OTAN se prepara para guerra híbrida

Por Marcus Weisberger – Texto do Defense One

Tradução, adaptação e edição – Nicholle Murmel

A OTAN está se preparando para realizar seu maior exercício militar em décadas – talvez desde a Guerra Fria – enquanto reúne contingentes para experimentar uma gama de cenários híbridos que podem se tornar realidade nos próximos anos.

Dezenas de milhares de tropas, centenas de aeronaves, navios e submarinos devem participar das manobras durante outubro e novembro deste ano na Espanha, em Portugal e na Itália. A última vez em que a Aliança reuniu tantas forças para manobras foi em 2002, mas o circuito programado para este ano é considerado muito mais complexo.

 “Precisamos de forças preparadas para cumprir sua missão e parece que essa missão exige cada vez mais”, disse em entrevista coletiva na última quarta-feira (02) em Washington o general da Força Aérea francesa, e chefe do comando da OTAN responsável por coordenar exercícios militares, Jean-Paul Paloméros. “Em termos de intensidade, estas manobras são as mais complexas que a OTAN já empreendeu talvez desde a Guerra Fria”.

O Trident Juncture 2015 irá similar diversos cenários que surgiram nos últimos 13 anos, incluíndo ataques cibernéticos e defesa contra mísseis balísticos. Para fins de comparação, é importante lembrar que a Aliança passou a maior parte da última década combatendo insurgências no Iraque e no Afeganistão.

No começo deste mês, o Exército americano conduziu exercícios semlehantes na California – foram as manobras mais complexas realizadas em mais de dez anos. Essas atividades fazem parte de um movimento maior das lideranças do Exército na direção de preparar suas unidades para guerra de larga escala – uma forma de combate negligenciada enquanto centenas de milhares de tropas se engajavam em operações de contrainsurgência no Afeganistão e no Iraque.

O objetivo do Trident Juncture é re-capacitar as tropas “em uma expertise que perdemos nas últimas duas décadas porconta da natureza das operações nas quais estávamos envolvidos”, explica Paloméros.

A Aliança agora planeja realizer manobras como a Trident Juncture a cada três anos. “É uma iniciativa ambiciosa e nos dá tempo para preparar, planejar e aproveitar plenamente os benefícios desse investimento tão grande”, diz Paloméros. A próxima edição provavelmente acontecerá no norte da Europa – Noruega, Mar Báltico e Mar do norte – e deve incluir um cenário baseado no Artigo 5 do Tratado, em que as forças precisam responder a um ataque a uma das nações da OTAN.

Mais de 36 mil militares de 27 países membros da OTAN e mais sete nações parceiras participarão do Trident Juncture, além de 140 aeronaves e 60 navios e submarinos.

O exercício começará em meados de outubro com manobras de combate aéreo n Itália, e em seguida simulações terrestres e anfíbias na Espanha e em Portugal no começo de novembro. A Organização decidiu conduzir as manobras ainda em 2012, na conferência em Chicago, antes de a Rússia invadir a Ucrânia e colocar a OTAN em alerta máximo.

As atividades devem colocar as forças da OTAN contra uma variedade de ameaças que incluem desde cenários semelhantes à campanha no Afeganistão até atauqes cibernéticos, passando por defesa contra mísseis balísticos e crises humanitárias. “Tentamos injetar essa abordagem híbrida”, descreve o general.

Entre as possibilidades a serem abordadas estão: enfrentar contingentes melhor equipados e de estrutura mais convencional, como a Rússia. Também simulações de defesa do espaço aéreo e negação de acesso. “São ameaças que exigem bastante e que temos que enfrentar ao redor de todo o globo,uma vez que várias nações estão investindo muito dinheiro para recuperar suas defesas”, explica. “Precisamos levair isso em conta nas equações da OTAN”.

A fronteira sul da Europa e o trânsito de imigrantes da África e do Oriente Médio vêm sendo uma das maiores preocupações das autoridades da Organização nos últimos anos. Recentemente, a Austria achou corpos de dezenas de supostos mimigrantes em um caminhão, de acordo com reportagem do New York Times. Militares europeus temem que combatentes extremistas possam se infiltrar no continente em meio a esse fluxo de refugiados. “Em nossas projeções para o futuro, o sul [da Europa] realmente causa preocupação”, diz Paloméros.

O general francês, que deixará o service nas próximas semanas após mais de 40 anos de carreira, elogiou treinamentos prévios conduzidos pela OTAN por permitirem que os países membros se integrassem rapidamente para ações corrdenadas durante a campanha aérea contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

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