Putin: Rússia dará resposta ‘militar e técnica’ a ameaças ocidentais

O presidente Vladimir Putin advertiu, nesta terça-feira (21), que a Rússia está preparada para responder com "medidas militares e técnicas", ao que ele chamou de ações pouco amistosas do Ocidente, em meio à escalada das tensões sobre o conflito na Ucrânia.

Os países ocidentais acusam o Kremlin de ter mobilizado dezenas de milhares de soldados para a fronteira com a Ucrânia, em preparação para uma ofensiva. "Caso se mantenha esta posição, que é claramente muito agressiva por parte dos nossos colegas ocidentais, vamos adotar medidas militares e técnicas que sejam apropriadas", afirmou Putin, durante uma reunião no Ministério da Defesa, em um momento em que aumenta o temor de uma invasão russa da Ucrânia.

"Temos absolutamente o direito", destacou.

"O reforço dos agrupamentos militares dos Estados Unidos e da Otan nas fronteiras russas, assim como a organização de manobras militares de envergadura, constituem uma séria fonte de preocupação", declarou ele.

O presidente russo voltou a insistir em que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) devem dar garantias de segurança à Rússia, mediante a assinatura de tratados que proíbam a expansão da Aliança Atlântica.

Depois, em sua primeira conversa telefônica com o novo chanceler alemão, Olaf Scholz, Putin pediu negociações "sérias" com a Otan sobre as propostas de garantias de segurança exigidas por Moscou.

Putin fez "comentários detalhados" a Scholz sobre essas propostas apresentadas pela Rússia na semana passada a Washington e seus aliados da Otan e expressou "a esperança de negociações sérias sobre todas as questões levantadas pela parte russa", informou o Kremlin em nota.

O presidente russo já havia feito esse tipo de exigência jurídica a seu homólogo americano, Joe Biden, durante uma videoconferência no início de dezembro.

Scholz expressou hoje sua "preocupação" com a situação da Ucrânia durante a conversa com Putin e destacou a "necessidade urgente de uma desescalada".

Segundo a chancelaria, os dois líderes "discutiram sobre o aumento da presença militar russa ao redor da Ucrânia. O chanceler expressou sua preocupação pela situação e falou da necessidade urgente de uma desescalada".

"Provocações" na Ucrânia

Por sua vez, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, acusou Washington de estar preparando "provocações" na Ucrânia, o que inclui o envio de "um composto químico indeterminado" para o front onde acontece o conflito entre forças ucranianas e separatistas pró-Rússia.

Segundo ele, 120 membros de empresas militares privadas também estão na região para treinar "forças especiais ucranianas e grupos radicais em ações de combate".

Os países nórdicos, vizinhos da Rússia, expressaram em um documento conjunto sua "enorme preocupação" pela mobilização militar russa na entrada da Ucrânia.

A secretária americana de Estado adjunta para a Europa, Karen Donfried, afirmou nesta terça-feira que espera que o diálogo sobre a Ucrânia e a segurança na Europa comece em janeiro, enquanto alertou Moscou que alguns de seus requisitos são "inaceitáveis".

Ela também enfatizou que eventualmente nessas negociações será necessário incluir seus aliados europeus e da Otan, enquanto os russos parecem querer somente uma reunião cara a cara com os Estados Unidos.

"A minha impressão é que podemos ver movimentos em todos esses sentidos em janeiro", acrescentou Donfried.

Moscou anexou a península ucraniana da Crimeia e é suspeita de apoiar os separatistas pró-russos do leste deste país mergulhado em uma guerra que deixou quase 13.000 mortos desde 2014. Além disso, derrotou facilmente a Geórgia em 2008.

O Ocidente se recusa a fechar as portas da OTAN a estes dois países, mas seus processos de adesão permanecem congelados.

Em dezembro, a Rússia completa os trinta anos da extinção da URSS, para Putin "a maior catástrofe geopolítica do século XX".

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