
COBERTURA ESPECIAL - Guerras Híbridas Latinas - Pensamento
Gen Ex Pinto Silva - Estados de Poder de Combate Equiparado ao dos EUA
A capacidade dos Estados Unidos e de seus aliados de defender seus interesses está sendo confrontada com resultados positivos para as ameaças.
ESTADOS DE PODER DE COMBATE EQUIPARADO AO DOS EUA
A capacidade dos Estados Unidos e de seus aliados de defender seus interesses está sendo confrontada com resultados positivos para as ameaças.
Carlos Alberto Pinto Silva[1]
“O fim da Guerra Fria promoveu a ideia, aos Estados Unidos, de que o combate contra um inimigo de poder de combate equivalente não mais ocorreria.”
A Potência Hegemônica passou a organizar-se para combater não mais um inimigo de poder de combate equiparado, mas sim forças de insurgência e organizações terroristas.
Nos dias de hoje, as armas de destruição em massa e um mundo multipolar emergente impõem limites ao confronto direto entre Grandes Potencias [2], além disso, os efeitos dos custos colaterais políticos, econômicos, físicos e militares limitam o emprego da Guerra Convencional em larga escala.
O ambiente estratégico mudou consideravelmente desde então:
- Desde o 11 de setembro, o Congresso e as administrações governamentais não forneceram ao Departamento de Defesa o financiamento oportuno, previsível e suficientemente necessário para apoiar as operações em andamento, manter a prontidão e modernizar as forças.
- A hegemonia norte-americana tornou-se contestada por Estados nacionais que demonstram capacidade crescente de se oporem ao poderio bélico norte-americano em termos regionais ou que estão, efetivamente, determinados a reduzir a influência americana em áreas críticas ao seu redor.
- A agressão russa contra a Ucrânia e a conduta cada vez mais belicosa dos norte-coreanos e iranianos são excelentes exemplos. A modernização acelerada das forças armadas chinesas também contribuiu para a impressão de que o Exército Americano precisa adaptar-se rapidamente a uma maior possibilidade de um combate terrestre de grande vulto contra adversários consideravelmente mais capazes que a Al Qaeda, que os insurgentes iraquianos e o Talibã.
Ocorreu, também, uma mudança no ambiente operacional global [3]. O provável inimigo adaptou-se ao modo americano de combater, buscou formas de sobrepor a superioridade tecnológica, passou a agir em domínios inovadores, em brechas que os EUA não exercem a supremacia de poder e passaram a usar os efeitos da Assimetria Reversa (efetiva limitação do emprego da superioridade militar no conflito ou em certo momento do conflito). Além disso, surgiram ameaças, tais como a Rússia, a China, o Irã e a Coréia do Norte, que se concentraram nas vulnerabilidades americanas percebidas, modernizaram suas forças e expandiram suas capacidades e passaram a ser consideradas como Estados de poder de combate regionalmente equiparado ao dos EUA [4].
“Assim sendo, a conduta dos “Estados com poder de combate equiparado” parece se subordinar, claramente, a três premissas:
- Um embate direto contra as forças armadas dos EUA seria extremamente desvantajoso e arriscado e, portanto, deve ser evitado;
- Outros meios, que não as alternativas militares tradicionais, devem ser usados na consecução dos objetivos nacionais; isso significa emprego “agressivo” de meios não militares, apoiados por alternativas militares de efeito não cinético (não letais), sobretudo operações de informação e guerra cibernética e, ainda, atribuir maior ênfase às ações políticas, diplomáticas, geoeconômicas e informacionais.
- Dispor de poderio bélico convencional que, embora não seja suficiente para lhes assegurar uma vitória militar definitiva, permita o emprego de meios militares para alcançar objetivos estratégicos, e eventualmente utilizar capacidades de antiacesso e negação de área [5], sem, contudo, provocar uma forte reação militar (Estabilidade de Crise [6]), tornando desvantajosa, no campo militar, uma intervenção norte-americana, e criando um impasse estratégico, do qual possam tirar proveito explorando as incertezas e contradições do sistema internacional.” 4
Como resultado, a superioridade militar dos EUA deteriorou-se ou desapareceu nas principais capacidades de defesa e o equilíbrio de poder em locais estratégicos como o Oriente Médio, Europa Oriental e Pacífico Ocidental mudou de uma maneira que encoraja inimigos determinados e muitas vezes inescrupulosos.
As atividades dos Estados com Poder de Combate Equiparado colocam em risco os interesses vitais dos EUA, minam a dissuasão, convidam à agressão e aumentam a probabilidade de conflito militar em que os inimigos podem impor grandes custos colaterais e até uma derrota política ou militar.
Esse cenário ambíguo e difuso tem colocado em grande evidência os conceitos de “Guerra Híbrida” [7] , “Conflito na Zona Cinza” [8], Conflito de Espectro Ampliado [9].
Muito em voga na atualidade, o termo conceitual “Ameaça Híbrida”, esteve restrito aos meios militares até 2014. Após a intervenção da Rússia na Ucrânia, a expressão se popularizou e se modificou para “Guerra Híbrida”, sendo consagrado no planejamento, e sua aplicação na mídia. A guerra híbrida e suas operações de apoio são impulsionadas pela noção de obter vantagens assimétricas para permitir a consecução de objetivos políticos.
A eficiência devastadora da Guerra Híbrida pode ser constatada no seio da OTAN mais de cinco anos após a anexação da Criméia e Organização ainda não desenvolveu uma estratégia coerente para se contrapor às atividades de Guerra Híbrida da Rússia na Ucrânia.
Nessas circunstâncias, a Estratégia Indireta ganha destaque no planejamento estratégico de conflitos contra “Estados com poder de combate equiparado” aos EUA, e assim as tradicionais operações e ocupações militares dão lugar a desestabilização de governos através as Revoluções Coloridas seguidas de uma Guerra não Convencional, envolvendo ações de 4ª [10] e sua atual vertente, a 5ª [11] Geração da Guerra.
A Guerra de Nova Geração, que o mundo vive hoje, é caracterizada pela presença de Estados e grupos não estatais, pelo aumento considerável do poder de entidades pequenas, mas marcadas pela lealdade cega à sua causa, que extrapolam qualquer fronteira internacional e desafiam o poder das grandes nações. É calcada primordialmente na explosão tecnológica da era da informação, nos meios de comunicação em massa para o recrutamento de pessoal e disseminação de ideologias e na biotecnologia. Guerra que muitos chamam de Quinta Geração.
Sintetizando, a capacidade do poder militar dos Estados Unidos e de seus aliados de defender seus interesses está sendo confrontada com resultados positivos, embora a grande competição pelo poder voltado para o caráter vingativo. Dessa forma a ameaça do terrorismo islâmico não se dissipará tão cedo e deve ser considera com alta prioridade dento de uma Estratégia Direta.
FONTES DE CONSULTA:
- Center on Military and Political Power. Link:https://www.fdd.org/projects/center-on-military-and-political-power/
- Guerra Híbrida Brasil/DefesaNet. Link: - Gen Ex Pinto Silva - Guerra de nova Geração. BRASIL e a Paz Relativa na Guerra Política Permanente
- EUA Perderiam guerra contra China e Rússia, diz relatório. Link: - https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/11/eua-perderiam-guerra-contra-china-e-russia-diz-relatorio.shtml
- Por que os Estados Unidos estão perdendo superioridade militar frente à Rússia e à China - https://www.bbc.com/portuguese/internacional-46311782
- O Retorno do Manual de Campanha FM 3-0, Operações. Link: Nota de Rodapé Nr [4]