Os arquivos das FARC. No Brasil, chanceler de Chávez evita comentar

Eliane Oliveira

BRASÍLIA. Em visita ao Brasil, o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, evitou comentar a notícia divulgada ontem, em Londres, de que em 2007 o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, prometera US$300 milhões às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Maduro preferiu abordar o tema na reunião fechada com seu colega, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota que, por sua vez, minimizou o fato.

– O que é importante sublinhar aqui, e que o chanceler Maduro sublinhou, é o novo ambiente de entendimento entre Colômbia e Venezuela, pois houve extradição de lado a lado, independentemente da pressão interna para que não ocorresse. Esse clima é muito importante para que trabalhemos para a integração regional – afirmou Patriota, acrescentando não ter lido o texto a respeito do assunto.

Segundo um alto funcionário que acompanhou parte das conversas, Maduro teria dito a Patriota que o clima entre seu país e a Colômbia é de paz e reaproximação. Ele revelou, porém, que tanto Chávez sofre pressões da extrema esquerda quanto Juan Manuel Santos, presidente colombiano, enfrenta forte resistência da ultradireita.

– Tanto é assim que Venezuela e Brasil decidiram se empenhar para atrair a Colômbia para o Mercosul – disse essa fonte.

Venezuelano adia visita a Brasília para o mês que vem
Maduro não falou sobre o tema aos jornalistas que aguardavam o fim do encontro. Respondeu a apenas três perguntas, duas delas da imprensa venezuelana e uma de um jornalista brasileiro. Demonstrando pressa, foi retirado por sua equipe do recinto onde dava entrevista, antes de responder à quarta indagação da imprensa brasileira, como havia sido acertado previamente. Ele saiu sem ouvir a questão sobre a ligação de Chávez com as Farc.

O chanceler brasileiro relatou que partiu de seu colega venezuelano o primeiro comentário a respeito da divulgação do documento "Dossiê das Farc: os arquivos secretos de Venezuela, Equador e Raúl Reyes".

Impossibilitado de vir ao Brasil devido a uma lesão no joelho esquerdo – segundo alegou o governo de Caracas – o presidente da Venezuela telefonou para Nicolás Maduro no momento em que este se reunia com o ministro brasileiro. Chávez lamentou a ausência em rápida conversa com Patriota, mas assegurou que visitará Brasília até o fim de junho. O líder venezuelano pretende se reunir com a presidente Dilma Rousseff antes do encontro de cúpula de chefes de Estado na América Latina e no Caribe.

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