O que fazer para não vender um “RQ-170 Sentinel” a preço de banana?

O Irã impôs as suas exigências para permitir a especialistas russos e chineses examinar o avião não tripulado dos EUA, interceptado em princípios de dezembro. Estas exigências são as seguintes: reiniciar a venda a Teerã de mísseis antiaéreos C-300, entregar a tecnologia de produção de mísseis a propelente sólido e da última geração de centrífugas.  

Esta informação apareceu no portal de analistas militares de Israel DEBKA. Este mesmo portal informa que a aeronave secreta RQ-170 Sentinel tinha penetrado no Irã procedente do Afeganistão. Sabe-se que o ponto fraco de aeronaves americanas não pilotadas é a navegação na base de GPS. O pouso da aeronave foi demasiadamente brusco, o seu châssis quebrou.

Informa-se que depois da recusa de Teerã de devolver aos EUA esta aeronave ultramoderna, a Rússia e a China manifestaram o desejo de examiná-la. A mesma fonte israelita informa que depois de pensar durante um certo tempo, o Irã formulou exigências bastante severas.

Os peritos a que Voz da Rússia solicitou comentar este fato, advertiram que as informações divulgadas por este portal israelita podem ser uma parte integrante da guerra de informação. O diretor do Centro de Pesquisas Sóciopolíticas, Vladimir Evseev, chamou atenção para o fato de as exigências que o Irã teria supostamente apresentado serem ridículas já na sua essência. Sem o equipamento russo de combate radioeletrônico, o Irã jamais teria interceptar o controle sobre a aeronave não tripulada da CIA americana, nem teria obtido este troféu.

Esta aeronave não pilotada estava no espaço aéreo do Irã e penetrou no território numa profundidade mínima de 250 quilômetros, o que representa uma violação extremamente grosseira das leis internacionais. O Irã tinha pleno direito de abater esta aeronave ou fazê-la pousar. Na minha opinião, o Irã conseguiu isso graças aos meios técnicos que lhe tinham sido fornecidos pela Rússia. Por isso, a afirmação de que a Rússia devia dar certos passos, por exemplo, fornecer ao Irã mísseis C-300 ou entregar as tecnologias de produção de mísseis a propelente sólido ou de centrífugas novas, é incorreta em sua essência.

Nenhum dos pontos destas exigências pode ser cumprido sem importantes restrições, faz lembrar Vladimir Evseev.

Quanto ao fornecimento de mísseis C-300, disso nem se fala pois está em vigor o respectivo decreto de Dmitri Medvedev que proíbe o  fornecimento desta arma ao Irã. A propósito, este decreto não proíbe o fornecimento de mísseis C-400 mas proíbe o fornecimento de mísseis C-300. Quanto à tecnologia de produção de mísseis a propelente sólido, a Rússia faz parte da estrutura internacional de controle de tecnologias de produção de mísseis e não pode fornecê-los a outros países. Convém assinalar que no processo de criação do míssil iraniano Sejil-2 já se supunha que este país possuía a tecnologia de mísseis de propelente sólido. Por que o Irã iria exigir algo que já possui de fato?

A proibição abrange também as centrífugas de urânio – a sua entrega é proibida pelas resoluções do Conselho de Segurança sobre o Irã. Este órgão adotou seis resoluções a respeito do Irã, quatro delas encerravam certas sanções contra este país. Portanto, todas as exigências formuladas neste portal israelita são irrealizáveis para a Rússia em seu próprio princípio, resume o perito. Por outro lado, é possível que o Irã pudesse pedir algo, – mas não exigir, – à Rússia, caso Moscovo queira realmente dar uma olhada     nesta aeronave não pilotada. Em particular, ela poderá entregar ao Irã outros meios de luta radioeletrônica que já comprovaram a sua eficiência.

Quanto à China, a entrega das suas tecnologias de produção de mísseis ao Irã é um fato confirmado de há muito. Teoricamente, o Irã poderia com ajuda destas tecnologias obter as cópias chinesas do míssil C -300, tanto mais que a resolução número 1929 não proíbe a entrega destes mísseis puramente defensivos ao Irã. Mas na opinião de Vladimir Evseev, é pouco provável que Pequim dê este passo, pois isso iria agravar as suas relações com Washington.

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