Rússia regressa ao mar Mediterrâneo

Andrei Smirnov

Rússia vai garantir sua presença permanente no mar Mediterrâneo. A força-tarefa naval russa irá ser implantada na região até 2015. Segundo informa o Estado-Maior, o esquadrão será formado por navios das frotas do mar Negro, mar do Norte e mar Báltico.

O novo grupo está sendo criado à imagem do Quinto esquadrão operacional da Marinha da URSS. Durante a Guerra Fria, era esse grupo que se ocupava de missões de combate na área do mar Mediterrâneo. Naquela época, o principal inimigo do esquadrão era a Sexta frota operacional da Marinha dos EUA. No entanto, um ano depois do colapso da União Soviética, em 31 de dezembro de 1992, o Quinto esquadrão foi dissolvido.

Mas o tempo tem mostrado: o passo foi prematuro. A região do Mediterrâneo continua, como antes, o centro de conflito de interesses dos principais poderes mundiais. Isso tem se manifestado especialmente verdadeiro nos últimos anos – os eventos da Primavera Árabe, a derrubada de Kadhafi na Líbia, a prolongada guerra civil na Síria. O chefe do Ministério da Defesa russo, durante sua visita à Frota do mar Negro em 20 de fevereiro, notou: na área do Mediterrâneo estão concentradas as ameaças mais significativas para os interesses nacionais da Rússia. Respectivamente, a Marinha da Rússia irá executar tarefas em todas as áreas dos oceanos mundiais.

A tarefa, obviamente, é séria. Há que criar um sistema de sustentação material e técnica do esquadrão. E hoje em dia, a única base – que é também a única instalação naval militar russa no exterior longínquo – é o porto sírio de Tartus. Além disso, é necessário, em dois ou três anos, atualizar os navios da Frota do mar Negro, nota o assessor do chefe do Estado-Maior russo, ex-comandante da Frota do mar Negro, almirante Igor Kasatonov:

"Naturalmente, são necessários grandes gastos, novos navios. O fato de que é geopoliticamente necessário ter um grupo assim é bom, isso é desejável. Mas o governo precisa se esforçar para criar um grupo assim, tendo como modelo o Quinto Esquadrão".

Deve notar-se que o governo russo vem prestando atenção ao problema da atualização da Frota do mar Negro já durante vários anos. Agora estão sendo construídos três submarinos diesel-elétricos, três fragatas. Tão pouco devem surgir dificuldades organizacionais: o teatro de ação foi minuciosamente estudados ainda nos tempos soviéticos. Quanto aos objetivos da criação de um tal grupo, eles são muito claros, diz o editor-chefe da revista Export Vooruzheny (Exportação de Armas) Andrei Frolov:

"Eu acho que, primeiro de tudo, é uma demonstração da bandeira, assim como algumas ambições russas, internacionalmente. A demonstração de que, passados 20 anos, a Rússia chegou ao que tinha a União Soviética. E, finalmente, a capacidade de responder mais rapidamente a certas cituações. Muitas vezes acontece que para navios pode levar 4-5 dias para saírem de Sevastopol e chegarem no lugar certo. E a situação pode se desenvolver muito mais rápidamente".

Segundo especialistas, dois ou três anos e um prazo bastante real para resolver o problema da renovação da frota. Enquanto isso, especialistas acreditam que os navios atuais serão capazes de cumprir a tarefa. O Estado-Maior informou que a interação dentro do futuro agrupamento mediterrânico já foi praticada durante exercícios recentes: manobras do esquadrão russo foram realizadas na região em janeiro.

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