Americanos e russos marcam reunião sobre armas nucleares e tensões na Ucrânia

Os Estados Unidos e a Rússia irão dialogar em 10 de janeiro sobre controle de armas nucleares e as tensões com a Ucrânia, informou um porta-voz de Segurança Nacional americano à AFP nesta segunda-feira (27).

Na sequência, um encontro entre a Rússia e a OTAN poderá acontecer em 12 de janeiro e, no dia seguinte, Moscou e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que inclui Washington, também poderão sentar à mesa.

"Os Estados Unidos esperam se comprometer com um diálogo com a Rússia", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional à agência de notícias. "A Rússia poderá colocar suas preocupações sobre a mesa e nós poderemos colocar as nossas, particularmente em relação às atividades da Rússia", acrescentou.

A reunião bilateral em 10 de janeiro acontecerá no âmbito do diálogo estratégico de segurança lançado pelos presidentes Joe Biden e Vladimir Putin, durante uma cúpula em Genebra, em junho passado.

Embora esse formato vise principalmente renegociar os tratados de controle de armas nucleares pós-Guerra Fria, as discussões também giram em torno da situação na fronteira russo-ucraniana, para onde Moscou enviou dezenas de milhares de soldados, indicou um alto funcionário do governo dos EUA que também pediu anonimato.

Série de diálogos

Já as reuniões com a OTAN e a OSCE irão focar na questão ucraniana. Em 17 de dezembro, a Rússia revelou duas propostas de tratado para limitar drasticamente a influência dos EUA e da OTAN perto de suas fronteiras.

Os documentos foram publicados em plena tensão entre Moscou e o Ocidente ao longo da fronteira com a Ucrânia, onde americanos e europeus acusam Moscou de preparar uma ofensiva militar. Os dois textos apresentados – um relativo à OTAN e outro aos Estados Unidos – visam impedir uma nova expansão da Aliança Atlântica para o leste e o estabelecimento de bases militares norte-americanas em antigos países soviéticos.

Na quinta-feira, tanto a União Europeia quanto a OTAN demonstraram novamente seu apoio à Ucrânia. Há sete anos, a Aliança Atlântica denuncia sistematicamente a anexação da península ucraniana da Crimeia pela Rússia e exige respeito pela soberania territorial da Ucrânia, minada por um conflito com separatistas pró-russos no leste do país desde 2014. Os confrontos já deixaram mais de 13 mil mortos.

Tanto a Rússia quanto os países ocidentais se acusam mutuamente de provocação, aumentando suas capacidades militares em suas fronteiras comuns.

Reservistas se preparam para conflito

Em um campo arborizado nos arredores da capital Kiev, reservistas do exército ucraniano treinam todos os sábados, sobre a neve ou o barro, para se preparar para uma eventual emboscada russa. Para estes homens e mulheres, que em tempos normais são estudantes, pesquisadores ou profissionais liberais, estarem prontos para o conflito é um dever cívico.

“Cada habitante deste país deve saber o que ele precisa fazer se o inimigo invadir a Ucrânia”, disse Daniil Larine, estudante de 19 anos, entre duas simulações de ataques. Ele faz parte de um grupo de cerca de 50 reservistas que treinam em uma antiga fábrica soviética de alcatrão.

O exército ucraniano tem em torno de 215 mil membros, mas no contexto atual, 100 mil reservistas estão sendo formados para "manejar armas, saber reagir em um confronto e defender as cidades”, afirmou Larine.

Uma delas, a médica Marta Youzkiv, de 51 anos, é consciente que a artilharia de guerra russa é “muito superior” à ucraniana, mas considera que o seu engajamento é importante porque o risco de invasão é “suficiente elevado” atualmente.

“Nós só teremos uma chance se cada um estiver pronto para defender as nossas terras”, argumenta a médica, formada há mais de meio ano para manejar fuzis e se posicionar em check points. Ela já recebeu um uniforme, mas pagou do próprio bolso um colete à prova de balas, um capacete e uma máscara balística, para o caso de uma invasão-surpresa.

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