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Obama vê risco de nova crise financeira

ÁLVARO FAGUNDES

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse ontem que, se o Congresso não chegar a acordo para elevar o teto da dívida americana, a economia global corre o risco de uma nova crise financeira.

"A confiança total e o crédito dos EUA são a base não só do nosso modo de vida, mas do sistema financeiro global", disse, cobrando acordo dos republicanos.

Alerta semelhante foi feito pelo presidente do banco central dos EUA (Fed), Ben Bernanke. Segundo ele, uma suspensão, mesmo que de curto prazo no pagamento da dívida americana, pode causar "sérios distúrbios nos mercados financeiros".

Para Bernanke, um calote pode ainda reduzir a nota da dívida americana (concedida pelas agências de avaliação de risco), gerar dúvidas sobre a solvência dos EUA e criar danos para o papel do dólar e dos títulos do Tesouro nos mercados globais.

Os títulos do governo americano são considerados os mais seguros do mundo e referência para o mercado.

A preocupação de Obama e de Bernanke é com o fato de que o Congresso ainda não fechou acordo para elevar o limite da dívida americana.

O teto, de US$ 14,3 trilhões, foi atingido no mês passado, mas o Tesouro vem tomando medidas emergenciais para estender o prazo até 2 de agosto, sem ter que recorrer à venda de títulos para manter as contas em dia.

Por trás do impasse, está a disputa política entre democratas e republicanos, acentuada ainda mais à medida que se aproxima a eleição presidencial de 2012.

Os republicanos, que têm maioria na Câmara dos Representantes (deputados), não aceitam elevar o teto da dívida sem que o governo se comprometa a cortar gastos, o que pode significar mexer nos programas sociais.

OPOSIÇÃO
A redução dos gastos do governo é uma das principais plataformas da oposição e foi considerada vital para seu sucesso na eleição para o Congresso no ano passado.

Desde ontem, as lideranças dos dois partidos estão reunidas em um grupo liderado pelo vice-presidente Joe Biden para tentar chegar a um acordo sobre as áreas do Orçamento que podem sofrer alterações, como subsídios agrícolas.

A dívida dos EUA cresce desde que o país entrou em recessão, no fim de 2007.

Essa aceleração se deve tanto aos programas lançados pelo governo para tentar estimular a economia como à queda na arrecadação. A taxa de desemprego está em 9,1% ""quase o dobro de antes da recessão"", o que fez que com a população cortasse gastos.
Os EUA tiveram um deficit de US$ 1,3 trilhão no ano fiscal anterior (período encerrado em setembro de 2010), e a previsão da Casa Branca é que chegue a US$ 1,6 trilhão no atual, o equivalente a 10,9% do PIB da maior economia mundial.

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