocidente de ter posicionado dezenas de milhares de soldados na fronteira ucraniana para preparar um ataque, o Kremlin nega suas intenções bélicas. Porém, Moscou vincula a redução da escalada de violência a tratados que garantam, em particular, a não expansão da OTAN.

A exigência é inaceitável, respondem os ocidentais, que ameaçam a Rússia com severas sanções em caso de ataque. Apesar das posições inconciliáveis ??no momento, após várias semanas de escalada verbal, o encontro em Genebra entre os chefes da diplomacia russa e americana, Sergei Lavrov e Antony Blinken, deram início a um diálogo mais aberto.

Os dois concordaram, na sexta-feira (21) em continuar as conversas "francas" na semana que se inicia, dando esperança ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, de que uma invasão da Ucrânia ou uma incursão militar em seu território "não acontecerá."

 

França pede que UE dialogue com a Rússia

A França pediu neste domingo (23) que a União Europeia dialogue dretamente com a Rússia sobre a "arquitetura da segurança na Europa". A declaração foi dada neste domingo pelo secretário de Estado francês das Relações Exteriores, Clément Beaune. "Como membro da União Europeia, precisamos ter propostas, um diálogo organizado e regular com a Rússia, mantendo a firmeza", declarou.

De acordo com ele, o presidente russo, Vladimir Puti,n privilegia as discussões com os Estados Unidos, porque essa postura "lembra o tempo da Guerra Fria e do choque das superpotências" e, potencialmente, enfraquece a Europa. "O que devemos fazer é continuarmos unidos como ocidentais e continuarmos presentes como europeus. Será que a União Europeia age o suficiente? Hoje, provavelmente não", estimou.

Papa se diz "preocupado"

Neste domingo (23), durante a tradicional missa na praça de São Pedro, no Vaticano, o papa Francisco disse que está acompanhando "com preocupação" as crescentes tensões na Ucrânia. De acordo com o pontífice, elas colocam em questão a segurança do continente europeu. O papa pediu um dia de oração pela paz, na próxima quarta-feira (26).

Reino Unido acusa Rússia de querer colocar 'líder pró-russo' na Ucrânia

O Reino Unido afirmou neste sábado (22) ter informações confiáveis sobre manobras da Rússia para "colocar um líder pró-russo em Kiev", no momento em que crescem os temores de que Moscou inicie uma invasão da Ucrânia.

De acordo com um comunicado da chancelaria britânica, os serviços de inteligência russos tiveram contatos com vários políticos ucranianos e "o ex-deputado Yevhen Murayev é considerado um líder em potencial" desta ex-república soviética, "embora não seja o único".

A secretária de Relações Exteriores, Liz Truss, citada no comunicado, disse que o relatório revela "a magnitude da atividade russa destinada a desestabilizar a Ucrânia".

Truss insta a Rússia a iniciar uma "redução da escalada" e "encerrar suas campanhas de agressão e desinformação, dando continuidade ao caminho da diplomacia".

As acusações são publicadas um dia depois que os chefes da diplomacia russa, Sergey Lavrov, e dos Estados Unidos, Antony Blinken, se reuniram em Genebra para tentar reduzir as tensões na fronteira russo-ucraniana e concordaram em continuar suas conversas "francas" na próxima semana.

Países ocidentais acusam a Rússia de enviar tanques, artilharia e cerca de 100.000 soldados para a fronteira ucraniana em preparação para um ataque.

O Kremlin nega qualquer intenção bélica, mas condiciona a desescalada a tratados que garantam a não expansão da OTAN, em particular para a Ucrânia, bem como a retirada da Aliança Atlântica do Leste Europeu, algo que os ocidentais consideram inaceitável.

Na última terça-feira, a Casa Branca afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, poderia ordenar um ataque "a qualquer momento" e alertou que o ocidente "não descarta nenhuma opção".

No comunicado deste sábado, Truss afirmou que "qualquer incursão militar na Ucrânia seria um grande erro estratégico" e resultaria em "graves custos" para a Rússia.

O chefe da Marinha alemã, Kay-Achim Schönbach, classificou o cenário de uma invasão russa da Ucrânia como "absurda", um comentário que provocaram sua renúncia do cargo neste mesmo sábado, após comunicado do Ministério da Defesa alemão.

Com nome e sobrenome

A lista de pessoas mencionadas por nome e sobrenome no comunicado britânico que teriam sido cogitadas pelos serviços russos também inclui o ex-primeiro-ministro Mykola Azarov, que fugiu para a Rússia junto com o então presidente Viktor Yanukovic em 2014, devido a uma revolta popular em Kiev.

Os outros são o ex-chefe do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Vladimir Sivkovich (sancionado esta semana pelos Estados Unidos, juntamente com outros três políticos ucranianos por sua suposta cooperação com os serviços de inteligência russos), o ex-vice-primeiro-ministro Serhiy Arbuzov e o ex-chefe do gabinete presidencial Andriy Kluyev.

A acusação do Reino Unido também ocorre poucas horas depois que o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, aceitou um convite para se encontrar em Moscou com seu colega britânico, Ben Wallace, para discutir a crise na fronteira ucraniana.

A reunião bilateral, que seria a primeira desde 2013, visa "explorar todos os caminhos para alcançar a estabilidade e resolver a crise ucraniana", informou uma fonte do Ministério da Defesa britânico neste sábado.

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