Rússia acusa o Ocidente de armar opositores sírios

A Rússia disse na sexta-feira que o Ocidente está alimentando o conflito na Síria ao enviar armas aos opositores do presidente Bashar al-Assad.

Na tentativa de afastar as críticas à Rússia por bloquear uma resolução no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pedindo a renúncia de Assad, o vice-chanceler Sergey Ryabkov afirmou que os Estados ocidentais estão fomentando os problemas na Síria, onde Assad promove desde março uma violenta repressão aos protestos contra seu governo de 11 anos.

"Estados ocidentais incitando a oposição síria a ações inflexíveis, assim como os que lhes enviam armas, dão-lhes conselho e direção, estão participando do processo de fomentar a crise", disse Ryabkov, segundo a agência de notícias Itar-Tass.

Ele não especificou quais países estavam armando os rebeldes sírios.

No domingo, Rússia e China vetaram uma proposta de resolução ocidental e árabe na ONU que pedia a renúncia de Assad. A medida foi criticada na Europa e nos EUA. Para a Rússia, no entanto, a reação foi histérica,

Militares dissidentes acusam regime sírio de ataques em Aleppo

O Exército Sírio Livre (ELS), integrado por militares dissidentes, acusou o regime da Síria de ter organizado os dois atentados com carro-bomba ocorridos nesta sexta-feira em Aleppo para "desviar a atenção" da repressão, principalmente em Homs. Inicialmente, agências internacionais divulgaram que o ELS havia reivindicado a autoria dos ataques.

"Este regime criminoso mata nossos filhos em Homs e realiza ataques em Aleppo para desviar a atenção do que fazem em Homs", declarou por telefone à AFP o coronel Maher Nuaimi, porta-voz do ESL.

Pelo menos 25 pessoas morreram e 175 ficaram feridas na explosão de dois carros-bomba nesta sexta-feira na cidade síria de Aleppo (norte), enquanto os tanques do Exército ingressavam em um bairro de Homs, foco dos protestos contra o regime no centro do país e bombardeado sem descanso há sete dias.

Um terrorista suicida explodiu seu veículo a 100 metros da entrada do edifício da segurança militar, informou o canal oficial, exibindo uma cratera deixada pela explosão nas imediações da sede das forças de segurança.

O segundo ataque foi teve com alvo, segundo a televisão, um edifício da segurança militar. Os militantes sírios informaram sobre três explosões, uma delas perto de um edifício da segurança em Aleppo, cidade que até agora não registrou uma forte revolta popular.

Damasco de Assad desafia oposição, Primavera e Ocidente*

Após derrubar os governos de Tunísia e Egito e de sobreviver a uma guerra na Líbia, a Primavera Árabe vive na Síria um de seus episódios mais complexos. Foi em meados do primeiro semestre de 2011 que sírios começaram a sair às ruas para pedir reformas políticas e mesmo a renúncia do presidente Bashar al-Assad, mas, aos poucos, os protestos começaram a ser desafiados por uma repressão crescente que coloca em xeque tanto o governo de Damasco como a própria situação da oposição da Síria.

A partir junho de 2011, a situação síria, mais sinuosa e fechada que as de Tunísia e Egito, começou a ficar exposta. Crise de refugiados na Turquia e ataques às embaixadas dos EUA e França em Damasco expandiram a repercussão e o tom das críticas do Ocidente. Em agosto a situação mudou de perspectiva e, após a Turquia tomar posição, os vizinhos romperam o silêncio. A Liga Árabe, principal representação das nações árabes, manifestou-se sobre a crise e posteriormente decidiu pela suspensão da Síria do grupo, aumentando ainda mais a pressão ocidental, ancorada pela ONU.

Mas Damasco resiste. Observadores árabes foram enviados ao país para investigar o massacre de opositores – já organizados e dispondo de um exército composto por desertores das forças de Assad -, sem surtir efeito. No início de fevereiro de 2012, quando completavam-se 30 anos do massacre de Hama, o as forças de Assad investiram contra Homs, reduto da oposição. Pouco depois, a ONU preparou um plano que negociava a saída pacífica de Assad, mas Rússia e China vetaram a resolução, frustrando qualquer chance de intervenção, que já era complicada. A ONU estima que pelo menos 5 mil pessoas já tenham morrido na Síria.

*AFP

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