O Brasil aproveitará as tendências do comércio internacional?

No cenário da Desglobalização, os conceitos “Nearshoring”, “Friendshoring e “Powershoring” emergem

Guilherme Gomes e Monica Rodriguez
Consultores de Comércio Internacional
Estado de São Paulo
03 Novembro 2023

De tempos em tempos, o Brasil aparece como destaque no cenário internacional; as recentes tendências do comércio global podem colocar o País, novamente, nessa posição.

Há pouco tempo, o fenômeno da globalização parecia irreversível, mas a pandemia de Covid-19 e a guerra na Ucrânia criaram novo cenário: a desglobalização. Nesse contexto, novos conceitos emergem no comércio internacional para explicar esse movimento:

  • Nearshoring – empresas e fábricas em países próximos de seus mercados consumidores;
  • Friendshoring – realocação de cadeias produtivas para países aliados; e,
  • Powershoring – transferência de processos produtivos para países com energia barata e limpa.

O Nearshoring foi notado após a pandemia e a interrupção das cadeias globais de valor. O desabastecimento de diversos produtos demonstrou a importância estratégica da produção de bens perto de seus mercados consumidores, ao invés de concentrar o processo produtivo em países distantes e com mão de obra barata.

O Friendshoring aparece no fomento à indústria de semicondutores dentro do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Taiwan produz 60% da fabricação mundial, mas é cada vez mais arriscado depender de sua produção, ameaçada pela China. Assim, os países do USMCA buscam garantir a segurança do fornecimento do produto.

Já o Powershoring está relacionado ao movimento internacional de combate às mudanças climáticas. As políticas da União Europeia – como o Carbon Border Adjustment Mechanism e a Deforestation Regulation – criam incentivos para que as cadeias globais de valor se tornem mais sustentáveis, baseadas em matrizes energéticas renováveis.

O Brasil poderá ter destaque renovado por sua localização geográfica próxima a grandes centros consumidores mundiais. Ademais, o governo Lula da Silva pretende reconstruir as relações diplomáticas do Brasil com seus maiores parceiros comerciais, como China, União Europeia e Estados Unidos.

Por fim, como fornecedor de energia limpa e sustentável, o País quer atrair investimentos e aumentar sua inserção global.

Poderá ainda utilizar os ventos favoráveis das atuais tendências do comércio global para promover sua reindustrialização e suas exportações, ao mesmo tempo que estabelece uma política ambiental moderna e compatível com os ideais sustentáveis do Século 21.

O cenário internacional está pronto; falta agora o Brasil saber aproveitar, uma vez mais, a sua chance.


Nota DefesaNet
As três palavras citadas pelos articulistas como mantras do Comércio Mundial pós C-19, Guerra da Ucrânia e o atual conflitos no Oriente Médio. Assim os novos mantras “Nearshoring”, “Friendshoring e “Powershoring”.
Interessante analisar o que o Brasil está fazendo para se posicionar neste novo cenário:

Nearshoring – Qual a política de expansão portuária e aeroportuária do Brasil? Manter o sistema lívre das gangues do Narcotráfico (Ver a matéria Veja como o tráfico internacional de drogas tomou os portos brasileiros )

Friendshoring – Os posicionamentos do Governo Brasileiro em especial da Presidência e do Ministério de Relações Exteriores causa alarma em boa parte da comunidade internacional.

Powershoring– Aa confusa política energética brasileira mais conduzida por alucinados ecológicos do que um plano consciente.

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